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Publicado em: 28/05/2020
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Startups da Tec Campos criam soluções para enfrentar pandemia

Paula Guatimosim

Desde sua fundação a Tec Campos conta com recursos da Faperj. Ano
passado, passou a fazer parte do programa Startup Rio (Fotos: Tec Campos)

Diante das dificuldades para o enfrentamento da crise sanitária provocada pelo novo coronavírus, pesquisadores e empreendedores ao redor do mundo vêm tentando encontrar soluções que possam atenuar os efeitos da pandemia. Em Campos dos Goytacazes, município do Norte Fluminense com o segundo maior PIB do estado depois da capital, segundo o IBGE, startups incubadas na Tec Campos vêm demonstrando que, com determinação e vontade, é possível adaptar projetos a uma nova realidade. Com acesso a tecnologias, redes de compartilhamentos e disseminação rápida de ideias, jovens entre 25 e 30 anos adquiriram agilidade e adaptabilidade para trabalhar em projetos que possam suprir a escassez de equipamentos de proteção individual (EPIs) e facilitar a vida das pessoas em confinamento.

Incubadora de empresas de base tecnológica, a TEC Campos nasceu em outubro de 2006, a partir de uma parceria entre a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) e do Instituto Federal Fluminense (IFF), com apoio de diversas instituições comprometidas com o desenvolvimento regional e recursos da FAPERJ. Desde então, a Fundação vem apoiando a Tec Campos por meio de diversos editais, inclusive com o Programa Startup Rio, desde o ano passado. “Desde sua fundação a Tec Campos contou com o apoio da FAPERJ, e por meio de um empreendedorismo inovador, spin-offs de seus laboratórios e startups, tem dado sua parcela de contribuição, levando os achados científicos das bancadas de laboratórios de pesquisa do Norte Fluminense para as prateleiras do mercado, completando assim o ciclo de inovação que começa dentro dos muros das instituições de C&T, mas termina no setor produtivo”, disse o presidente da Tec Campos, Henrique da Hora. Segundo ele, o Parque de Impressões 3D, por exemplo, foi uma das respostas que o IFF deu como contribuição à sociedade diante da pandemia, reunindo em um mesmo local as impressoras dos diversos laboratórios do IFF em um único projeto, a fim de otimizar a produção. 

Para o diretor de Tecnologia da FAPERJ, Mauricio Guedes, os dias atuais têm servido para atestar a relevância da ciência e tecnologia para apontar os caminhos a seguir. "Estamos vivendo um momento em que talvez nunca tenha sido tão clara a importância da ciência e da tecnologia, associadas à capacidade empreendedora, na determinação do  futuro da humanidade", disse Guedes.

Decidido a contribuir com um projeto para garantir a segurança dos profissionais de saúde, Thiago Pessanha, coordenador do Parque de Impressões 3D da Tec Campos e sócio da Sprint 3DTechnologies, pesquisou os modelos internacionais de máscaras face shield (proteção para o rosto) para suprir a falta do produto no mercado. Com a ajuda de uma portaria da Anvisa, com novas especificações, que reduzia a espessura da haste de sustentação do anteparo, foi possível produzir a peça em uma hora, enquanto a original, fabricada na República Tcheca, consumia de três a quatro horas. Além disso, a equipe do Parque conseguiu resolver o problema da forte pressão na cabeça que a mola de sustentação provocava, oferecendo um produto mais confortável para os profissionais de saúde. Pessanha conta que assim como a escassez mundial de produtos acabados de EPIs, havia também falta de insumos, não só devido à crescente demanda, como pelo fato de a produção estar concentrada na China. Mas uma ação de solidariedade da companhia de gás natural GNA Açu, do Porto de Açu, localizado no município vizinho de São João da Barra, forneceu insumos suficientes para a produção de 5.000 máscaras face shield, doadas pelo IFF à rede pública de saúde de Campos dos Goytacazes e outros municípios do Norte, Noroeste e Região dos Lagos do Estado do Rio de Janeiro e até do Espírito Santo.

Parte da equipe envolvida na produção dos EPIs no Parque de Impressões 3D:
João Edgardo (esq.), 
Rogério Santos, Thiago Pessanha, Victor e Vinícius Parente. 

Aos 23 anos e formado há dois meses em Engenharia de Controle e Automação pelo IFF, Pessanha diz que mesmo estando há quatro anos envolvido com impressão 3D, a todo momento é surpreendido por uma novidade na área. Não à toa, no Parque de Impressões 3D da Tec Campos a equipe sob sua coordenação está pronta para atender às necessidades imediatas do setor, como produzir videolaringoscópios para auxiliar na intubação de pacientes com Covid-19. O engenheiro explica que quando não está se dedicando ao atendimento de demandas da área de saúde no Parque de Impressões 3D da Tec Campos, desenvolve junto com seus sócios artigos para casa, escritório, decoração e utilitários impressos em 3D para a venda direta.

Outro empreendimento que recebe apoio da Tec Campos é o app Pediu Farma. Foi a partir de uma visita à casa de sua avó que Guilherme Pedra teve a ideia de criar um negócio próprio que também pudesse ajudar as pessoas. Isso porque durante a visita, sua tia avisou que sairia para comprar um remédio para a avó em uma farmácia distante da sua casa. Imediatamente, o oficial de Náutica da Marinha contestou a decisão da tia, mas ela argumentou que a economia de R$ 10 valeria a pena, pois essa diferença seria usada para comprar alimento. “Eu me senti muito mal ouvindo a explicação da minha tia, porque apesar de considerar um valor pequeno para tanto esforço, aquilo estava acontecendo na minha família”, relembra Pedra. Como ele já estava idealizando ter seu próprio negócio, e fazia questão de que fosse algo que beneficiasse a comunidade, concluiu que a Pediu Farma era uma oportunidade de ajudar quem precisa de remédio a encontrar o que procura pelo menor preço com entrega rápida.

Ele explica que ao contrário dos diversos mecanismos de busca de preço baixo disponíveis na web, seu aplicativo atua regionalmente, viabilizando uma entrega rápida. “O Pediu Farma pesquisa o medicamento solicitado nas farmácias mais próximas da casa do cliente, seleciona qual delas oferece o menor preço e a entrega ocorre em no máximo uma hora”, esclarece. Segundo Pedra, o app é bem leve, pois faz as pesquisas e armazena dados na nuvem, é fácil de baixar e utilizar, além de ser gratuito, tanto para o usuário quanto para as farmácias participantes, que só pagam uma taxa quando a venda é concretizada. “Estamos ajudando a trazer de volta ao mercado as pequenas farmácias, que não conseguem competir com as grandes redes. E surpreendentemente, em 75% das buscas, o menor preço é oferecido pelas pequenas e médias farmácias”, conta o empreendedor.

Guilherme Pedra e Frederico Fiúza pretendem dar início à
venda de franquias para todo o País (Foto: Pediu Farma)

Formado em Engenharia de Produção pelos Institutos Superiores de Ensino do Centro Educacional Nossa Senhora Auxiliadora (Isecensa), de Campos dos Goytacazes, Pedra conta que não esperava que a pandemia do novo coronavírus fosse afetar tanto o seu negócio. Primeiro porque a população, em especial os portadores de comorbidades, com medo de ir pessoalmente às farmácias e se exporem ao risco de contaminação, passaram a considerar o aplicativo como uma solução. Segundo porque em tempos de crise econômica, desemprego e incerteza, é fundamental economizar. Assim, de fevereiro a março deste ano, a plataforma cresceu nada menos que 1.115%, muitas vezes em função da busca por medicamentos anunciados como indicados ao tratamento contra o novo coronavírus, mesmo sem respaldo da ciência. “Inicialmente houve a corrida pela cloroquina e hidroxicloroquina, deixando portadores de doenças autoimunes que efetivamente o precisavam sem a medicação. Mais recentemente foi a vez do vermífugo Ivermectina sumir das prateleiras, após uma busca que foi maior do que a pesquisa por todos os outros medicamentos no mesmo período”, conta o empresário. Neste momento de isolamento social, Pedra também viu aumentar a demanda por antidepressivos e ansiolíticos. Com 50 farmácias de 28 redes cadastradas e 12 mil usuários em Campos dos Goytacazes, a Pediu Farma se prepara para expandir sua atuação para Macaé e, em breve, para mais três municípios do Norte Fluminense. Mas os planos do engenheiro são de franquear seu modelo, de baixo custo, para o resto do País. Ele estima conquistar cerca de 20 franquias em um ano. Paralelamente, ele e seu sócio Frederico Fiúza estão desenvolvendo outro aplicativo, por sugestão de um médico, que permite aos profissionais de saúde fazerem a anamnese sem contato físico, ou seja, fazerem as consultas com os pacientes pelo aplicativo. Batizado de SOS Covid 19, o app tem o objetivo de proteger pacientes e médicos, em especial o trabalho daqueles profissionais que, por serem grupo de risco, não devem frequentar os hospitais.

Outras startups da Tec Campos também estão desenvolvendo soluções que podem ajudar ao combate do novo coronavírus. Um exemplo é a Destart, que mudou seu foco de atuação a partir do isolamento social e, com a crise gerada pela perda de clientes na área de marketing médico, focou suas energias na finalização de uma plataforma de marketplace, a UNY. A solução, além de atender as necessidades da startup, também foi instrumento de solidariedade, já que as primeiras empresas cadastradas usaram o aplicativo gratuitamente durante um mês para ajudar a movimentar os estoques. Hoje, são mais de 20 lojas no shopping virtual, e outras 10 estão sendo inseridas no sistema. Já a Roveq, criada com o objetivo de desenvolver soluções de robótica para aplicação no​ segmento de inspeção de dutos e áreas afins, se organizou para seguir com seu planejamento estratégico, apesar da pandemia. No início do ano, a startup tinha dois grandes contratos de serviço de vídeo-inspeção de dutos em Macaé. Ciente do crescimento dos casos do novo coronavírus no mundo, Thiago Rodrigues Farias antecipou todas as atividades externas da empresa e, quando a Prefeitura de Macaé determinou o isolamento social e interrupção das atividades laborais, a conclusão dos trabalhos já poderia ser feita de forma remota, à distância. Enquanto o isolamento social perdurar, a empresa está investindo em capacitação da equipe e desenvolvimento de novos serviços, a fim de estar mais forte após o fim da pandemia.

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