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Publicado em: 19/11/2015
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Conectar para avançar em inovação

Aline Salgado

Garnica mostrou dados da Anpei sobre o sistema
de inovação no País (Fotos: Lécio Augusto Ramos)

Tendência mundial, a produção colaborativa em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) orientou os debates da 7ª edição do Encontros FAPERJ, evento promovido pelo Núcleo de Estudos em Políticas Públicas para Inovação (Neppi), que aconteceu na última quarta-feira (18/11), na sede da Fundação. Gerente científico para Sistemas de Inovação da Natura, empresa multinacional brasileira do segmento de cosméticos, e coordenador do Comitê de Interação Instituição Científica e Tecnológica (ICT) - Empresa, da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), Leonardo Garnica foi o palestrante convidado. Ele discutiu os principais avanços e desafios do sistema de inovação brasileiro.

Diante de uma plateia formada por especialistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), da L'Óreal, além do corpo técnico da FAPERJ, Garnica apresentou recente pesquisa da Anpei, finalizada em 2014, que revelou que o Brasil teve importantes avanços no sistema de inovação nos últimos 10 anos. Os progressos envolveram as esferas institucionais, recursos humanos, políticas públicas e engajamento dos setores. No entanto, toda essa evolução ainda não é suficiente para se considerar o sistema de inovação nacional maduro.  

De acordo com os dados, pelo menos 12 mil empresas investem hoje em inovação, em alguma medida. O crescente número de startups e a existência de uma densa rede de produção de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) no meio acadêmico, também foram apontados como indicadores de progresso. Hoje, 1.150 instituições de Ensino Superior, 80 universidades de pesquisa e 57 institutos federais trabalham com produção que impactam o sistema de inovação.

Pelo viés governamental, Garnica também enxerga melhorias. “Com exceção do período recente, demarcado pela crise atual, observamos um crescimento de recursos e instrumentos, com destaque para a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a partir de 2005. Mas é preciso aumentar os investimentos em pesquisa e tecnologia [P&D] nas empresas", salientou. Segundo o executivo, a Natura é uma das poucas companhias que mantém o compromisso público de investir 3% de sua receita líquida anual em inovação. Em termos reais, o percentual equivaleu a R$ 216 milhões, em 2014, e resultou no lançamento de 239 novos produtos no mercado.

“O sistema de inovação brasileiro está se tornando mais robusto, mas precisa ainda amadurecer com a forte necessidade de buscar estabilidade e coordenação dos esforços entre os atores-chave no sistema de C,T&I [Ciência, Tecnologia e Inovação]. O momento atual, de ajuste fiscal na economia, é bastante duro, pois observamos a queda da nossa posição em índices globais que medem a capacidade de inovação. Isso nos deixa em alerta e revela que há muito trabalho por fazer a despeito do enorme empenho da comunidade já engajada nesse esforço de pesquisa, desenvolvimento e inovação”, afirmou Garnica.

Outra constatação obtida por meio da análise das estatísticas da Anpei é a predominância do modelo de articulação para o desenvolvimento de inovação baseado na interação das instituições científicas e tecnológicas (ICTs) com grandes companhias. “Os dados nos permitem observar que as startups e os parques tecnológicos ainda estão afastados do núcleo principal da inovação. É preciso trazer as pequenas e médias empresas (PMEs) mais para perto desse núcleo de inovação e fortalecer cadeias de valor ”, disse Garnica. Outro aspecto importante sinalizado é a forte relação entre os recursos de fomento e a geração de colaboração no sistema. O que revela a efetividade das políticas públicas. “Mas também demonstra uma fragilidade do sistema, especialmente em tempos de crise”, ressaltou o executivo.

Na palestra, o especialista destacou a importância
de atrair as PMEs para o núcleo de inovação

O Marco Legal para Ciência, Tecnologia e Inovação também entrou no círculo de debates. Para Garnica, alguns obstáculos têm sido transpostos por meio das medidas, como a pesada burocracia na articulação de parcerias entre ICTs e empresas. Alguns pontos, no entanto, precisam seguir ainda na reta da evolução, como a melhoria na formação de uma agenda de inovação mais integrada, a maior aproximação da classe científica e das Pequenas e Médias Empresas (PMEs), além do aumento do incentivo à criação de novos negócios de base tecnológica.

Apesar do receio quanto ao futuro do estímulo à inovação no País, na visão de Garnica, o Brasil tem conseguido evoluir. Além da forte expansão da pós-graduação e pesquisa, da internacionalização da ciência em redes colaborativas, do forte crescimento dos Núcleos de Inovação Tecnológica nas ICTs, e dos novos formatos em redes colaborativas – como os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTS/CNPq) –, está sendo desenvolvida uma agenda mais integrada de ciência e tecnologia no sistema acadêmico. Um dos recentes exemplos é a parceria do Governo do Estado de São Paulo com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e as comunidades academia e empresarial na construção de um plano de Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI).

“O governador [Geraldo Alckmin], junto com o secretário de Ciência e Tecnologia [Márcio França] demandaram à Fapesp a coordenação do Plano Diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Estado. Uma iniciativa positiva, pois a agência de fomento tem uma forte integração com a academia e as empresas. E há importantes lideranças na fundação que têm o respeito da comunidade empresarial. Não sabemos como será implementado na prática, mas no ano passado, houve sistemáticos encontros de grupos do Plano Diretor”, disse Garnica.

Há outras conexões que têm contribuído para a construção de um sistema de inovação no País, entre elas está o modelo de parceria proposto pela recém-criada Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Para o coordenador do Comitê de Interação ICT- Empresa da Anpei, “o modelo desburocratizou bastante os contratos de inovação” entre as companhias e os institutos de pesquisa.

“Mas é preciso ressaltar que existem espaços de liderança nas academias que precisam se integrar mais nesse processo de incentivo à inovação”, ressaltou Garnica. “O que se faz hoje majoritariamente é um varejo, onde se bate de porta em porta para conseguir apoio a iniciativas. Assim, avançamos com limitações em relevância", criticou o executivo. 

Para o especialista, é importante avançar na integração com a agenda de inovação na interface da academia, incluindo suas lideranças como: Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e o Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec). “Com este último, já existe uma boa aproximação, mas ainda podemos avançar mais”, enfatizou Garnica.

Grupo de jovens pesquisadores na maratona de
ideias do Hackathon (Foto: Divulgação/Natura)

À frente da gerência científica para Sistemas de Inovação da multinacional brasileira Natura, Garnica apresentou à plateia algumas iniciativas de sucesso que tem levado à empresa a transpor as fronteiras da produção de pesquisa convencional. Natura Campus, Cocriando e, o mais radical deles, o Hackathon, uma espécie de maratona de ideias de 72 horas para a construção de novos projetos, que contou com a colaboração do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em 2014. O pilar das ações da companhia para investir em inovação está estruturado na chamada “produção colaborativa ou aberta”. 

Garnica enfatiza que inovar também é atuar de forma articulada. “Seja no comportamento empresarial e na gestão de negócios, até a relação com os públicos, consumidores e comunidade, a Natura pensa, desde 2001, a inovação de forma aberta. Acreditamos na geração de valor por meio da interação com as universidades, órgãos de fomento, consumidores, empreendedores entre outros”, afirmou o executivo.

Mantendo-se na vanguarda, a Natura lançará, no ano que vem, com sede em São Paulo, um centro de pesquisa aplicada em bem-estar e comportamento humano. Com investimento total de R$ 20 milhões, 50% da Natura e 50% da Fapesp em mais contrapartidas econômicas das universidades envolvidas, o centro atuará em linhas de pesquisa nas áreas de neurociência, psicologia positiva, psicologia social, neuroimagem, neuropsicofisiologia e psicometria. O centro de pesquisa terá unidades distribuídas na Universidade de São Paulo (USP), na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e na Universidade Presbiteriana Mackenzie.    

Para o próximo Encontros FAPERJ, o Neppi convida o coordenador dos cursos de graduação de Cinema e Audiovisual e Jornalismo e da pós-graduação em Produção Audiovisual da ESPM, Pedro Curi.  O professor vai discutir o impacto das tecnologias da informação, bem como os desafios e oportunidades para a cadeia do audiovisual. Ainda sem data definida, o evento está previsto para acontecer na primeira quinzena de dezembro.


Guia para inovar

Quem tem interesse em inovar, mas não sabe por onde começar, a dica é consultar o guia elaborado pela Anpei. O passo a passo está disponível no portal http://www.anpei.org.br/. Lá há informações básicas sobre como ingressar no sistema de inovação, como avaliar as oportunidades de fomento, onde encontrar parceiros, orientações para planejar, negociar e manter parcerias; bem como, executar e encerrar projetos. “Há também uma área com cases de sucesso, que ilustram com exemplos reais de como as empresas e as ICTs cooperam para investir em P&D”, resumiu Garnica.

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