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Publicado em: 22/01/2021
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Disposição para exercícios físicos aparece nos primeiros anos de vida

Juliana Passos

Laboratório de Fisiologia Endócrina da Uerj: estudos de fatores que
aumentam o risco em desenvolver obesidade 
(Foto: Divulgação)

Se você tem sempre ânimo para fazer exercícios físicos ou, ao contrário, o levantamento de copo é o seu maior esporte, isso pode dizer muito sobre seus primeiros anos de vida e sua predisposição para o sedentarismo. Mais especificamente, sobre as taxas de produção de um hormônio chamado leptina, produzido no tecido adiposo de nosso corpo. Essas são as conclusões de um estudo realizado em animais, coordenado pelo professor Egberto Gaspar de Moura, do Instituto de Biologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Ibrag/Uerj). Nos laboratórios do Instituto, ele e sua equipe têm se dedicado a estudar fatores que aumentam o risco em desenvolver obesidade.

A leptina é um hormônio produzido tanto por ratos quanto seres humanos. Ela funciona como um regulador da massa de gordura do corpo e também está ligada à inibição do apetite. "Esse hormônio tem sido entendido como responsável pela manutenção do peso e esse é o motivo de ser tão difícil tanto engordar quanto emagrecer", explica o endocrinologista. A busca por respostas da relação entre leptina e sedentarismo é tema do projeto de Moura submetido ao programa Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, e contemplado em 2018. Em resumo, a proposta era saber se havia relação entre o sedentarismo e os níveis de leptina.

As pesquisas foram conduzidas com ninhadas de ratos, uma vez que irmãos apresentam genética bastante parecida. Ao longo do estudo, a disposição espontânea para a prática de exercícios foi observada, bem como foram monitorados os níveis de leptina produzidos. O pesquisador relata que os ratos mais ativos espontaneamente tinham menos leptina no sangue, enquanto os mais sedentários tinham mais, embora não apresentassem diferença de massa de gordura. "Em um estudo paralelo, também observamos que atletas de alto rendimento tendem a ter níveis mais baixos de produção de leptina", conta Moura. Para ele e a equipe que o acompanhou nos trabalhos em laboratório, a pergunta que se coloca é: uma vez inibida a produção de leptina ou sua ação, ocorreria um estímulo à atividade?

O endocrinologista ressalta que as pesquisas realizadas atualmente se apoiam em diversos estudos, muitos deles conduzidos pelo próprio Laboratório de Fisiologia Endócrina, coordenado por Moura, em que foram observados que até os dois anos de vida os seres humanos estão bastante suscetíveis ao ambiente, e que é nesta fase que podemos adquirir uma predisposição para obesidade. Um dos fatores, de acordo com esses estudos, é o tabagismo materno durante a amamentação, como anteriormente noticiado no Boletim FAPERJ. Outro fator, corroborrado com essas pesquisas pregressas, é a desnutrição nos primeiros anos de vida. Sendo a amamentação o único alimento fornecido aos animais recém-nascidos, também foi observada uma relação entre o desmame precoce com obesidade na idade adulta e maior produção de leptina. Para exemplificar, Moura conta que nasceu prematuro aos sete meses de gravidez, e precisou continuar na maternidade para ganhar peso. "Eu tenho muita facilidade para ganhar peso, isso não significa que todos os bebês prematuros serão obesos na fase adulta, mas há uma maior predisposição", explica.

Egberto Gaspar de Moura: para o endocrinologista, o exercício
físico é necessário, mas sua prática 
regular não é apenas
uma questão de força de vontade
 (
Foto: Arquivo pessoal)

De acordo com o pesquisador, a justificativa para a tendência evolutiva à obesidade é que em situações de carência nutricional, especialmente na gestação e lactação, os organismos se tornam mais eficientes em acumular tecidos adiposo e gastar menos energia, garantindo a sobrevivência. “Isso significa uma maior produção de leptina, pelos mais gordos. E diferentemente dos ratos mais magros e ativos, com menores taxas desse hormônio, a primeira gordura a ser queimada é a do tecido adiposo marrom”, diz. "Esse tecido é especializado em produzir calor e é, possivelmente, um dos motivos das pessoas com maior peso sentirem mais desconfortáveis com temperaturas mais altas". Nem tudo é desvantagem: em taxas altas de execução de exercícios, o corpo produz a corticosterona, o que eleva o estresse. Os menos ativos, seriam menos estressados.

Ainda assim, fazer atividades físicas regularmente, aponta o pesquisador, é importante para diminuir doenças relacionadas ao coração e à diabetes. "O exercício físico é necessário e o que estamos dizendo é que não é fácil; não é uma simples questão de força de vontade. É preciso superar esses predeterminantes que acompanham desde os primeiros anos de vida", comenta Moura. O pesquisador explica que à medida que envelhecemos ficamos biologicamente mais rígidos, e o ideal é estimular a prática de exercícios entre a infância e a adolescência. "A prática é uma forma de diminuir a produção de leptina e estimular a atividade física, enquanto não temos uma terapia que mantenha a leptina em níveis normais durante toda a vida", finaliza.

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