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Publicado em: 23/03/2017
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Nova agência privada de fomento à pesquisa é lançada no Rio

A partir da esq., Zanotto, Aguilaniu e Moreira Salles: Instituto
Serrapilheira irá apoiar a pesquisa brasileira (Foto: Claudio Andrade)

Foi lançado nesta quarta-feira, 22 de março, o Instituto Serrapilheira, entidade privada de apoio à Ciência no Brasil. Iniciativa de Branca e João Moreira Salles, a instituição tem como diretor-presidente o geneticista francês Hugo Aguilaniu, do Laboratório de Genética do Envelhecimento da Escola Normal Superior de Lyon, na França. À frente do Conselho Científico está o pesquisador brasileiro Edgar Dutra Zanotto, do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em São Paulo. O nome do instituto é uma alusão à camada formada pelo acúmulo de folhas e matéria orgânica que cobre o solo das florestas. A serrapilheira é a principal via de retorno de nutrientes ao solo.

A criação do Instituto Serrapilheira teve boa repercussão no ambiente acadêmico. Diretor Científico da FAPERJ, Jerson Lima Silva, que integrou o comitê de busca pelo diretor-presidente do instituto, ressalta que se trata da primeira instituição privada de fomento à pesquisa no País que tem uma dotação financeira de grande porte. “Esse tipo de iniciativa já é comum em países como Estados Unidos, Europa e Japão, que contam com instituições privadas que ajudam a elevar o nível da pesquisa, não só em termos quantitativos, mas no desenvolvimento de projetos de alta qualidade e na conquista de prêmios Nobels. Acredito que o Serrapilheira poderá ter um impacto muito importante para os nossos jovens pesquisadores, especialmente no contexto da crise econômica pela qual passa todo o Brasil”, enfatizou.  

Em coletiva de apresentação do instituto, realizada nesta quarta-feira, no Jardim Botânico, Aguilaniu sintetizou os principais objetivos do Serrapilheira. “O primeiro deles é apoiar a pesquisa nos campos das Ciências da Vida, das Ciências Físicas, das Engenharias e da Matemática. Não queremos pulverizar recursos, queremos identificar a excelência da pesquisa científica realizada no País e apoiá-la da forma mais livre possível, dando ao pesquisador grande flexibilidade no uso dos recursos doados", disse o geneticista.

"A ideia é ter um número reduzido de projetos, mas que sejam os melhores, de nível internacional, com potencial para serem publicados nos periódicos científicos mais importantes, como Science e Nature. Nosso desejo é incentivar os pesquisadores a fazerem as grandes perguntas de seus campos. Teremos paciência e não exigiremos resultados imediatos”, antecipou o diretor-presidente, que já está morando no Rio e fala português fluentemente.

O outro grande objetivo do instituto, o fomento a projetos de letramento científico, acontecerá, segundo Aguilaniu, através da divulgação ativa para públicos diferentes, seja por meio de televisão, jornais, podcasts ou canais de vídeo. “Queremos atingir os jovens, incentivá-los, mostrar a eles que a ciência é uma coisa legal, uma carreira bacana. Dizer a eles que as Humanidades, as Artes e o Esporte são possibilidades, mas a ciência também é”, completou o pesquisador.

Os projetos serão selecionados pelo Conselho Científico do instituto, formado por 12 cientistas (veja a relação abaixo). A previsão é de que o primeiro edital seja divulgado já no segundo semestre deste ano. “A comunidade científica brasileira tem um porte razoável; são mais de 100 mil pesquisadores com PhD no País. Acho que teremos disputas acirradíssimas por esses recursos e penso que iremos atrair grandes cientistas”, afirmou Zanotto, presidente do Conselho Científico. “Estamos procurando pesquisas inovadoras, criativas, corajosas, que levem a grandes descobertas”, resumiu.

O Instituto Serrapilheira, que terá sede no Rio de Janeiro, foi criado sob a forma de uma associação civil sem fins lucrativos. Operará com recursos oriundos de um fundo patrimonial constituído por uma doação em caráter irrevogável de Branca e João Moreira Salles, no valor de R$ 350 milhões. Para o orçamento do instituto será utilizado o ganho real – receita bruta acima da inflação menos impostos – resultante da aplicação financeira deste montante. A juros de hoje, o valor equivale a cerca de R$ 16 milhões a 18 milhões por ano. “Se o instituto estiver sendo útil à ciência, nossa intenção é fazer novos aportes dentro de quatro ou cinco anos”, afirmou João Moreira Salles.

A decisão de criar o instituto foi tomada em 2014, mas a ideia de financiar ciência no Brasil já vinha sendo acalentada há mais tempo. “Partimos da impressão de que a ciência não faz parte da imaginação do brasileiro, não ocupa uma posição central na nossa cultura, como ocorre em outros países como China, Índia e Estados Unidos, sem falar na Europa”, explicou João Moreira Salles.

“Me juntei ao João porque tenho essa mesma percepção de que entre nós o valor simbólico da ciência é baixo”, disse Branca Moreira Salles, que é presidente do Conselho Administrativo. “Na nossa literatura, por exemplo, não há personagens cientistas. Todos são escritores, jornalistas, professores, publicitários. Aqui é muito raro alguém imaginar uma carreira na Matemática, por exemplo, e isso acontece porque os jovens não são cativados para as carreiras científicas", acrescentou.

Tomada a decisão de criar o instituto, os idealizadores dedicaram três anos (2014-2017) a visitar agências de fomento, fundações de apoio à ciência e organizações do terceiro setor. Reuniram-se com pesquisadores brasileiros para entender quais eram as necessidades do setor e como uma instituição privada poderia operar para melhor atender à comunidade científica.

Por recomendação de um grupo de cientistas, foi organizada uma chamada pública para a escolha do diretor-presidente. Foram recebidos ao todo 138 currículos, vindos do Brasil e de outras partes do mundo. Um comitê de busca formado por cientistas e estudiosos da política científica do País analisou os documentos, entrevistou candidatos e acabou chegando ao nome de Hugo Aguilaniu.

O Instituto Serrapilheira divulgou um breve currículo dos profissionais e pesquisadores que responderão por algumas das principais áreas da entidade. Confira.

Hugo Aguilaniu, diretor-presidente. O geneticista, nascido na França, tem doutorado na Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e pós-doutorado no Instituto Salk de Estudos Biológicos, nos EUA. Pesquisador do Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França (CNRS na sigla em francês) dirigiu o laboratório de genética molecular da Escola Normal Superior de Lyon. Trabalhou sobre as bases genéticas do envelhecimento e publicou artigos nos mais renomados periódicos científicos do mundo. Atualmente, Hugo atua como revisor da Nature, dentre outras publicações científicas. Foi premiado com várias distinções acadêmicas importantes, como a medalha de bronze do CNRS, e recebeu o financiamento mais competitivo da Europa, do Conselho de Pesquisa Europeia. Sempre se dedicou também à divulgação científica, escrevendo artigos para jornais e revistas científicas, participando de programas de TV e de eventos como TED. Colaborou durante muitos anos com a USP. 

Edgar Dutra Zanotto, presidente do Conselho Científico. Professor titular do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo, Zanotto foi pesquisador visitante na Universidade da Flórida Central e professor visitante na Universidade do Arizona, nos EUA. Atualmente é editor da Journal of Non-Crystalline Solids, publicação científica da Elsevier, e diretor do Centro de Pesquisa, Educação e Inovação em Materiais Vítreos, um dos Cepids da Fapesp. Zanotto coordenou inúmeros projetos de pesquisa financiados por agências públicas e em parceria com empresas. As suas atividades de pesquisa compreendem o estudo da cristalização e propriedades de vidros e vitrocerâmicas. Zanotto é membro da World Academy of Ceramics, da Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento (TWAS, na sigla em inglês), da Academia Brasileira de Ciências, da Academia de Ciências do Estado de SP, da Academia Nacional de Engenharia, além de ser fellow de várias associações científicas. Ele já recebeu cerca de 30 prêmios nacionais e internacionais por suas pesquisas.

Conselho Científico do Instituto Serrapilheira

Presidido por Edgar Dutra Zanotto, o Conselho Científico é formado por 12 cientistas. O grupo, composto por brasileiros e estrangeiros, deve perseguir a seguinte distribuição: 50% dos membros devem ser filiados a instituições brasileiras, 50% a instituições fora do Brasil. Dez pesquisadores, entre eles o próprio Zanotto, já aceitaram o convite do instituto. Seguem seus nomes e pequenos perfis.

Oswaldo Luiz Alves 

Professor titular do Departamento de Química Inorgânica do Instituto de Química da Universidade de Campinas (Unicamp), tendo finalizado seu doutorado na Unicamp e seu pós-doutorado no Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS, na sigla em francês), na França. O foco das pesquisas de Alves está no desenvolvimento de nanomateriais e na interação das nanoestruturas com sistemas biológicos. Ele é Vice-Presidente para a Região São Paulo da Academia Brasileira de Ciências, fellow da Royal Society of Chemistry e da Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento (TWAS, na sigla em inglês). 

Cristina P. de Campos 

A geocientista brasileira/alemã trabalha no GeoCenter, no Departamento de Ciências Ambientais e da Terra da Universidade de Munique, na Alemanha. Ela é integrante da Sociedade Alemã de Mineralogia e membro da Academia Brasileira de Ciências. Seus mais recentes projetos de pesquisa estão focados em super-vulcões dos vários continentes. Campos é especialista em petrologia e vulcanologia experimental. Estuda a origem e a evolução da composição dos magmas geradores das rochas, desde basaltos a riolitos. 

Ana Carolina Carnaval 

Bióloga, especialista em evolução, a carioca Ana Carolina Carnaval fez sua carreira acadêmica nos Estados Unidos, tendo concluído o pós-doutorado no Museu de Zoologia de Vertebrados, da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Atualmente, ela é professora da City College de Nova York. O foco de suas pesquisas é evolução, ecologia, biodiversidade e biogeografia. 

Luiz Davidovich 

Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) desde março de 2016, Davidovich é professor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especializado em óptica quântica. Em 2010 recebeu o prêmio Almirante Álvaro Alberto, considerado um dos mais importantes da ciência brasileira. 

Étienne Ghys 

Matemático francês é diretor de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS, na sigla em francês) da Escola Normal Superior de Lyon. O foco de sua pesquisa é a geometria e sistemas dinâmicos, mas ele também estuda o desenvolvimento histórico das ideias matemáticas. Ghys é membro da Academia Francesa de Ciências, membro correspondente da Academia Brasileira de Ciências e pesquisador honorário do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), no Rio. 

Paulo J. M. Monteiro 

Professor do Departamento de Engenharia Civil e Meio Ambiente da Universidade da Califórnia, em Berkeley, Monteiro também é pesquisador do Departamento de Materiais no Laboratório Nacional Lawrence, em Berkeley. O brasileiro, que construiu sua carreira nos EUA, é membro da Sociedade Americana de Engenheiros Civis, da Academia de Ciências Europeia e editor-chefe da revista “Avanços na Construção de Concreto”. 

Stevens Rehen 

Professor titular do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador de pesquisa do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), o neurocientista é um dos pioneiros no estudo de células-tronco no Brasil. Rehen é presidente do comitê brasileiro da Pew Charitable Trusts, membro do conselho do Museu do Amanhã e membro afiliado da Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento (TWAS, na sigla em inglês). 

Marcelo Tabarelli 

O engenheiro agrônomo, com mestrado/doutorado em ecologia pela Universidade de São Paulo (USP), pertence ao Departamento de Botânica e ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da Universidade Federal de Pernambuco. O foco de suas pesquisas está na ecologia e conservação de plantas. Atua também como membro do Conselho Deliberativo da ONG Conservação Internacional e na Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco. 

Mayana Zatz 

Professora titular de genética do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP). É coordenadora do Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) e do Instituto Nacional (INCT) do Envelhecimento e Doenças Genéticas: Genômica e Metagenômica. É membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da  Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento (TWAS, na sigla em inglês). O foco de sua pesquisa é genética humana, doenças neuromusculares, células-tronco e envelhecimento. Já ganhou vários prêmios nacionais e internacionais.

*Com informações da Assessoria de Imprensa do Instituto Serrapilheira

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