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Publicado em: 10/09/2015
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Sala de aula do amanhã: onde a inclusão tem vez

Danielle Kiffer

Cátia (primeira à esq.) instrui os alunos de pedagogia nos
recursos da 
Sala de Aula do Amanhã (Fotos: Divulgação)

Para muitos, a sala de aula futuro pode ser descrita como um local de ensino equipado aparatos tecnológicos de última geração e mobiliário com design arrojado. A professora e fonoaudióloga Cátia Crivelenti de Figueiredo Walter vê a sala de aula do futuro com outros olhos. Para essa professora de educação especial da graduação e do Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPed) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a sala de aula do futuro é o espaço onde acontece a inclusão. Com o projeto Sala de Aula do Amanhã: Formação Inicial e Continuada de Professores em Tecnologias Assistivas, Cátia e equipe montaram um projeto em que ensinam a futuros formandos em pedagogia as principais ferramentas e conhecimentos para integrar crianças com necessidades especiais a classes de escolas comuns na rede regular de ensino. “O objetivo é, aos poucos, eliminar o discurso dos professores que se dizem despreparados para receber alunos com deficiência. É tarefa do educador ensinar a qualquer estudante. A educação não pode e nem deve ser um instrumento de exclusão”, diz a pedagoga.

Em espaço cedido pela Uerj e adaptado com recursos da FAPERJ por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Tecnologias Assistivas, ela criou a Sala de Aula do Amanhã. Com lugar para 40 alunos, tecnologia assistiva (TA), o ambiente dispõe de recursos para proporcionar ou ampliar a autonomia de pessoas deficientes: computadores com teclados especiais para aqueles com dificuldade motora e softwares que ajudam usuários com dificuldade de visão e auditiva; mesas adaptadas para cadeirantes, impressoras, material didático e pranchas de comunicação alternativa – ferramentas para que as pessoas que não conseguem falar possam se expressar –, que facilitem a inclusão de crianças e adolescentes com deficiência às turmas de escolas regulares.

Durante as aulas, que têm duração de quatro semestres, os graduandos em Pedagogia aprendem, primeiro, as aptidões e as dificuldades de cada deficiência específica, e também como estimular o aluno e integrá-lo às aulas. “Com esse conhecimento, os futuros profissionais poderão reconhecer as dificuldades que determinada criança e adolescente apresentam, diminuindo a barreira da comunicação e investindo no que esses estudantes têm de melhor”, afirma Cátia.

Um exemplo citado pela fonoaudióloga são as crianças com paralisia cerebral, que geralmente apresentam dificuldades motoras e de fala, mas têm sua capacidade de compreensão preservada. “Muitos profissionais despreparados, que não conhecem as limitações e a capacidade intelectual de cada caso, podem acabar desestimulando a criança e aumentando a barreira existente para que esses estudantes especiais se integrem às aulas”, explica.

Por isso, entre outras coisas, os professores aprendem a desenvolver as pranchas de comunicação alternativa, que podem ser feitas de papel ou madeira, ou simplesmente utilizar um tablet, vocalizadores e celulares. Basta um pedaço de papelão e as letras do alfabeto desenhadas ou impressas em papel plastificado, papelão ou outro material. No mesmo tipo de material, também podem ser escritas mensagens ou desenhados símbolos. São os chamados cartões de comunicação. Sobre o papelão, a criança ou adolescente junta com os dedos as letras disponibilizadas para formar palavras, no caso do alfabeto, ou formar a mensagem desejada, utilizando as imagens.

Também pode ser empregada a tela de um dispositivo eletrônico, que, juntamente com a utilização de software específico, ou com símbolos gráficos e pictóricos de sites específicos, são organizadas mensagens que compõem a Comunicação Alternativa. Os desenhos e imagens comunicam mensagens  como "oi; posso ajudar?"; "eu"; "nós"; "você"; "beber"; "comer"; "água"; "maçã"; "praia"; entre outras imagens que podem facilitar a comunicação. Basta organizá-los para formar a mensagem.

“A prancha é um instrumento da comunicação alternativa, uma área da tecnologia assistiva que se destina especificamente à ampliação de habilidades de comunicação para tornar pessoas com deficiência o mais competentes e o mais independentes possível”, explica Cátia. Depois de aprendidos os ensinamentos básicos, os graduandos da Sala do Amanhã visitam uma escola municipal para crianças com deficiência, onde aplicarão seus conhecimentos e ajudarão esses alunos e professores a se comunicarem melhor, tornando o ambiente de aprendizado mais agradável e produtivo.

A sala também é um espaço para atendimento
a pessoas com necessidades especiais

A Sala do Amanhã não é utilizada apenas por graduandos que poderão fazer das escolas do futuro um espaço sem diferenças. Ela também é visitada por pessoas, de todas as idades, que têm necessidades especiais e moram no entorno da universidade, para ser atendidas pelos alunos sob supervisão da professora Cátia, todas as quartas-feiras, em dois turnos, das 9h às 10h, e das 10h às 11h. Nesse trabalho, a equipe se divide em grupos para conversar e instruir a família dessas pessoas, avaliar a comunicação e a capacidade pedagógica de cada um e ajudá-los. “São vários casos diferentes. Um exemplo é o de uma menina surda de 16 anos, com muita dificuldade em se alfabetizar. Nós a ajudamos com atividades didáticas para que desenvolvesse melhor a escrita e a leitura. Em seis meses, ela evoluiu muito. Outro caso é o de um rapaz de mais de 30 anos, com deficiência intelectual, que tinha problema em pegar ônibus e acabava se perdendo. Nós o ajudamos e, em alguns meses, ele já não errava mais. Funcionamos como uma sala de atendimento educacional especializada”, explica.

No final do curso, todos os graduandos escrevem um relatório contando as experiências vividas, principalmente durante o atendimento à comunidade e nas visitas à escola. “Com esses artigos, pretendo, futuramente, organizar um livro para divulgar os métodos de inclusão escolar. Com a difusão desse conhecimento, acredito que o acesso de crianças com necessidades especiais às escolas de ensino regular não seja mais visto como algo difícil de ser concretizado. Afinal, a educação é para todos, sem diferenças”, finaliza.

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