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Publicado em: 08/10/2015
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Envelhecimento ativo em debate

Aline Salgado

As Academias da Terceira Idade: iniciativa que se
popularizou pelo País (Foto: Reprodução)

A rápida e contínua queda da fecundidade no País, combinada com a redução da mortalidade em todas as idades e o aumento da população de mais de 60 anos levarão o Brasil a um rápido processo de envelhecimento, segundo apontam especialistas. Dados do censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2010, havia 19,6 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade. Estimativas do instituto – publicadas no estudo "Mudança Demográfica no Brasil no Início do Século XXI: Subsídios para as projeções da população", lançado neste ano – indicam que o País terá um incremento médio de mais de 1 milhão de idosos anualmente, nos próximos 10 anos, chegando, em 2030, a uma população de maiores de 60 anos de 41,5 milhões. Para discutir os desafios de abrigar tantos idosos e promover um envelhecimento com qualidade de vida aos cidadãos, o Centro Internacional de Longevidade - Brasil (ILC-BR, na sigla em inglês) traz para o Rio de Janeiro nos dias 21 e 22 de outubro o III Fórum Internacional de Longevidade. 

Há 40 anos estudando práticas para melhorar a qualidade de vida dos maiores de 60 anos, o presidente do ILC-BR, Alexandre Kalache, diz que o Brasil ainda não acordou para a importância de se preparar as cidades para acolher tantos idosos. "Segundo projeções da Organização das Nações Unidas [ONU], em 2050 teremos um idoso em cada três cidadãos. No Brasil, o processo de envelhecimento se dá em uma velocidade muito alta, com a base da pirâmide se estreitando rapidamente", afirma.

Médico e com doutorado em Epidemiologia pela Universidade de Londres, Kalache foi diretor do Programa de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS) entre os anos de 1995 e 2007. Ele aponta que nos próximos 35 anos, segundo cálculos da ONU, Brasil e Canadá atingirão o mesmo perfil demográfico, com 30% da população formada por maiores de 60 anos. No entanto, enquanto eles verão o percentual de idosos subir de 25% para 30%, nós teremos um salto dos atuais 12,5% para 30%. "A diferença é que o Canadá já tem a casa em ordem e nós, não", assinala o pesquisador. "Os países desenvolvidos primeiro enriqueceram para depois envelhecerem gradualmente. Já países como o Brasil estão envelhecendo muito mais rapidamente em um contexto de pobreza para grandes segmentos da população. Logo, aqui, nós teremos que fazer um esforço enorme para prover um envelhecimento ativo aos cidadãos", observa Kalache.  

Foi pensando em oferecer orientação aos governos e às sociedades dos 193 países do globo no tocante à questão do idoso que, há 13 anos, a OMS criou o Marco Político do Envelhecimento Ativo. O documento, construído sob a orientação de Kalache, aponta para ações que promovam o envelhecimento ativo no mundo todo, considerando as especificidades culturais de cada país. A edição ganhou uma versão revisada e atualizada este ano, com a ajuda da FAPERJ. A ILC-BR conta com suporte da Fundação, por meio do edital Apoio ao Estudo de Temas Relacionados à Saúde e Cidadania de Pessoas Idosas – (Pró-Idoso – 2013) e também do programa Auxílio à Pesquisa (APQ 1).

Kalache estuda o envelhecimento
há 40 anos (Foto:Divulgação)

À frente do processo de criação e atualização da edição, Kalache explica que o Marco Político do Envelhecimento Ativo não fala só de saúde, no sentido restrito da palavra, como também na definição da OMS de bem-estar social, espiritual e físico. "Foi nesse sentido que abraçamos a definição do envelhecimento ativo, um processo na perspectiva do curso de vida", diz. 

"Envelhecemos desde a hora que nascemos. Por isso é fundamental que se otimize as oportunidades em quatro pilares básicos: na saúde; no conhecimento, no tocante ao acesso à informação e aprendizado ao longo da vida; na participação ativa em sociedade; e na segurança e proteção, que em outras palavras significa a garantia de um teto, comida na mesa, renda básica para despesas necessárias, como remédios, e acesso ao sistema de saúde", acrescenta.

Kalache lembra que o documento necessitava de uma revisão bibliográfica, visto que estava alicerçado em dados empíricos e evidências obtidas entre os anos de 1999 e 2002. "Esperamos que ele seja tão influente quanto em 2002", torce o médico. Lançado oficialmente no dia 15 de julho na sede da ONU, em Nova York, Estados Unidos, o documento terá o lançamento em português realizado no III Fórum Internacional da Longevidade. O encontro, que teve inscrições esgotadas um mês antes, discutirá ações para tornar as cidades amigas dos idosos e contará com a presença de Suzanne Garon, da Federação Internacional do Envelhecimento, no Canadá; Mayte Sancho, diretora Científica do Instituto Gerontológico Matia, na Espanha; a presidente da Associação Paulista de Saúde Pública, Marília Louvison, entre outros especialistas internacionais.

A inciativa de tornar as cidades amigas do idoso não é nova, já está em mais de mil cidades, com destaque para Tóquio, Moscou, Nova Déli, Cidade do México, Buenos Aires, Genebra e Rio de Janeiro. As ações têm como guia o Protocolo de Vancouver, um documento produzido no Canadá com a ajuda de especialistas em gerontologia e planejamento urbano e que contou com a orientação de Kalache. 

"O protocolo orienta as ações para a construção de um estudo qualitativo que, após ouvir idosos, cuidadores e prestadores de serviços à população de mais de 60 anos, desenha políticas e exige o compromisso dos governos municipal e estadual, para que se comprometam a responder sobre os problemas apontados", esclarece o especialista.

No Brasil, a iniciativa para transformar o espaço urbano mais acolhedor aos maiores de 60 anos começou no Rio de Janeiro, no bairro de Copacabana. Mas, segundo Kalache, precisa de mais atenção por parte dos governos. "Conseguimos avançar no treinamento dos porteiros, apontados como os primeiros amigos dos idosos, e na sensibilização dos motoristas de ônibus. Mas o projeto-piloto parou por aí, não avançou como em outras cidades, especialmente Nova York. Estamos batalhando por isso", lamenta. 

Kalache espera finalizar por completo o projeto de pesquisa, que conta com o apoio da FAPERJ, já no fim do ano. Além da revisão do Marco Político do Envelhecimento Ativo, com versões em inglês e português prontas, está prevista uma edição em espanhol e a introdução de um glossário em todas as versões da publicação. Outra etapa que está na reta final é a criação de instrumentos de estudo qualitativo para determinar as percepções sobre envelhecimento ativo no Rio de Janeiro.

O desenvolvimento de um estudo piloto e a revisão do Protocolo de iniciativa Cidades Amigas dos Idosos do Rio de Janeiro, por meio de análise documental e consulta a especialistas, já estão finalizados. O protocolo, inclusive, está disponível para uso, sob demanda, do ILC. Estão próximos de serem concluídos o Quadro de Monitoramento e Avaliação do Envelhecimento Ativo no estado e a criação de um painel de indicadores, que preveem a revisão de literatura e também a consulta a experts. O grupo de pesquisadores que auxiliam Kalache planeja, ainda, desenvolver uma plataforma digital de colaboração textual, provavelmente "wiki", para interação sobre novas evidências para o novo Marco Político do Envelhecimento Ativo.

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