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Publicado em: 12/11/2015
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Exposição mostra como vivem os caiçaras da Ilha Grande

Danielle Kiffer

Árvore da vida: em cada uma das garrafas penduradas, uma
espécie de planta nativa da região; 
os visitantes podem levar
as folhas, que são marcadores de livros. (Foto: Divulgação)

Quem visitar a exposição "Certos Modos de Ser Caiçara", inaugurada nesta quinta-feira, 12 de novembro, no Museu do Meio Ambiente, localizado na Vila Dois Rios, na Ilha Grande, Costa Verde fluminense, poderá mergulhar na cultura caiçara em todos os seus aspectos: apreciar e vivenciar os hábitos e tradições da população que vive na Ilha Grande há cerca de 400 anos, desde as brincadeiras típicas, as primeiras moradias e sua religiosidade. A mostra, que tem curadoria do professor Ricardo Lima, diretor do Departamento Cultural (Decult) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), marca a inauguração da nova sede do museu – construção do século XIX remanescente da antiga Fazenda Dois Rios, mais tarde usada para abrigar o antigo Instituto Penal Cândido Mendes, presídio em que estiveram presos famosos, como o escritor Graciliano Ramos, Fernando Gabeira e Madame Satã. O Museu do Meio Ambiente é parte do "Ecomuseu Ilha Grande", que abriga, ainda, o Museu do Cárcere, o Centro Multimídia e o Parque Botânico.

Para a realização dessa exposição, Lima e sua equipe passaram três anos na Ilha Grande, realizando entrevistas, fazendo filmagens e gravando áudios. Eles também receberam doações de objetos de uso pessoal de moradores da ilha e recursos da FAPERJ por meio do edital Apoio a Projetos de Pesquisa na Área de Humanidades. As instalações do museu também passaram por três anos de obras para receber a mostra.

Segundo Lima, um dos pontos altos da exposição é a pesca, importante para a sobrevivência da população da Ilha Grande. Na mostra, há uma sala com fotografias e objetos dedicados a essa atividade, mostrando as técnicas utilizadas pelos caiçaras. Uma delas é a pesca de cerco, prática aprendida com os japoneses que, nos anos 1900, migraram para trabalhar nas fábricas de sardinha da ilha. “Nela, utiliza-se uma espécie de rede oval, que, como currais, é deixada no mar para capturar os peixes”, explica o diretor do Decult.

Em outra sala, a foto de um menino brincando com um barquinho está ao lado de uma vitrine de barcos de brinquedo, feitos pelas próprias crianças da Ilha. “Esse lado da exposição mostra a parte lúdica da pescaria e também as tradições que passam de geração a geração na vida da ilha, sem rompimentos abruptos como acontece na nossa sociedade: a criança brinca de barquinho, brinca de pescar e, quando se dá conta, já está adulta e realizando a pesca como ofício”, explica Lima.

Outro destaque é para a casa de farinha, em que a atividade é predominantemente feminina. Ali, se mostra todo o processo de fabricação da farinha de mandioca, com a fiel reprodução de um forno à lenha, habitualmente utilizado nessa prática. “Estabelecendo uma comparação entre os principais ofícios femininos e masculinos, podemos perceber que o peixe e a farinha de mandioca se complementam; ninguém se alimenta só de peixe nem só de farinha, o que mostra um certo equilíbrio dos papéis feminino e masculino na sociedade caiçara, estabelecendo, de certa igualdade na importância dos gêneros.”

Passado e futuro também se misturam quando o assunto é a parte puramente lúdica da exposição. Na parte dedicada às brincadeiras infantis, estão as sementes conhecidas como “olho de boi”, utilizadas para jogar coroanha. Há ainda desenhos feitos pelos pequenos habitantes da ilha especialmente para a exposição. “Nos desenhos, você pode ver as brincadeiras de pique, a tradicional coroanha, assim como personagens de playstation e de desenhos animados atuais, o que mostra que a população convive bem tanto com suas tradições e quanto com a contemporaneidade”, diz.

Os visitantes poderão conhecer ainda a Árvore da Vida, uma estrutura com garrafas de vidro penduradas dos galhos. Em cada uma das 60 garrafas, foram plantadas diferentes espécies de plantas medicinais utilizadas na região, como assa-peixe e erva-cidreira. Nos troncos, pequenos receituários em forma de folha poderão ser levados como brindes pelos visitantes e usados como marcadores de livros.

Paralelamente à abertura da mostra, será inaugurado o Parque Botânico, no mesmo prédio em que funcionou anteriormente a lavanderia do presídio, agora coberto por orquídeas e bromélias da região. De acordo com a coordenadora do parque Cátia Calado, da Uerj, o objetivo do trabalho é contar a história da Ilha Grande através de suas plantas nativas. “O parque existia como projeto, e durante vários anos, funcionou como uma unidade de pesquisa sobre a flora local. Foram realizados vários inventários para se conhecer as mais de mil espécies nativas catalogadas. Desse modo, foram levantados dados que abrangem mais de três mil anos até os dias de hoje, passando pelos períodos colonial, imperial e republicano. O local estará aberto à visitação apenas uma vez por mês, para que se possa preservar o processo de produção de mudas”, conclui.

Serviço: O Ecomuseu Ilha Grande (Rua Amapá, s/n - Vila Dois Rios) funciona de terça a domingo, das 10h às 16h, incluindo feriados – exceto 25 de dezembro e 1º de janeiro. O agendamento de visita guiada deve ser feito pelos telefones (21) 2334-1047 ou (24) 3361-9055 ou pelo e-mail ecomuseu@uerj.br. O museu oferece transporte para grupos de até 20 pessoas, prioridade para escolas públicas e visitantes de terceira idade, mediante agendamento prévio.

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