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Publicado em: 05/12/2019 | Atualizado em: 10/12/2019
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Livro recupera memória de cooperação científica entre Brasil e Estados Unidos

Débora Motta

Um capítulo importante da história da pesquisa brasileira, mas pouco conhecido, foi uma ação de cooperação científica estabelecida entre Brasil e Estados Unidos – num esforço conjunto entre o Museu Nacional, unidade de ensino e pesquisa vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN/UFRJ), e a Universidade de Stanford – durante a Segunda Guerra Mundial e nos anos posteriores ao conflito, para traçar um perfil dos recursos pesqueiros presentes na costa brasileira. Esse é o tema do livro A cooperação científica Brasil-Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial: Levantamento dos peixes marinhos brasileiros de importância comercial, organizado pelos zoólogos e historiadores da Ciência Magali Romero Sá e Marcelo Ribeiro Britto (Editora IdeiaD, 2018, 238 p.).

A obra foi lançada com recursos do programa Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, concedidos à Magali, que é pesquisadora titular da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “O livro foi idealizado com dois propósitos. O primeiro foi apresentar ao público uma das ações estabelecidas no contexto da Segunda Guerra entre Brasil e Estados Unidos, realizadas por pesquisadores brasileiros e americanos, como parte do esforço de guerra para suprir e aumentar a produção de alimentos durante e após o conflito. O segundo foi disponibilizar a documentação relativa ao projeto, incluindo fontes imprescindíveis para a análise historiográfica, que foram destruídas, em grande parte, por ocasião do incêndio no Museu Nacional, em 2 de setembro de 2018”, destacou Magali.

A primeira parte do livro aborda o desenvolvimento do programa de pesquisa de peixes marinhos de interesse comercial na costa brasileira em uma época em que várias estratégias de aproximação entre os dois países visavam a ampliar o campo da influência norte-americana no Brasil, com impacto nas relações políticas, diplomáticas, culturais e econômicas entre os dois países, no contexto da chamada Política da Boa Vizinhança. “Criado em 1943, o programa de pesquisa de peixes marinhos de cunho comercial no litoral brasileiro foi concebido a partir da aproximação entre o Museu Nacional e a Universidade de Stanford. Isso se deu graças ao protagonismo de dois cientistas: Heloisa Alberto Torres, então diretora do Museu, e George Sprague Myers, pesquisador norte-americano, que foi chefe do Departamento de Ictiologia da Universidade de Stanford”, contou.

Exemplares da Coleção Ictiológica do Museu Nacional foram reunidos no âmbito do projeto. Acima, 
Menticirrhus martinicensis (à esq.) e Pomadasys corvinaeformis (ambos fotografados e editados por Sergio Santos)


O programa, que foi descontinuado em 1955, era coordenado pelo Museu Nacional, pela Divisão de Caça e Pesca do Ministério da Agricultura, e por pesquisadores de Stanford. Contou ainda com o apoio de João Lins de Barros, responsável pela Coordenação de Mobilização Econômica de órgãos estaduais em diferentes estados brasileiros. “A criação do programa ocorreu durante o período do Estado Novo no Brasil, mas o ano de 1955 marcou o término da cooperação Brasil-EUA para o estudo dos recursos pesqueiros, devido a problemas políticos e financeiros pelos quais o País passou na segunda gestão de Getúlio Vargas, e que contribuíram para o término do projeto sem alcançar os resultados desejados”, explicou Magali. “Até hoje o Brasil não tem um levantamento científico preciso e abrangente sobre os seus recursos pesqueiros, o que representa uma grande lacuna para a elaboração de uma política de Estado de planejamento do nosso comércio e para o melhor conhecimento da biodiversidade nacional”, destacou.

Magali Sá: trabalho ajudou a resguardar a memória de acervo
perdido no incêndio do MN/UFRJ 


Outro cientista que foi um personagem importante nessa parceria bilateral foi o icitiólogo norte-americano William Alonzo Gosline. Sua contribuição para o projeto é analisada, no livro, pelos professores do Museu Nacional Marcelo Britto, Paulo Buckup e Cristiano Moreira. “Gosline foi contratado pelo governo brasileiro, com indicação de Meyers, para trabalhar no Museu Nacional com o processamento dos peixes coletados no projeto, identificando e catalogando diferentes espécies encontradas em vários pontos do nosso litoral, desde o Maranhão até o Rio Grande do Sul”, detalhou Magali.


A segunda parte da obra destaca as referências do material arquivístico relativo ao programa, que se encontrava no Setor de Memória e Arquivo do Museu Nacional (Semear), onde se tratou, inventariou, descreveu e catalogou peças importantes da pesquisa. “Infelizmente, a maior parte dessa documentação foi destruída durante o incêndio de grandes proporções que atingiu o prédio principal do Museu. Por sorte, os cadernos de campo foram salvos por se encontrarem no Setor de Ictiologia, no prédio anexo do Museu, para consulta. Nesse sentido, o livro ocupa um lugar muito importante para contar ao menos esse capítulo do nosso processo histórico de desenvolvimento das Ciências Naturais, já que a perda do acervo documental é inestimável”, concluiu.

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