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Publicado em: 15/10/2015
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Mão de obra qualificada em polos industriais é tema do Encontros FAPERJ

Aline Salgado

A indústria metalmecânica foi um dos setores-chave
debatidos  (Foto: Divulgação/Governo do Estado)

A formação e fixação de mão de obra qualificada em zonas industriais, com a consequente criação de ambientes de inovação, é um importante estágio de desenvolvimento que o estado do Rio de Janeiro ainda precisa avançar. Professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ) e coordenadora do Programa de Pós Graduação em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (PPED-UFRJ), Renata La Rovere avalia que a maioria das concentrações econômicas do estado não dispõe, em número suficiente, de centros de formação de mão obra qualificada. De acordo com a pesquisadora, essas regiões também não conseguem gerar oportunidades de emprego capazes de fixar profissionais de alta formação acadêmica, como mestres e doutores, contribuindo para uma superconcentração de mão de obra de excelência na Região Metropolitana do Rio.

A análise faz parte de um estudo coordenado por Renata e que deu enfoque aos setores-chave da indústria fluminense: petróleo e gás, construção naval, farmacêutica, metalurgia, metalmecânica e bebidas. A pesquisa foi apresentada e discutida na 5ª edição do Encontros FAPERJ, evento promovido pelo Núcleo de Estudos em Políticas Públicas para Inovação (Neppi), da Fundação, e que aconteceu na última quarta-feira (14/10), na sede da agência. Estiveram presentes o presidente da FAPERJ, Augusto C. Raupp, o subsecretário de Educação Profissional e Ensino Superior da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti-RJ), Tande Vieira, além de especialistas da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI); da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Universidade Federal Fluminense (UFF); Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj); Conselho Estadual de Educação; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Clube de Engenharia; Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa;  Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro); Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae); Instituto Jardim Botânico do Rio de Janeiro, além do corpo técnico da FAPERJ.
  
Com base nos dados da Relação Anual de Informações (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Mapa da Ciência – publicação de 2014 da FAPERJ em conjunto com o Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação dos Servidores Públicos do Rio de Janeiro (Ceperj) –, a equipe de pesquisadores de Renata mapeou a oferta e a demanda por capacitação profissional dos setores-chave da indústria fluminense, a partir das principais concentrações econômicas do estado. A análise das regiões seguiu a divisão proposta pelo Mapa da Ciência: Região Metropolitana (que inclui a capital), Centro-Sul Fluminense, Norte e Noroeste, e Baixadas Litorâneas e Região Serrana.

Segundo a economista, a intenção do levantamento era cruzar a oferta de cursos com a demanda de capacitação nessas regiões e, assim, lançar o debate de como melhorar a qualificação da mão de obra local disponível para a indústria e avançar na política de criação de parques tecnológicos e incubadores como ambientes de inovação e fixação de profissionais de excelência. "Os números mostram que há 38 instituições de ensino técnico, superior e pós-graduação no estado do Rio de Janeiro em operação nos setores escolhidos. Mas eles estão presentes em apenas 21 dos 92 municípios fluminenses", observou Renata.

Renata La Rovere ao lado de Augusto Raupp (esq.) e
do analista Caio Imbassahy (Fotos: Lécio Augusto Ramos)

Na indústria de petróleo e gás, a pesquisa constatou que dos 509 cursos ofertados, 237 se concentram na Região Metropolitana, 98 na Região Centro-Sul Fluminense, 95 no Norte e Noroeste, e 39 nas Baixadas litorâneas e Região Serrana. "As atividades de petróleo e gás estão no Norte Fluminense, em Campos e Macaé, principalmente. Mas a capacitação se encontra na Região Metropolitana", questionou a economista.  

Entre os setores-chave analisados, a pesquisadora identificou a correspondência entre concentrações econômicas e polos de capacitação de mão de obra apenas na indústria farmacêutica e em parte da indústria de construção naval e da de bebidas – nestes casos a correspondência ocorre apenas na Região Metropolitana. No setor naval, dos 474 cursos, 52% (227) estão na Região Metropolitana, com destaque para as cidades de Niterói e São Gonçalo, além da capital. O mesmo acontece na indústria farmacêutica, com 51,2% dos polos de capacitação próximos às zonas industriais, localizadas no Rio de Janeiro, São Gonçalo e Niterói. No setor de bebidas, 51,8% dos cursos também estão na Região Metropolitana.

Por outro lado, as indústrias metalúrgica e metalmecânica carecem de centros de capacitação de mão de obra local. Dos 457 cursos ofertados, 48% estão na Região Metropolitana e apenas 20% estão localizados no Médio-Paraíba, Costa Verde e Centro-Sul Fluminense. Cabe destacar que esta última região abriga o polo automotivo do estado, formado especialmente pelas fábricas da Peugeot Citroën, em Porto Real, e Nissan, em Resende; além da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda. 

Outra constatação da pesquisadora é a baixa capacidade do interior em gerar empresas através de incubadoras. A criação dessas companhias iniciantes é uma das principais portas para a geração de empregos qualificados e para a construção de um ambiente de inovação, na avaliação de Renata. "Foram mapeadas 21 incubadoras de empresas, sendo a maioria na capital. Niterói, Campos, Nova Friburgo, Petrópolis e Resende contam cada qual com uma apenas", observou Renata.

A concentração de ambientes de inovação na Região Metropolitana também aparece no número de parques tecnológicos em operação. Apenas o Parque Tecnológico da UFRJ e o BioRio, ambos na Ilha do Fundão, estão em funcionamento. Ao todo, há oito parques em implantação e mais oito em fase de projeto, sendo três deles no interior do estado. Presidente da FAPERJ, Augusto C. Raupp, destacou que a Fundação tem como uma de suas prioridades a construção de centros de produção de ciência, tecnologia e inovação no interior do estado.

 "A avaliação exposta no estudo corrobora com a nossa decisão estratégica de investir em parques tecnológicos no Sul-Fluminense, no Norte-Fluminense e na Região Serrana", salientou Raupp.

"Se não há uma política proativa de desconcentração da capacitação de mão de obra na Região Metropolitana do Rio, as chances desses profissionais que se formaram no interior continuar por lá são reduzidas", emendou Renata.  Segundo a pesquisadora, 80,89% dos mestres e doutores do Rio de Janeiro trabalham na Região Metropolitana. Boa parte desses profissionais é absorvida pelas atividades de ensino e pela administração pública.

A 5ª edição do Encontros FAPERJ contou com 
representantes de 10 centros de pesquisa 

"Se forem criados mais ambientes de inovação no interior do estado, haverá maiores chances de absorção dessa mão de obra qualificada nessas regiões também. Por isso, é tão necessária a criação de políticas públicas voltadas à oferta de emprego e fixação desses profissionais", completou a pesquisadora. 

Integrante do Grupo Executivo do Complexo Industrial das Ciências da Vida (Geciv), Daniela Uziel compartilhou com a plateia dados recentes de uma pesquisa do grupo com egressos dos cursos de Biotecnologia. "Se constata que os graduados e pós-graduados acabam retornando para a universidade, porque têm dificuldades de ingressar na indústria. Nesse setor, há uma inversão entre necessidade e formação. Há uma necessidade maior de técnicos e menos de pós-graduandos", afirmou.

Pesquisador da Finep, Fabio Trindade lembrou que cerca de 40% dos recursos da agência de fomento federal são voltados para as regiões Norte e Nordeste do País. "Raramente esse percentual é atingido. No Rio de Janeiro, a carteira da Finep acaba ficando concentrada. Para vencer o desafio, minha proposta é que haja uma maior articulação entre as instâncias federal e estadual", salientou.

Para Renata, o próximo desafio do grupo de estudos será mapear as condições de inovação em atividades de serviços no Estado do Rio de Janeiro. “É importante termos um olhar apurado, assim como o seu, para a Região Serrana do Rio. Mas é preciso ver além do Laboratório Nacional de Computação Cientifica (LNCC) e considerar a atuação de empresas instaladas em Petrópolis e que são exportadoras de serviços, como a GE Celma (companhia fornecedora de turbinas de avião)”, sugeriu Tande Vieira, da Secti-RJ.  

Os próximos Encontros FAPERJ acontecem em novembro. Serão discutidos o “Potencial inovativo da Indústria e Infra-Estrutura de C&T Fluminense: desafios e oportunidades”, com Jorge Britto, professor do Departamento de Economia da UFF; e “A interação universidade-empresa na perspectiva da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) e a experiência da Natura”, com Leonardo Augusto Garnica, gerente de Sistemas de Inovação, Gestão da Inovação e Redes da Natura. 

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