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Publicado em: 10/11/2016
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Simpósio discute os avanços e desafios do estudo do Zika vírus

Débora Motta

A partir da esq., Jerson Lima Silva, Wilson Savino e
Elisabeth Moreira (Fotos: Lécio Augusto Ramos)

Um ano depois de ser decretado estado de emergência nacional e internacional diante da epidemia causada pelo Zika vírus no Brasil, cientistas se reúnem ao longo dessa semana na sede da Academia Nacional de Medicina (ANM), no Centro, para discutir os avanços e desafios científicos para o combate à doença. O simpósio internacional “Zika: Conquistas e Desafios um ano após a Declaração de Emergência no Brasil”, que vem sendo realizado desde a segunda-feira, dia 7 de novembro, e se estende até esta sexta, dia 11, conta com a presença de pesquisadores de todo o mundo, empenhados em discutir a questão e compartilhar suas experiências acadêmicas.

Durante a mesa-redonda “Organization of Networks to Tackle the Zika Menace”, realizada na tarde desta terça-feira, 8 de novembro, o diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) Wilson Savino, um dos organizadores do evento, destacou o pioneirismo da FAPERJ ao lançar, em dezembro de 2015, um edital específico para apoiar o estudo das arboviroses, que incluem a Zika e a Chikungunya. “A articulação de pesquisas científicas em redes, nacionais e internacionais, foi uma mudança de paradigmas no enfrentamento ao Zika vírus. Nesse sentido, o edital Pesquisa em Zika, Chikungunya e Dengue no Estado do Rio de Janeiro – 2015 contribuiu no sentido de unir a comunidade científica para gerar conhecimento e dar respostas à sociedade diante de uma emergência em saúde pública”, disse Savino, que é coordenador de uma das seis redes de pesquisa apoiadas no edital, intitulada “Microcefalia associada à infecção pelo vírus Zika: uma abordagem transdisciplinar.”

Com experiência na área de imunologia celular, ele destacou a importância da realização do simpósio. “Precisamos discutir os avanços e os desafios que temos no controle do Zika vírus. Houve avanços em relação ao diagnóstico da doença, e temos perspectivas positivas em relação a pesquisas que apontam, no futuro, para as primeiras alternativas de tratamento e a possibilidade de se pensar em uma vacina. Hoje, cerca de 30 instituições de pesquisa no mundo estão pesquisando o desenvolvimento de protótipos de vacinas para Zika”, ponderou Savino.

Mas também há desafios a serem superados em um prazo imediato, como a necessidade de um melhor controle do vetor – o mosquito Aedes aegypti. “Temos, por exemplo, um estudo coordenado por Luciano Moreira, da Fiocruz-Minas, com a participação de Ricardo Lorenzo, do IOC/Fiocruz, no Rio, sobre o uso da bactéria Wolbachia como uma alternativa natural, segura e autossustentável para o controle de dengue, Chikungunya e Zika. O estudo traz dados inéditos sobre a capacidade da Wolbachia de reduzir a replicação do vírus no organismo do mosquito”, completou.

O diretor Científico da FAPERJ destacou a importância
da 
formação de redes de pesquisa sobre o Zika vírus

Por sua vez, o diretor Científico da FAPERJ, Jerson Lima Silva, também pesquisador e professor do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IBqM/UFRJ), falou sobre a organização e o manejo da rede de "Pesquisa em Zika, Chikungunya e Dengue no Estado do Rio de Janeiro – 2015”, da FAPERJ. Ele destacou a importância da criação desse edital específico para a rápida articulação das comunidades científica e tecnológica no ano passado, quando ainda não estava confirmada a relação da infecção por Zika com os casos de microcefalia em bebês e outras alterações congênitas, bem como a Síndrome de Guillain-Barré.  “Foi importante a ideia de formar redes de pesquisa, em vez de apoiar os grupos separadamente. A comunidade científica tem feito um trabalho impressionante de qualidade e em grande quantidade, como mostra o grande número de publicações brasileiras referentes a descobertas recentes sobre o Zika vírus. Por já ter uma base de pesquisa constituída nos anos anteriores, nossos cientistas puderam responder com agilidade”, reconheceu Silva. 

Pelo programa, a FAPERJ apoia seis redes de pesquisa em arboviroses, que incluem aproximadamente 380 pesquisadores em diferentes instituições de ensino e pesquisa do estado, como a UFRJ, a Fiocruz, a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf). Com recursos previstos da ordem de R$ 12 milhões por dois anos, o programa prioriza a busca por respostas emergenciais sobre as doenças, incluindo o estudo de novas estratégias para o controle do mosquito Aedes aegypti, de prevenção da doença, de métodos de diagnóstico e dos casos de microcefalia.

Outra mesa-redonda realizada na terça-feira foi “Setting up and managing na international effort to cope with a human health crisis: the Zika outbreak in Brazil as a case”. A médica pediatra Maria Elisabeth Lopes Moreira, que é professora do Instituto Fernandes Figueira, da Fiocruz, compartilhou sua experiência. Ela coordena o projeto “Exposição vertical ao Zika vírus e suas consequências para o neurodesenvolvimento infantil”, apoiado pela FAPERJ. “Hoje, há cerca de 2000 casos confirmados de microcefalia associados à infecção pelo Zika vírus no Brasil”, afirmou.

A pesquisadora apresentou um panorama sobre o estudo “Zika in Infants and Pregnancy-ZIP” (Zika em Grávidas e Bebês), que tem o objetivo de acompanhar até 10 mil mulheres, a partir no primeiro trimestre de gravidez, para determinar se foram expostas ao Zika e avaliar as consequências da infecção para mãe e feto nos casos positivos. Os bebês das mães participantes serão acompanhados pelo menos ao longo de ano após o nascimento. O projeto conta com o suporte da Fiocruz e da instituição americana National Institutes of Health (NIH). “Mesmo os bebês que não tem microcefalia apresentam, muitas vezes, outras alterações neurológicas. Cerca de 42% dessas crianças, aparentemente normais, desenvolvem algum problema no neurodesenvolvimento ainda no primeiro ano de vida”, revelou.

Esse tema é apresentado no artigo Zika virus infection in pregnant woman, publicado no New England Journal of Medicine, que tem Elisabeth como uma das autoras (veja o artigo: http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1602412#t=article). Elizabeth lembrou que o conhecimento da história natural da transmissão vertical do Zika vírus e sua associação com alterações do neurodesenvolvimento fetal e nos primeiros anos de vida ainda é escasso e estudos sobre biomarcadores, mecanismos de resposta inflamatórias, evolução viral e desenvolvimento de testes sorológicos para identificação de infecção pelo Zikavírus, fatores que determinam gravidade e evolução clínica são necessários.   

O simpósio é uma realização da ANM, Academia Brasileira de Ciências (ABC) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com o apoio da FAPERJ, do IAP for Health (parceria internacional das academias de ciência para a saúde), da Bayer, e da Coordenação de Pessoal de Nível Superior (Capes).  A Academia Nacional de Medicina fica na Av. General Justo, 365, 7º andar, no Centro (próximo ao aeroporto Santos Dumont). As inscrições podem ser realizadas no endereço: http://eventos.fiocruz.br/evento/zika-symposium

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