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Publicado em: 04/11/2004
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Jovens Talentos da FAPERJ no mundo da paleontologia

foto: Vinicius ZepedaA FAPERJ concedeu 20 bolsas do Programa Jovens Talentos para que alunos da Escola Estadual Francesca Carey, em São José de Itaboraí, atuem como guias e guardiões do parque paleontológico da cidade (foto ao lado). O trabalho desenvolvido pelos alunos nas imediações do local será orientado por pesquisadores ligados ao Instituto Virtual de Paleontologia da FAPERJ (IVP). A iniciativa faz parte dos esforços do IVP para revitalizar o parque.

A coordenadora do IVP, Maria Antonieta Rodrigues, conta que a parceria entre o IVP e a escola Estadual Francesca Carey vêm se intensificando desde o desfile cívico pelo aniversário de 171 anos do município de Itaboraí, comemorado em 29 de maio, quando alunos desfilaram com camisetas em defesa do sítio paleontológico da região.

 

O trabalho dos estudantes será dividido em cinco temas: geologia, a comando do presidente da Associação dos Profissionais de Geologia (APG), Benedicto Humberto Francisco; paleontologia, sob orientação de Lílian Bergqvist (UFRJ); arqueologia, com Maria da Conceição Beltrão (Museu Nacional/UFRJ); meio ambiente, com Beatriz de Carvalho Penna (UFRJ); e educação, com Cibele Schwanke (Uerj). A primeira reunião entre os bolsistas e seus orientadores será nesta sexta-feira, 5 de novembro, na escola Francesca Carey, quando serão estabelecidas as atribuições individuais.

IVP apóia “caminhada paleontológica”

Na manhã desta quinta-feira, 4 de novembro, representantes do IVP reuniram-se com alunos da Escola Francesca Carey e diretores de outras escolas municipais da região, além de representantes da secretaria de educação e do vice-prefeito, Álvaro Reboredo. “O vice-prefeito se comprometeu a participar de uma ‘caminhada paleontológica’, organizada pela Escola Municipal Gastão Dias de Oliveira.O evento conta com o apoio do IVP e será realizado no dia 11 de novembro, indo do distrito de Cabuçu até o de São José, onde fica o parque”, revela Antonieta. Ela destaca a motivação crescente das diretoras de escolas municipais e de toda a população local, que valoriza cada vez mais a importância do parque paleontológico da sua cidade. “A idéia da caminhada foi das professoras locais”, conta.

 

Itaboraí é considerada o berço dos mamíferos da América do Sul. Técnicos do Departamento de Recursos Minerais do Rio de Janeiro (DRM-RJ) farão um levantamento topográfico na área para que se possa delimitar e cercar o parque.

 

Em 30 de outubro, foi realizado um encontro na escola Francesca Carey para esclarecer a população do município de que os jovens em breve estarão trabalhando como guardiões nas imediações do parque.

Ciência em Cena leva paleontologia ao teatro

Ismar de Carvalho faz palestra no Ciência em CenaUma platéia formada principalmente por estudantes do ensino médio de escolas estaduais do Rio de Janeiro assistiu atenta à palestra “Da Criação divina à evolução dos seres vivos”, que o professor Ismar de Souza Carvalho, do Departamento de Geologia da UFRJ, fez nesta quinta-feira, 4 de novembro, no Teatro Gláucio Gill, em Copacabana. A palestra fez parte do projeto Ciência em Cena, promovido pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro (Secti) e apoiado pela FAPERJ, que quinzenalmente, às quintas-feiras, ao meio-dia, leva pesquisadores ao teatro para popularizar a ciência. “O objetivo do projeto é usar o palco – um local que nos faz sonhar e abrir os horizontes – para aproximar o pesquisador do público”, explica Francisco Caruso Neto, superintendente de difusão científica da Secti. Antes das palestras, há apresentações musicais. Nesta quinta-feira, foi a vez da mini-orquestra de violinos da FAETEC. A entrada é gratuita.

Do gênesis bíblico às teorias de evolução

Ismar de Souza Carvalho começou sua palestra citando a Bíblia, mais especificamente o Gênesis, que fala sobre a criação do mundo em seis dias: “No princípio Deus criou o céu e a Terra...” Ele mostrou que, do ponto de vista geológico, a concepção de tempo é bem diferente: hoje, pesquisadores acreditam que a Terra tenha cerca de 4 bilhões e 600 milhões de anos.

 

Numa bela apresentação com ilustrações exibidas em telão, o professor revelou o longo percurso da história geológica do planeta, tempo durante o qual grandes modificações ocorreram em sua superfície, com o surgimento e desaparecimento de rios, montanhas, mares e desertos, num processo contínuo de transformação das paisagens e dos ambientes.

 

Carvalho observa que, no entanto, nem sempre houve a compreensão de uma Terra dinâmica, sujeita a eventos que modificassem sua superfície, gerando novos relevos e configurações geográficas. “Até o século XIX acreditava-se que toda a criação de nosso planeta, assim como dos seres vivos, restringia-se aos seis dias da criação segundo o texto bíblico do Gênesis. Através do trabalho de naturalistas como James Hutton, Charles Lyell, Jean Baptiste de Lamarck, Charles Darwin e Alfred Russel Wallace, revelou-se a existência de um mundo inorgânico e orgânico em contínua transformação, contrapondo-se com um mundo estático e imutável”, afirmou.

 

EdiacaraDe acordo com Carvalho, uma ciência que muito contribuiu para esta nova percepção foi a paleontologia, que se dedica ao estudo dos diferentes organismos que habitaram a Terra no transcorrer do tempo geológico.

 

Esta área de conhecimento faz interfaces com outras ciências, como biologia, geociências, física, química e matemática, que, conjugadas, possibilitam uma compreensão integrada dos eventos e fenômenos que induziram as transformações ambientais e da biota durante a história geológica do planeta.

 

O pesquisador explicou aos jovens que a origem dos seres vivos foi precedida pelo desenvolvimento gradual de um complexo ambiente químico, no qual substâncias tais como os aminoácidos, açúcares e outras moléculas orgânicas, surgiram por reações químicas a partir de substâncias inorgânicas.

 

Vida na Terra tem cerca de 3,8 bilhões de anos

 

Desde então até hoje, foram 3,8 bilhões de anos de transformações, extinções e novas formas de vida. Esta é a idade das primeiras células capazes de realizar a fotossíntese, encontradas em rochas na Groenlândia. Mais tarde – há 3,4 bilhões de anos - filamentos de células ocorrem na Austrália e África do Sul. A partir de 3,2 bilhões de anos, surge nos mares primitivos uma ampla ocorrência de cianobactérias, organismos capazes de produzir oxigênio e induzir a precipitação de sedimentos – formando rochas conhecidas como estromatólitos - e que são amplamente distribuídos nas áreas geológicas mais antigas do território brasileiro.

 

“A partir da existência das cianobactérias, a Terra passaria por uma profunda modificação em suas condições ambientais. O oxigênio seria progressivamente a ser preponderante, numa atmosfera até então dominada por gases como o dióxido de carbono, metano, vapor d’água e nitrogênio. Era o início do surgimento de formas de vida mais complexas, tais como as células com núcleo e os primeiros animais. Tais registros primitivos da vida são encontrados em rochas de todo o mundo, revelando uma flora e fauna não mais existentes”, explicou.

“O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”

Os fósseis – vestígios de animais e vegetais que ficam nas rochas e principal objeto de estudo dos paleontólogos – são, segundo Carvalho “testemunhas petrificadas” da história do planeta. Eles revelam curiosidades como, por exemplo, que há 100 milhões de anos o clima no sertão nordestino era muito diferente. “Fósseis de peixes provam que realmente o sertão era mar”, afirmou. Outra evidência que no passado o clima do sertão era outro é a presença de fósseis de coníferas (pinheiros) na região.

 

Por fim, Carvalho deixou transparecer seu amor pela ciência. “O êxtase, a percepção e a compreensão de outros mundos, de outros tempos e da busca incansável pelo significado da existência são sensações que o paleontólogo renova a cada novo fóssil encontrado”, concluiu.

 

 

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