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Publicado em: 18/11/2004
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Tinta invisível ajudará a polícia a desvendar fraudes

Vinicius Zepeda

O professor de química Cláudio Cerqueira Lopes e sua equipe realizavam uma pesquisa sobre um soro antiofídico mais resistente a altas temperaturas quando faltou luz no laboratório. Um dos integrantes do grupo, o estudante Maicom Guerra, ao procurar um objeto no escuro com uma lâmpada ultravioleta, percebeu que a substância (3-aril cumarina) emitia um forte brilho. A constatação surpreendeu a todos que participavam do experimento. A partir daí, a pesquisa tomou outro rumo. A equipe coordenada por Lopes passou a trabalhar no desenvolvimento de uma mistura de solventes – semelhante à usada em jatos de tinta – para solubilizar a substância e produzir uma tinta invisível.

 

A descoberta, uma vez consolidada,  poderá ser de grande utilidade para as polícias no trabalho de evitar falsificações. "Basta marcar qualquer objeto, como cédulas, obras de arte ou até mesmo animais que a olho nú ninguém vê. Mas basta utilizar um sensor infravermelho que a tinta aparece", explica Lopes.

 


Luz infravermelha revela tinta invisível

 

O trabalho, coordenado por Lopes, foi desenvolvido pelo Laboratório de Síntese e Análise de Produtos Estratégicos (Lasape) do Instituto de Química da UFRJ e conta com o apoio da FAPERJ. Outra substância produzida pelo Lasape, o luminol brasileiro – reagente químico capaz de detectar sangue em locais lisos e já lavados – já teve igualmente o apoio da Fundação.

 

De acordo com Lopes, a tinta invisível poderá ajudar também no trabalho de preservação do patrimônio do país. Ao fazer uma marca qualquer num determinado objeto, é possível detectá-la através do uso de luz ultravioleta. “O diretor do Museu Nacional/UFRJ pediu que fizéssemos um projeto com o objetivo de marcar as obras raras do seu acervo”, conta Lopes. “Os técnicos da Casa da Moeda farão uma visita ao laboratório em breve para verificar a qualidade da tinta”, completa.

 

A tinta invisível é incolor, sem cheiro, de secagem rápida e não-tóxica, podendo também ser utilizada para marcar animais em exposição ou mesmo substituir o ferro em brasa da marcação de animais sem causar danos à saúde. “Já fiz testes marcando a orelha de bois sem nenhum prejuízo à saúde do animal”, explica Lopes.


O químico, responsável pela descoberta, acredita que quando a tinta for produzida em larga escala, o cidadão comum poderá adquirir uma caneta a um custo médio de R$ 20. No momento, a produção de canetas equipadas com tinta invisível ainda encontra algumas dificuldades. Os tubos de cargas utilizados por Lopes e sua equipe são reciclados, como explica o pesquisador: “Nosso maior obstáculo é ter de secar as cargas dessas canetas para então colocarmos a tinta, o que toma muito tempo. O ideal seria uma parceria com fabricantes interessados em produzir os tubos vazios”.


Uma das grandes vantagens trazidas pelo trabalho da equipe de Claudio Lopes é a redução dos custos. Lopes informa que, fora do país, algumas empresas já produzem produtos de características semelhantes. “Mas estas empresas, geralmente especializadas em segurança, condicionam a venda do produto à aquisição de um pacote de serviços que encarece a compra. Com o produto fabricado aqui os custos seriam substancialmente reduzidos", conclui Lopes.

 

A repercussão pela descoberta feita pelos pesquisadores do Lasape levou o assunto a gabinetes de autoridades em Brasília. “O Palácio do Itamaraty, que fará em 2005 uma agenda internacional para ser distribuída a todos os países que possuem relações diplomáticas com o Brasil, já reservou duas páginas para falar sobre a tinta”, comemora Lopes.

 

A pesquisa é o assunto da tese de doutorado do aluno José Roque Carvalho, que contou com a ajuda dos estudantes Maicom Guerra e Gláucia Barbosa Alves e sob coordenação dos professores Cláudio Cerqueira Lopes, Rosângela Sabbatini e Jair Nóbrega. O diploma merecerá destaque e com uma impressão em tinta bem visível.
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