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Publicado em: 16/02/2017
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Pesquisadores se unem a empreendimento rural para aproveitar resíduos do palmito pupunha

Débora Motta

Acima, a partir da esquerdaElen Pacheco, Bluma Guenther e Sebastien Livi; na imagem à direita (na mesma ordem), Viviane Escócio, Juliana Farias e Bluma exibem as placas feitas da fibra do palmito pupunha, com polímeros, em laboratório na UFRJ (Fotos: Divulgação)

A extração de palmito para fins comestíveis gera uma grande quantidade de rejeitos orgânicos, como tronco e folhas. Apesar de frequentemente ser descartado no lixo ou queimado na roça, esse material pode ser usado pelo setor produtivo como uma matéria-prima sustentável, reduzindo os impactos ambientais e gerando renda. Uma parceria entre pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e um empreendimento rural, a Kaapora Design, situado na fazenda Reserva Botânica das Águas Claras, no município de Silva Jardim, na Região fluminense das Baixadas Litorâneas, propõe um destino ecologicamente correto aos resíduos do palmito pupunha – um tipo de palmeira da região Norte do Brasil, de onde se extrai o palmito ainda jovem, com no máximo três anos. A ideia é aproveitar as fibras naturais presentes no tronco dessa planta para a produção de embalagens e outros materiais, úteis para a construção civil.

“Com o objetivo de encontrar novas aplicações para esse rejeito agrícola, nosso grupo de pesquisa na UFRJ se associou a Kaapora Design e à Reserva Botânica (ReBAC), para desenvolver compósitos, que são materiais formados pela mistura de polímeros com um alto teor de fibras celulósicas, extraídas do palmito pupunha”, explica a química Bluma Guenther, professora e coordenadora do Laboratório de Misturas Poliméricas do Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano (IMA), da UFRJ. “Na universidade, estamos testando o desenvolvimento desses compósitos desde 2012 e investigando as suas propriedades mecânicas, com testes de tração e compressão, para saber como podemos fabricar placas com mais resistência e durabilidade. Além disso, estudamos como produzir compósitos que gerem o menor nível de emissão de carbono para a atmosfera quando queimados, e a sua capacidade de isolamento acústico, com testes coordenados por Lavinia Borges, no Departamento de Engenharia Mecânica da UFRJ”, resume.

Os testes também são realizados no Laboratório de Reciclagem do IMA, coordenado pela engenheira química e professora Elen Pacheco. Esse trabalho de pesquisa, que extrapola os muros da academia, pode gerar um amplo leque de produtos. “Uma das aplicações possíveis desse compósito produzido a partir das fibras do palmito pupunha será na fabricação de embalagens produzidas com polímeros biodegradáveis para mudas de plantas”, conta Bluma, com sua experiência na área de engenharia de materiais. “Outra proposta é aproveitar os resíduos da extração do palmito na fabricação de divisórias para casas populares, em uma parceria futura com a indústria. Seria uma oportunidade de agregar valor a um resíduo vegetal agroindustrial, pois as fibras naturais aumentam a resistência desse material e podem ajudar a torná-lo mais barato para o consumidor”, pondera. O projeto foi contemplado pela FAPERJ por meio do Auxílio à Pesquisa (APQ 1).

Transformando fibras em arte: os resíduos do palmito pupunha são socados no pilão, trabalhados nos teares e se tornam fibras
prontas para a fabricação da VegPlac, que ganha cores e formas criativas nas luminárias artesanais da Kaapora Design    

A iniciativa de aproveitar os resíduos agrícolas do palmito pupunha partiu da administração da Reserva Botânica de Águas Claras, localizada no distrito de Gaviões, em Silva Jardim. Com cerca de 100 alqueires de extensão, e mais da metade dessa área de Mata Atlântica preservada, as palmeiras pupunha são o principal cultivo da fazenda. “Visitando eventos, conheci os sócios da Matéria Brasil, antes chamada Fibra Design Sustentável, que tinham criado um compensado de pupunha. Pensei em desenvolver essa ideia e, nesse meio tempo, conheci a Mônica Castedo, fonoaudióloga e artesã com experiência em papel artesanal, que se tornou minha sócia ao criarmos o VegPlac. Trata-se de uma placa vegetal prensada e impermeabilizada, feita a partir dessas fibras. Foi então que buscamos a parceria com a UFRJ”, conta a proprietária da fazenda e diretora comercial, Cecília Freitas.   

Transformando resíduos em arte, as fibras de pupunha passaram a ser a base do artesanato produzido por um grupo de mulheres rurais – todas trabalhadoras da propriedade. Essa foi a motivação para a criação do projeto Mulheres da Reserva Botânica. “Capacitamos um grupo, criando emprego para a população feminina local, que anteriormente trabalhava como mão de obra temporária na lavoura. Foi um processo de valorização da mão de obra feminina. Acostumadas ao serviço pesado, essas artesãs tiveram que se adaptar à leveza do trabalho manual”, conta a diretora técnica Mônica.

Mônica Castedo (na fileira de trás, a 1ª à esq.) e Cecília Freitas (à dir., de
blusa vermelha), com a equipe de mulheres artesãs da Kaapora Design

Os produtos são comercializados com o selo da empresa Kaapora Design e podem ser encontrados no Rio, no Coletivo Casa Naara (que fica em um sobrado na Rua Teófilo Otoni, 134, nas proximidades da Praça Mauá, no Centro). Entre os objetos fabricados com o VegPlac, destacamos as luminárias e a papelaria que ganham personalidade com texturas naturais e riqueza das cores. “A Kaapora Design é uma empresa que acredita no desenvolvimento sustentável das pequenas localidades rurais. Ela atua no campo, junto à produção e à população agrícola, transformando resíduos de diversas fibras vegetais em produtos de design, ecologicamente sustentáveis, gerando empregos principalmente para a população feminina rural”, conclui Mônica.

Na UFRJ, o projeto vem contribuindo para a formação de recursos humanos, envolvendo oito alunos de Iniciação Científica e dois bolsistas de nível médio que recebem bolsa de Treinamento e Capacitação Técnica (TCT), da FAPERJ. O estudo já resultou em quatro dissertações de mestrado, uma tese de doutorado e um trabalho de pós-doutorado com bolsa FAPERJ. Colabora com o projeto o professor Sebastien Livi, do Institut National des Sciences Appliquées de Lyon (INSA), na França.

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