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Publicado em: 17/12/2020 | Atualizado em: 29/12/2020
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PUC-Rio lança app para análise gratuita de água na região Serrana do RJ

Paula Guatimosim

O ICP-MS é usado na determinação de elementos-traço, em
especial o urânio (Fotos: LabAguas - CTC/PUC-Rio)

Em meados dos anos 2010, a população da Região Serrana do Rio de Janeiro foi surpreendida pela informação de que alguns poços artesianos de residências, pousadas e restaurantes, e até municípios inteiros teriam água com índices de urânio acima do aceito pela legislação brasileira. Resultado de uma pesquisa conduzida no Laboratório de Águas (LabAguas) do Departamento de Química do Centro Técnico-Científico da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (CTC/PUC-Rio) pelo professor José Marcus de Oliveira Godoy, a notícia gerou grande apreensão entre os moradores da região. A boa notícia é que o LabAguas está oferecendo à população a possibilidade de analisar sua água gratuitamente.

Desenvolvido em parceria com o Departamento de Informática do CTC/PUC-Rio, o aplicativo para Android "Poços da Serra" e o site www.pocosdaserra.com ensinam o morador a solicitar ou fazer pessoalmente a coleta e o envio da amostra, e receber a análise da água gratuitamente. O professor Godoy, que recebe apoio da FAPERJ para desenvolver suas pesquisas por meio do programa Cientista do Nosso Estado (CNE), diz que o problema apareceu após a entrada em vigor de uma nova legislação, em 2012, que passou a exigir que as análises de água verificassem a presença de urânio, um metal pesado presente nas rochas, que ao contato com a água se dissolve e, quando ingerido, pode causar problemas no fígado, devido à sua toxidade.   

O pesquisador explica que assim que os laboratórios iniciaram as análises após a nova legislação, começou a aparecer a presença do urânio na água de poços em municípios da Região Serrana, entre eles, São José do Vale do Rio Preto, Petrópolis, Teresópolis e Magé. Enquanto a legislação, baseada em parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS) permite o limite máximo de 30 microgramas de urânio por litro de água, análises chegaram a detectar até 930 microgramas/litro. 

Godoy chama atenção para o fato de que 
apenas poços com mais de 80m apresentam
o problema de contaminação por urânio

De acordo com o professor da PUC-Rio, o fenômeno tem origem geológica. Ele esclarece que o Rio Paraibuna, que nasce em Minas Gerais e segue pelo Estado do Rio até desaguar no rio Paraíba do Sul, na altura de Três Rios, é um divisor de águas. “Ao longo da BR-040 ou da Estrada União Indústria, verificamos que apenas os poços localizados na margem direita do Rio Paraibuna têm índice de urânio acima do permitido. Ao contrário dos poços da margem esquerda, que não apresentam este problema”, informa o pesquisador. Segundo ele, outro aspecto muito importante é a profundidade do poço. O urânio somente foi detectado em poços com mais de 80 metros de profundidade; em poços mais rasos, nascentes superficiais, minas d’ água e cacimbas, não.

Muitos proprietários de terras procuram analisar a água de seus terrenos em busca de comercializar água mineral se ali for encontrada. Das 57 empresas que exploram água mineral no Estado do Rio, nove estão localizadas na Região Serrana, segundo dados da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) de 2018. Além de ter encontrado urânio acima dos limites permitidos por lei em residências e no comércio, Godoy relembra o caso do município de São José do Vale do Rio Preto, onde diferentes poços utilizados para fins de abastecimento público continham concentração de urânio acima do limite da potabilidade, o que levou a prefeitura a buscar outra fonte de água para abastecer a população. 

Preocupado com o fato de que muitos moradores daquela área ainda podem estar consumindo água contaminada, o pesquisador decidiu conscientizar a população da necessidade da análise. No caso da presença de urânio e nenhuma outra opção de fornecimento, é possível tratar a água para resolver o problema, explica o químico. O estímulo veio por meio do lançamento do app Poços da Serra e da análise grátis. “Na verdade, a análise não é gratuita. Ela já foi paga pela população por meio de impostos, que acabam retornando via aporte de recursos da FAPERJ à pesquisa, que também é apoiada pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) ”, esclarece Godoy. Artigo sobre a avaliação da radioatividade em águas subterrâneas da região Serrana do Rio de Janeiro já foi publicado no Journal of the Brazilian Chemical Society (JBCS), que pode ser acessado em: http://static.sites.sbq.org.br/jbcs.sbq.org.br/pdf/2018-0203AR.pdf.

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