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Publicado em: 19/05/2016
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Pesquisadores brasileiros podem concorrer a bolsas da agência de fomento europeia ERC

Débora Motta

Pesquisadores brasileiros podem se candidatar às bolsas oferecidas pela agência de fomento à pesquisa europeia European Research Council (ERC), ou, em português, Conselho Europeu de Pesquisa. Uma das vantagens das bolsas disponibilizadas pela ERC é a flexibilidade, visto que os contemplados não precisam interromper seus vínculos de trabalho no Brasil. Evitando a “fuga de cérebros” do País, eles podem passar metade do tempo total da pesquisa no País, desde que passem a outra metade, em prazos a combinar, pessoalmente, na instituição parceira escolhida na Europa, conforme requisitos da ERC. “Esse é um diferencial das nossas bolsas. Elas permitem ao pesquisador conciliar o desenvolvimento dos seus trabalhos na sua universidade, do seu país de origem, e compartilhar conhecimentos na Europa, formando redes de pesquisa internacionais”, destacou Isabelle Ortmans, uma das responsáveis pelo Departamento Científico da ERC, que concedeu entrevista durante sua participação na 3ª Conferência Euraxess Links – Conectando Pesquisadores Internacionais do Brasil e da União Europeia, realizada na quarta-feira, 11 de maio, em Copacabana.

Isabelle destacou que as três principais modalidades de bolsas concedidas pela ERC são para projetos de pesquisa longos, com no máximo cinco anos de duração, coordenados por um pesquisador líder, o proponente. São elas: Starting Grant, Consolidator Grant e Advanced Grant. A primeira modalidade é voltada para jovens pesquisadores, que tenham concluído o doutorado e tenham experiência de dois a sete anos após a obtenção do título de doutor. “A Starting Grant ajuda jovens talentos a criar seus próprios grupos de pesquisa. O pesquisador líder pode receber um total de cerca de R$ 6 milhões para desenvolver seu projeto por cinco anos, decidindo a melhor forma de alocar esses recursos para pagar recursos humanos e investir na infraestrutura necessária à pesquisa”, destacou Isabelle.

Por sua vez, a modalidade Consolidator Grant é destinada a cientistas com experiência profissional de 7 a 12 anos após o doutoramento. “A Consolidator Grant tem o objetivo de ajudar a consolidar seus próprios grupos de pesquisa ou programas. Os laureados podem receber aproximadamente R$ 8 milhões para projetos com cinco anos de duração”, disse Isabelle. Já a Advanced Grant é oferecida a pesquisadores de ponta com vasta experiência, com pelo menos uma década de realizações científicas de alto nível. “A Advanced Grant destina cerca de R$ 10 milhões para projetos a serem desenvolvidos ao longo de cinco anos”, explicou. Além dos valores concedidos em cada modalidade de bolsa, há recursos adicionais direcionados a pesquisadores não europeus contemplados pelo ERC (R$ 1 milhão para Starting Grants, R$ 3 milhões para Consolidator Grants e R$ 4 milhões para Advanced Grants).

Normalmente, acontece uma janela de inscrições por ano para cada modalidade de bolsas. A modalidade Advanced Grant deve abrir inscrições este mês, de 24 de maio a 1º de setembro de 2016. Interessados em submeter projetos ao Starting Grant devem ficar atentos a partir de julho, quando devem começar as inscrições, seguindo até outubro deste ano. Já a modalidade Consolidator Grant deve abrir sua janela de inscrições de outubro de 2016 até fevereiro de 2017. Confira mais informações no site da ERC: https://erc.europa.eu/funding-and-grants

A Isabelle destacou ainda o desejo de estreitar a colaboração com pesquisadores brasileiros. “Entre 2014 e 2015, apenas 26 pesquisadores brasileiros foram contemplados com bolsas da ERC, de um total de 14.751 pesquisadores, de diversas nacionalidades, de dentro e de fora da Europa, que submeteram propostas nesse período. O matemático carioca Artur Avila, ganhador da Medalha Fields, foi um dos bolsistas da ERC, na categoria Starting Grant, de 2010 a 2015”, citou Isabelle. “Gostaríamos de ampliar esse número, com mais brasileiros participando e expandindo conhecimentos em rede. Na verdade, isso acontece porque poucos pesquisadores brasileiros submetem projetos ao ERC. Queremos divulgar mais essas oportunidades”, disse.   

O processo de seleção para as bolsas da ERC é acirrado. “Entre todos os pesquisadores que submetem propostas anualmente, a média de selecionados é de 12 a 15 por cento”, reconheceu Isabelle. Ela ressaltou que os critérios de seleção têm como base a excelência dos projetos apresentados e a excelência dos pesquisadores-líderes. “Os proponentes devem ter currículos muito competitivos, preferencialmente com artigos publicados em revistas relevantes. É preciso indicar a instituição de pesquisa parceira na Europa já no ato de submissão das propostas, apresentando a carta de recomendação da instituição europeia”, explicou.

Para a seleção dos projetos, a ERC trabalha com 25 painéis de pesquisadores-avaliadores para cada uma das chamadas, com experiência nas diversas áreas do conhecimento. “É importante destacar que a avaliação acontece em duas etapas. Na primeira, o projeto é avaliado por um painel de generalistas, que faz a triagem inicial. O texto deve ser apresentado em uma versão enxuta (short proposal), de até cinco páginas, mas deve sintetizar muito bem o projeto, resumindo de forma clara a sua importância e objetivos”, disse Isabelle. “Na segunda etapa, o mesmo painel, dessa vez com a participação de especialistas no tema proposto, avalia os projetos aprovados na primeira etapa, que representam apenas 30 por cento daqueles submetidos inicialmente. Nesta segunda fase, os projetos devem ser apresentados no formato full proposal, em 15 páginas, mais detalhado e incluindo a programação orçamentária. Mais uma vez, é preciso que o texto seja claro e resuma bem o aspecto inovador do trabalho”, completou.

De acordo com o professor Moacyr Martucci, ponto de contato do ERC no Brasil e coordenador geral do Instituto de Estudos Brasil-Europa, da Universidade de São Paulo (USP), uma qualidade desejável na hora de submeter o projeto à ERC é ser realmente inovador. “A primeira coisa é ter uma ótima ideia, com impactos científicos relevantes. A outra é ser um pesquisador que se qualifique sempre e se preocupe em ter boas publicações. É preciso ter a ideia e testá-la com seus pares, para ver se ela funciona. A equipe que vai participar tem que ser boa e complementar. É preciso estar alinhado a uma instituição europeia parceira (host institution) que tenha tradição e seja capaz de dar apoio à pesquisa, tanto em infraestrutura como em recursos humanos”, sugeriu Martucci.   

Sobre a ERC

Criada em 2007 e sediada em Bruxelas, a ERC é a primeira agência pan-europeia de fomento à pesquisa. Sua missão é encorajar pesquisas de ponta desenvolvidas em todos os campos do conhecimento, sem prioridades de temas, desde que tenham como base a excelência científica e tecnológica. Vale destacar que pesquisas na área de humanidades também são contempladas. Particularmente, a agência motiva a realização de pesquisas que cruzam as tradicionais barreiras disciplinares, valorizando campos de pesquisa emergentes e abordagens inovadoras e pouco convencionais. “Não usamos os termos pesquisa básica ou aplicada para definir nossas linhas de fomento, mas dizemos que fomentamos pesquisas de fronteira, que estão na dianteira do conhecimento. Assumimos o risco de financiar ideias inovadoras, que muitas vezes não são contempladas pelas agências de fomento nacionais”, resumiu Isabelle.

Como parte do “Horizonte 2020” – o maior programa de financiamento à pesquisa da União Europeia –, a ERC tem um orçamento total de mais de 13 bilhões de euros, disponibilizado para o financiamento de projetos individuais no período de 2014 a 2020. Ela complementa outras atividades de financiamento na Europa, como aquelas concedidas por agências de fomento nacionais.

Mais informações: https://erc.europa.eu

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