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Publicado em: 02/12/2004
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Novas promessas das células-tronco em congresso no Rio

Uma amostra do potencial terapêutico das células-tronco foi apresentada na quarta-feira, dia 1 de dezembro, primeiro dia do Congresso de Células-Tronco e Terapia Celular, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Neste evento internacional, que teve apoio da FAPERJ e do Instituto Virtual de Doenças Neurodegenerativas (IVDN/FAPERJ), foram relatados diversos resultados obtidos por experiências brasileiras de sucesso, o que reforça a posição de vanguarda do país nessa área de estudos.

Para Hans Fernando Rocha Dohmann, autor do projeto Terapia Celular em Cardiologia, que desenvolve experiências com células-tronco junto ao Pró-Cardíaco, o país deve ser gerador de conhecimento e não apenas consumidor. “Reconhecemos o esforço do estado do Rio de Janeiro em apoiar esse tipo de pesquisa”, disse Hans que, em novembro foi contemplado pelo Programa Rio Inovação.

Uma das maiores novidades do congresso foi divulgada por um pesquisador fluminense. Gabriel de Freitas (foto), do Laboratório de Neurologia da UFRJ, contou o caso da dona-de-casa Maria das Graças Nepomuceno, 54 anos, que sofreu derrame cerebral, em agosto deste ano. A paciente chegou ao hospital com o lado direito do corpo paralisado, sem falar ou compreender o que ouvia. Três dias depois, foi realizado um procedimento para punção da medula óssea. As células foram purificadas e isolou-se o componente com maior probabilidade de possuir células-tronco. Através de um cateter na artéria femural da paciente, foram injetadas as células que chegaram até a artéria central média onde havia ocorrido o AVC. Sete dias depois, a paciente já andava e mexia os braços.

"Ainda é cedo para afirmarmos que o benefício foi em conseqüência da injeção de células-tronco, pois na medicina se observa também melhoria semelhante no prognóstico de casos parecidos. O importante nessa pesquisa foi verificar a segurança no procedimento: ele não provoca irritação do cérebro e nem sangramento", anima-se Gabriel.

O pesquisador Julio Voltarelli (foto), professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo também apresentou uma experiência de sucesso. Ele falou sobre a possibilidade de tratamento e cura da esclerose lateral amiotrófica (ELA) – doença incurável que se caracteriza pela degeneração progressiva dos neurônios motores no cérebro e na medula espinhal.

A equipe de Voltarelli já entregou um pedido ao comitê de ética da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP para a liberação da pesquisa e pretende testar no início do ano que vem a terapia em 40 pacientes paulistas. De dois a três indivíduos em cada 100 mil são acometidos pela ELA a cada ano no Brasil. A sobrevida média é de apenas três anos e o índice de morte é de 100%.  Entre os sintomas, a doença causa a perda do controle muscular, decorrente da destruição das células nervosas no cérebro e na medula espinhal.

A cura da asma também pode vir das células-tronco. A opinião é de Voltarelli. "Existem evidências teóricas que nos dizem que a terapia com células-tronco pode funcionar no caso da asma", anima-se. O grupo paulista também pesquisa o uso desse tipo de célula em pacientes com diabetes tipo 1. De acordo com Voltarelli, esse é o primeiro estudo com células-tronco em pacientes com diabetes tipo 1 no mundo.

Sua equipe testou com sucesso um grupo de pacientes, com menos de 35 anos e que haviam identificado a doença há menos de seis semanas. O teste começou em janeiro deste ano e, dos 12 pacientes autorizados para participarem do estudo, quatro já utilizaram a terapia. Desses, três apresentaram uma melhora significativa e deixaram de usar insulina.

A técnica consiste na imunossupressão do paciente, ou seja, o sistema imunológico é destruído, e posteriormente há o transplante de células-tronco da medula óssea do próprio paciente. As células-tronco, então, contribuem para a reconstrução do sistema imunológico livre, agora, da doença. Além da ELA e da diabetes tipo 1, os laboratórios de Ribeirão Preto conduzem um experimento com um pequeno grupo de pacientes para testar a utilização dessa terapia em esclerose múltipla. Desta vez, 30 pacientes em estado grave receberam o tratamento, dos quais apresentaram melhora e estabilização da doença.

Outro estudo promissor é o de Anna Carla Goldberg (foto), do Instituto de Química da USP. Durante o encontro, ela apresentou resultados de um projeto que também envolve a diabetes tipo 1. Diferentemente de Voltarelli, o grupo do Instituto de Química estuda o transplante de ilhotas de Langerhans em pacientes com a doença. O pâncreas adulto possui mais de um milhão de ilhotas, que formam uma pequena parte do pâncreas. Nas ilhotas, localizam-se células beta - exclusivamente encontradas nesse local - que têm a função de produzir hormônios. Na verdade, são a única fonte de insulina.

Existem duas formas de transplante de pâncreas: de órgão total, como ocorreu em 120 pacientes este ano no Brasil; e um plano B, ainda experimental, cujo objetivo é separar as ilhotas de doadores de pâncreas e implantá-las em pacientes com diabetes tipo 1.  Anna Carla utilizou a técnica em uma única paciente de 40 anos, que recebia de 36 a 40 unidades de insulina por dia e, depois do procedimento, passou a usar apenas de quatro a cinco unidades. Segundo Anna, a técnica não foi aplicada em outros pacientes por problemas de financiamento e dificuldades de importação de produtos.

O primeiro dia do congresso teve ainda uma sessão com Nicole Lê Douarin, do Institut de France e do Instituto de Embriologia do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), da França. Ela falou sobre o uso de células-tronco animais na regeneração celular e no reparo de tecidos. Outra francesa, Anne Fagot-Largeaut, do College de France, levantou questões científicas, antropológicas e filosóficas sobre o uso de embriões humanos em pesquisas.

Mais de 350 inscritos participam do Congresso de Células-Tronco e Terapia Celular, que termina na sexta-feira, dia 3 de dezembro. A organização é dos professores Vivaldo Moura Neto, do Departamento de Anatomia da UFRJ; Rosalia M. Otero, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da UFRJ; Nicole Le Douarin, do Institut de France; e Maria Mitzi Brentani, da Faculdade de Medicina da USP.

Além do apoio da FAPERJ e do IVDN, o evento teve a colaboração de instituições como CNPq, Capes, Academia Brasileira de Ciências, Fundação Charles Darwin, Ministère Des Affaires Étrangères, Institut de France, entre outros.

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