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Publicado em: 09/12/2016
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Encontros FAPERJ debate energias renováveis

Aline Salgado

A Itaipu Binacional fornece cerca de 15% da energia
consumida no Brasil e 75% no Paraguai (Foto: Reprodução)

Balanço Energético Nacional (BEN), elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), publicado em 2015 com dados de 2014, mostra um expressivo avanço do Brasil rumo a uma maior geração de energia limpa. A matriz energética brasileira conta hoje com 45% de participação de fontes comerciais renováveis e 41% de fontes fósseis, não-renováveis. Enquanto isso, no mundo, o uso de combustíveis fósseis para a geração de energia chega a 78% e as fontes renováveis representam apenas 19%. 

Os dados foram apresentados na última quarta-feira, 7 de dezembro, pelo professor do Programa de Planejamento Energético do curso de pós-graduação e pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Amaro Olímpio Pereira Jr. Palestrante convidado da última edição do ano da série de Encontros FAPERJ, que acontece na sede da Fundação e reúne pesquisadores de importantes centros de pesquisa e agências de fomento do estado e do País, Pereira Jr. disse apostar no potencial do Brasil em se manter na vanguarda da geração de energia sustentável.  

"Do percentual de energia renovável utilizada em 2014, a geração hidrelétrica representou 13% e a biomassa da cana-de-açúcar 19%. É preciso considerar nesses dados, no entanto, o quadro hidrológico atípico de 2014, com a forte estiagem nas regiões Sudeste e Nordeste. Embora esse fator pontual tenha influenciado nos números, os dados dos anos anteriores mostram a supremacia da matriz hidrelétrica, acompanhada de um crescimento do uso da biomassa e das energias solar e eólica", afirmou Pereira Jr.

Segundo dados da EPE, o potencial técnico hidrelétrico do Brasil chegaria a 260 gigawatt de energia. No entanto, o maior potencial remanescente de geração está na região Norte, onde a topografia exigiria a inundação de uma área grande de planície. "Por isso os projetos lá envolvem usinas de fio d´água, que trazem um impacto ambiental menor. No entanto, perde-se o equilíbrio dos sistemas, pois não temos como armazenar água no período de estiagem. Por isso, há a necessidade de o Brasil se lançar rumo a outras fontes, inclusive renováveis", ressaltou o professor da Coppe.

A energia gerada pela queima de biomassa, como o bagaço da cana-de-açúcar, pelos ventos e, principalmente, pelo sol seriam algumas das alternativas limpas mais viáveis para o Brasil, como apontou Pereira Jr. Segundo o levantamento da Rede Global de Políticas de Energia Renovável para o século 21 (REN21), houve um crescimento de 50% entre os anos de 2009 a 2014 no uso da energia solar fotovoltaica e energia solar concentrada (CSB – do inglês concentrating solar power) no mundo. China, Estados Unidos e Alemanha estão na dianteira dessa produção de energia.

"O potencial local de energia solar na pior região do Brasil, como o Sul, é melhor que a melhor região da Alemanha. Isso significa dizer que a irradiação por metro quadrado no Brasil é muito superior, o que nos garante uma vantagem competitiva", afirmou Pereira Jr.

Para Pereira Jr., o alto custo da energia freia a instalação de
indústrias de painéis solares no Brasil (Foto: Lécio A. Ramos)

Para o especialista, o alto custo da tarifa de energia elétrica, hoje em média R$ 0,45 por kilowatt-hora, é um dos entraves para a expansão da geração de energia elétrica via matriz solar no modelo fotovoltaico no País. "Apesar de termos a segunda maior reserva de silício do mundo, elemento base para a produção das placas de captação fotovoltaicas, o alto custo da energia impediria o beneficiamento do silício e, assim, a instalação de indústrias de equipamentos dessas placas. A concorrência com a China acabaria por inviabilizar esse processo também", explica o professor da Coppe.

Apesar das barreiras encontradas, algumas iniciativas governamentais têm buscado minimizar a dependência do Brasil de fontes de energia não-renováveis, especialmente o petróleo e seus derivados, e incentivar a produção de energia limpa. Segundo o especialista em Planejamento Energético, a escolha dos mecanismos mais adequados de estímulo a essa reorientação de geração de energia depende do estágio de desenvolvimento das tecnologias. Na fase inicial, os programas de incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento (P&D) são os mais indicados.

Ao se atingir um estágio mais avançado de desenvolvimento tecnológico, a tarifa feed-in, como a implementada no Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa), e as isenções fiscais aparecem como as ações que garantem melhores resultados. Por fim, ao se alcançar uma fase mais madura de desenvolvimento, os certificados verdes e as cotas de carbono complementariam os esforços para o incentivo à consolidação de uma nova matriz energética no País. 

"Ao pagar uma tarifa feed-in, isto é, superior à tarifa de energia convencional, o governo, por meio da Eletrobras, incentivou a construção de usinas de energia limpa pelo País. O Proinfa foi criado em 2002, inicialmente com o objetivo de construir 3.300 megawatts de capacidade energética, dividido entre fontes renováveis, como a eólica, PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e biomassa. As últimas usinas apoiadas pelo programa foram finalizadas em 2010 e ainda estão em funcionamento", esclarece Pereira Jr. 

Para o futuro, o especialista em Planejamento Energético visualiza uma nova configuração no funcionamento do setor elétrico, com uma maior atuação da geração distribuída, aquela feita pelos próprios consumidores. "O sistema elétrico possivelmente terá que atuar mais com o sistema de telecomunicações, pois o consumidor vai participar mais desse sistema de geração própria de energia. É preciso também que uma regulação apropriada acompanhe toda essa transição", ressaltou o professor da Coppe.

Segundo o pesquisador, um outro desafio seria o de garantir o abastecimento ininterrupto de eletricidade, tendo como fonte apenas as usinas de energia renovável. "A intermitência do sistema de geração de energia eólica e solar envolve o problema do armazenamento de energia. E não estou falando apenas do uso de baterias e sim de uma mudança no modo de se armazenar a energia produzida, por exemplo, pela biomassa. As fontes renováveis têm uma série de benefícios, mas elas são mais caras. É preciso que venham junto com a atração de uma indústria, para gerar empregos e trazer benefícios associados", concluiu o pesquisador. 

A série de Encontros FAPERJ entra em recesso agora em dezembro e só será retomada em março de 2017.  A série de palestras é organizada pelo Núcleo de Estudos em Políticas Públicas para Inovação (Neppi), sob a coordenação de Thiago Renault, diretor da Agência de Inovação (Agir), da Universidade Federal Fluminense (UFF), e conta com a participação de José Manoel Carvalho de Mello, professor do programa de pós-graduação em Engenharia de Produção (UFF) e assessor da Agir, e de Sérgio Yates, empreendedor e pesquisador.

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