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Publicado em: 09/05/2019
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Diálogos da Inovação aborda a Cultura Empreendedora

Por Ascom FAPERJ

Com o tema 'Transformando Conhecimento' em Negócios, a série Diálogos da inovação,
na Casa Firjan, em Botafogo, reuniu empreendedores, investidores, representantes da
academia e do setor público
(Fotos: Lécio Augusto Ramos)

A Casa Firjan foi palco nesta quarta, dia 8 de maio, do segundo encontro da série de debates Diálogos da Inovação, uma parceria entre a FAPERJ e a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). “Transformando Conhecimento em Negócios” foi o tema do debate, que reuniu empreendedores, investidores, representantes da academia e do setor público. O evento, mediado pela jornalista e especialista de Projetos Especiais da Firjan, Julia Zardo, foi transmitido em tempo real pela Internet e contou com a participação de Felipe Rochefeller, presidente-executivo da Federação das Empresas Juniores do Estado do Rio de Janeiro (Riojunior); Henrique da Hora, presidente da Teccampos, Incubadora de Base Tecnológica no Norte Fluminense, e diretor de Inovação do Polo Embrapii em Campos dos Goytacazes; José Alberto Aranha, presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e assessor institucional da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio); e Hector Gusmão, CEO e cofundador da Fábrica de Startups Brasil.

O diretor de Tecnologia da FAPERJ, Maurício Guedes, ao abrir os debates, destacou o fato de as startups estarem nas primeiras páginas dos principais jornais do País devido às declarações do Ministro da Educação, Abraham Weintraub, de que pretende transformar as universidades federais do País em incubadoras de empresas. Guedes argumentou que já existem no País “370 incubadoras de empresas, a grande maioria vinculada a universidades, principalmente públicas”. Ele lembrou que por essas incubadoras já passaram mais de cinco mil empresas, que faturam mais de R$ 15 bilhões por ano e empregam mais de 53 mil brasileiros. “O que não dá é transformar as universidades em incubadoras de empresas, pelo simples fato de que elas deixariam de ser universidades”, ponderou o diretor da FAPERJ.

Julia Zardo acrescentou que o objetivo dos Diálogos da Inovação é justamente fazer com que o conhecimento gerado nas universidades e demais centros de conhecimento proporcione a criação de novos negócios e agregue valor à economia do Rio de Janeiro. “Precisamos pensar nas transformações que estão acontecendo, não só as tecnológicas, mas também nas mudanças de hábitos de consumo, no que as empresas podem oferecer, nos novos modelos de negócios, no futuro e nas competências que o trabalhador deverá ter”, esclareceu Julia. Segundo ela, independente da situação de crise pela qual passa o País, a Casa Firjan se dedica a pensar no futuro.

A partir da esquerda, a mediadora Julia Zardo, da Firjan, Felipe
Rochefeller, José Alberto Aranha, 
Henrique da Hora e Hector Gusmão

Felipe Rochefeller abriu sua apresentação relembrando o dado divulgado pela revista inglesa The Economist de que, em 25 anos, 45% dos empregos atuais terão desaparecido, ou seja, 65% das crianças que hoje cursam o primário trabalharão em empregos que ainda não existem. “Precisamos desenvolver habilidades e competências que o futuro do trabalho necessitará”, alertou Rochefeller. Segundo ele, pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial  (World Economic Forum) em 2016 apontou as habilidades necessárias às lideranças do futuro, entre elas criatividade, capacidade de delegar tarefas, tomar decisões, gerenciar problemas, tempo, metas, prazos etc. ou seja, habilidades mais comportamentais e menos técnicas. Ele traçou um panorama da Riojunior, uma entidade organizada na forma de associação civil, gerida por estudantes dentro das universidades, de forma voluntária, que buscam transformar o conhecimento aprendido em sala de aula em negócios reais, ou seja, fazer da teoria a prática, a fim de oferecer serviços que qualidade ao mercado. A Riojunior atualmente reúne 20 mil universitários em mais de 800 empresas juniores instaladas em 1.300 universidades em todos os estados brasileiros, que respondem por mais de 10.000 projetos. No Rio de Janeiro, as 47 empresas juniores sediadas no estado faturaram R$ 3,2 milhões em 2018 com a entrega de 1.600 projetos ao mercado. “Somos de empresas juniores, mas temos o mesmo objetivo de uma empresa real. Oferecemos soluções reais, com baixo custo, qualidade e alto impacto para clientes reais”, afirmou Rochefeller. Ele destacou uma solução desenvolvida por uma empresa júnior para uma maternidade em São Paulo, capaz de amenizar o índice de mortalidade entre bebês prematuros no Brasil, que é de um óbito a cada 30 segundos. O equipamento (berçário) permitiu salvar um bebê prematuro por hora, o que representa garantir o nascimento de quase 8.760 bebês ao ano.  

O presidente da Anprotec, José Alberto Aranha, recorreu ao conteúdo do livro recém-lançado por Domenico De Masi, “Uma simples revolução”, no qual o sociólogo italiano estima que em 2030 a população contará com cerca de 200 mil horas destinadas ao lazer, pois o trabalho não ocupará mais que 60 mil horas ao longo de uma vida. De Masi sugere que a pergunta central, nesse caso, é: “o que faremos com esse tempo livre? Estamos preparados para lidar com o ócio, considerando uma realidade atual dominada pelo excesso de trabalho?”. Na opinião de Aranha, será preciso desenvolver uma nova cultura, na qual as famílias têm papel importante, pois deverão educar e preparar seus filhos para um novo papel que eles terão no futuro. Em sua opinião, é difícil para as pessoas identificarem suas habilidades. A fim de desenvolver essa nova cultura e auxiliar na construção do futuro das crianças, ele sugere que a família proponha aos pequenos a criar um avatar e atribuir a ele “forças”. Desta forma, a criança estará atribuindo ao avatar as suas próprias habilidades. Aranha destaca duas grandes mudanças que contribuem para consolidar uma nova cultura: o Marco Regulatório da C,T&I, que consumiu nove anos para ser aprovado pelo Congresso, em 2016, mas que hoje vem sendo atualizado cada vez com maior agilidade; e o marco legal das startups, que deverá ser aprovado em breve. “Daqui a um ano, quem conseguir resistir e sobreviver trabalhando com alguma coisa ligada à startup estará muito bem”, garantiu. O presidente da Anprotec disse que em recente workshop promovido pela Rede Nacional de Pesquisa (RNP) veio à tona a questão discutida há anos de como a universidade pode se aproximar da indústria e vice-versa. Os participantes do evento acreditam que a universidade precisa entrar no ecossistema de inovação de forma integral e não parcialmente. Criada em 1987, a Anprotec reúne cerca de 400 associados, entre os quais incubadoras de empresas, parques tecnológicos, aceleradoras, coworkings, instituições de ensino e pesquisa, órgãos públicos e outras entidades ligadas ao empreendedorismo e à inovação e criou a Renaii, Rede de Associações de Inovação e Investimentos (Renaii). Finalizando sua apresentação, Aranha provocou a plateia com a pergunta: “O que está acontecendo com a inovação no mundo? Ela está nos laboratórios, nas cidades, nos sistemas abertos das grandes corporações? Para onde ela vai?” E pessoalmente respondeu: “A inovação está no ciberespaço, interligada mundialmente”.

O diretor de Tecnologia da FAPERJ, Maurício Guedes, foi o primeiro
a falar, na abertura do evento, que reuniu cerca de 200 pessoas   

O Presidente da Teccampos, Henrique da Hora, lembrou a trajetória da economia de Campos dos Goytacazes, localizado no Norte Fluminense, ao longo da história, para justificar o ambiente propício à inovação. Segundo ele, o município sempre teve economia baseada nos vários ciclos, a começar pelo do café, seguido pela cana-de-açúcar e, mais recentemente, do petróleo, cuja indústria entre 2001 e 2002 recrutava estudantes dentro das salas de aula. “Estamos falando de cem anos e vemos que o município sempre teve um salvador da pátria para a economia”, disse, acrescentando que com a crise do petróleo toda a região Norte Fluminense parece ainda estar aguardando um novo ciclo. Ele destacou a expectativa gerada com a construção do Porto do Açu, no município de São João da Barra, com área total de 130 km², em funcionamento desde 2014, empreendimento que já consumiu mais de R$ 6 bilhões em investimentos e não chega a empregar cinco mil pessoas. “Inovação não se faz sozinho, não acontece nas universidades, mas no mercado. Não é inovar para quem, mas com quem, e com diversidade, com vários setores envolvidos”, garante da Hora. Em sua opinião, o Teccampos dá certo porque envolve universidade, poder público, associação comercial e industrial, todos sentados na mesma mesa. Para favorecer o ecossistema e minimizar os riscos inerentes ao empreendedorismo e à inovação, a prefeitura de Campos criou o Fundecam, um fundo para financiar a inovação que oferece recursos a projetos com juros de 6% ao ano. Em outra iniciativa, numa articulação com o Legislativo, criou também o Marco de Inovação. Além disso, o governo municipal conta com apoio do Instituto Federal Fluminense (IFF) e da Embrapii, que consegue partilhar o risco do empreendedor, assumindo 1/3 do custo. “Tem muita gente preocupada em se preparar hoje para ocupar uma posição que ainda não existe. Mas nossa preocupação é saber quem vai gerar esses empregos do futuro, qual a tecnologia que precisará ser desenvolvida”, afirmou da Hora. Ele criticou seus colegas que acreditam que o relacionamento da universidade com a indústria é nefasto, lembrando que essa proximidade muitas vezes garante o emprego futuro do aluno. E deu exemplo de um aluno da área de inovação que se valeu de todos os apoios disponíveis no ecossistema, nunca precisou colocar um centavo do bolso em sua empresa e já emprega três funcionários.  

Encerrando as apresentações, Hector Gusmão, CEO e cofundador da Fábrica de Startups Brasil, afirmou que o empreendedorismo mudou radicalmente sua vida e passou a fazer parte de sua rotina. Ele destacou o fato de que nas três últimas crises econômicas mundiais houve curva ascendente nas demissões das grandes corporações em contrapartida com a curva, também ascendente, de criação e empregabilidade em startups. Gusmão é formado em Administração de Empresas pela PUC-Rio e, em 2010, criou a sua primeira startup. No ano de 2014, foi se capacitar no Vale do Silício, nos Estados Unidos, e, em 2015, foi “acelerado” em Portugal, pela Fábrica de Startups. Ao comprovar a capacidade da aceleradora e o impacto que ela causou, desde 2012, na economia portuguesa, revertendo a queda de 3,5% no PIB para um crescimento de 3,5% do PIB nos cinco anos seguintes, negociou sua vinda para o Rio de Janeiro. Eleito pela revista Forbes Brasil em 2018 um dos jovens mais relevantes do País com menos de 30 anos, Gusmão diz que a situação do Brasil é parecida, pois 65% dos novos empregos e 50% das carteiras assinadas são geradas por pequenas e médias empresas. O País também ocupa a quinta colocação no ranking de empreendedores, mas fica em 120° lugar no quesito inovação, segundo dados do Global Innovation Index, o que, segundo ele, significa que “empreendemos muito, mas sem qualidade”. O objetivo da Fábrica de Startups em 2019 é acelerar 130 startups, gerando R$ 50 milhões em receita para esses empreendedores, desenvolvendo inovação para grandes corporações a partir de pequenos negócios. O modelo de negócio desenvolvido pela empresa é baseado em três pilares. “O primeiro é a introdução e fomento da cultura de inovação dentro das corporações para que elas aprendam a se relacionar com startups. O segundo é a inovação aberta, ou seja, identificar os desafios de mercado da empresa, a demanda já garantida, e levar essas informações para as startups para que elas possam desenvolver soluções. Por fim, o posicionamento de marca, ou seja, como mostrar no mercado que uma grande empresa – como a Shell, por exemplo – está aberta a este tipo de inovação gerada nas startups”, listou o empresário. Gusmão disse que escolheu o Rio de Janeiro como sede da Fábrica de Startups porque a cidade é a mais inovadora do Brasil, mas não possui cultura empreendedora. E é nesse nicho que a aceleradora atua, certa de atender um número cada vez mais crescente de universitários interessados em empreender, que não encontram nas universidades a cultura empreendedora.

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