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Publicado em: 17/09/2020
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Pesquisador da Uenf é reeleito para coordenar ações do Future Earth Coasts na América do Sul

Paula Guatimosim

O programa internacional Future Earth Coasts reúne esforços globais que
visam garantir um futuro costeiro sustentável
(Fotos: Carlos E. Rezende)

Reconduzido em agosto por mais cinco anos à frente da diretoria da América do Sul do Future Earth Coasts, o professor do Laboratório de Ciências Ambientais do Centro de Biociências e Biotecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense (CBB/Uenf), Carlos Eduardo de Rezende, é quem coordena a Parceira de Engajamento Regional (REP) da América do Sul no âmbito deste projeto internacional. Há mais de 20 anos o Future Earth Coasts reúne esforços globais para fortalecer a interface ciência-política e contribuir para garantir um futuro costeiro sustentável. As atividades de pesquisa e articulação com países da América do Sul foram iniciadas em 2012, e contaram com a participação dos professores Marcos Antonio Pedlowski (Uenf) e Luiz Drude de Lacerda (Universidade Federal do Ceará).

Esta iniciativa internacional, inicialmente chamada Land Ocean Interaction Coastal Zone (LOICZ), ligada ao International Geosphere–Biosphere Program (IGBP), era mais voltada para o estudo do transporte de material (poluentes, sedimentos etc.) entre o continente e o oceano. Segundo Rezende, o Future Earth Coasts está muito bem representado por pesquisadores de todos os continentes e países, mas, diante da escassez de aporte de recursos, as pesquisas, acabam ficando comprometidas, principalmente na América do Sul. No entanto, algumas ações têm sido realizadas com apoio financeiro dos países asiáticos, em especial a China; e das agências europeias de fomento. Para o pesquisador, o que vem sendo realizado de forma mais significativa no Future Earth Coasts são projetos conjuntos, os chamados codesign, ou seja, uma mesma pesquisa realizada em dois lugares diferentes, a fim de comparar políticas públicas em diversos países.

A equipe de pesquisadores envolvida neste trabalho, composta por profissionais de diferentes continentes, está produzindo conteúdo para uma edição especial da revista Ocean & Coastal Management, especializada em gestão oceânica e costeira, sobre Governança de Riscos Costeiros nos países que compõem os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Estamos realizando estudos para entender as diferenças entre os processos de ocupação, de forma que possamos gerar estratégias para realização de políticas públicas no âmbito dos Brics e estabelecer caminhos para o desenvolvimento de programas sustentáveis. Pode parecer um pouco utópico, mas, em algum momento a sociedade terá que optar por um caminho sustentável”, afirma o biólogo.

Os estudos incluem dinâmica costeira, a biogeoquímica
na interface continente-oceano, o metabolismo aquático,
e a produção e respiração do ecossistema

Rezende realiza seus estudos com apoio do programa Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, e também é bolsista de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), onde, desde meados deste ano, é membro titular do Comitê de Assessoramento de Engenharia e Ciências Ambientais. Igualmente com apoio da FAPERJ, via Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex), ele e sua equipe têm conduzido pesquisas no rio Paraíba do Sul.

“Os 17 estados costeiros do Brasil são muito diferentes entre si. Alguns já possuem zoneamento ecológico econômico costeiro, outros não”, explica o professor da Uenf, defendendo uma política específica para o setor. Assim como existe Plano Diretor para os municípios, ele defende o ordenamento e planejamento das atividades na região costeira. Os estudos buscam entender os principais impactos nas regiões costeiras relacionados à ocupação humana e tentar encontrar caminhos que envolvam estratégias sustentáveis.

As pesquisas realizadas pelo seu grupo abrangem toda a dinâmica costeira, a biogeoquímica na interface continente-oceano, o metabolismo aquático, a produção e respiração do ecossistema, visando a produção pesqueira e o equilíbrio dinâmico entre o continente e a costa. A fim de dar um exemplo mais próximo, o pesquisador cita o rio Paraíba do Sul, que possui diversos quarteirões erodidos devido à redução da vazão do rio e, consequentemente, no transporte de sedimentos. Esta alteração, ocorrida ao longo dos últimos 60 anos, afetou o aporte de sedimentos provenientes do continente para a região costeira e, como consequência, gerou um desequilíbrio na linha de costa. Portanto, atualmente a região merece uma atenção por parte das autoridades nas esferas municipal, estadual e federal, pois o estuário abriga uma grande colônia de pescadores e suas embarcações, com importância econômica para região e para estado.

Durante a pandemia o professor Carlão, como é conhecido, 
vem promovendo
lives com alunos e ex-alunos. Os encontros virtuais duram 60 minutos e acontecem às terças-feiras

Durante a pandemia da Covid-19 o grupo elaborou uma proposta de pesquisa no Paraíba do Sul para avaliar a presença do novo coronavírus na água, devido à importância desse rio para o abastecimento de água na cidade do Rio de Janeiro, entre muitos outros municípios que se beneficiam dessa fonte de água do estado. “Se a vinculação hídrica representa risco na pandemia, o rio Paraíba do Sul é o principal manancial a ser estudado”, afirma Rezende, que submeteu o projeto à Segunda Chamada Emergencial de Projetos para Combater os Efeitos da COVID-19 da FAPERJ e aguarda o resultado.

Com a o início da quarentena, o professor sentiu necessidade de interagir com seus alunos e ex-alunos nas redes sociais. Ele teve a ideia de realizar lives toda terça-feira, às 18h, e já se reuniu virtualmente com mais de 20 egressos da universidade e colegas de outras instituições localizadas em outros estados do País. Batizados de “Além do Lattes”, os encontros virtuais duram cerca de 60 minutos, nos quais o professor procura valorizar o lado humano da relação professor/aluno, buscando saber, em encontros individuais, como eles estão, já que a pandemia é um fenômeno novo para toda e qualquer geração. “Quando comecei a fazer ciência, achava que a emoção deveria ficar sempre fora da equação. Depois, com o tempo, passei a ver que sem emoção não realizamos aquilo que deve ser feito”, admite o professor.

Ainda durante este período, Rezende e a professora Neuza Rejane Wille Lima, da Universidade Federal Fluminense (UFF), escreveram um artigo para a Revista de Extensão da Uenf sobre as diferenças entre Divulgação Científica e Extensão Universitária, num esforço de contribuir para neutralizar a onda de negacionismo. “Se quando foi criado o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), a maioria dos cientistas que trabalhavam com o tema estava preocupada em estabelecer métodos precisos para os cenários, hoje, 20 anos depois, voltamos a discutir se existe ou não mudança climática”, desabafa o pesquisador. “Desta forma, entendo que os cientistas brasileiros devam ampliar seus posicionamentos políticos diante da sociedade para evitar este fenômeno, que tenta nos levar para um período de obscurantismo em pleno Século XXI”, finaliza.

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