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Publicado em: 14/05/2015
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Livro discute a questão da homossexualidade na adolescência

Débora Motta

Livro reúne informações sobre
sexualidade para jovens, seus
familiares e profissionais de saúde 
       (Foto: Reprodução)  

Ser adolescente é viver uma fase da vida cheia de mudanças e transformações que podem gerar conflitos. Mas e quando, além de enfrentar os desafios naturais dessa etapa, como a descoberta da própria sexualidade, o jovem tem que lidar com a questão da homossexualidade, em uma sociedade ainda marcada pela homofobia e pelo machismo? Será que os profissionais de saúde estão preparados para atender esses adolescentes com uma abordagem adequada, despida de preconceitos? Esse debate está presente no livro Homossexualidade e adolescência sob a ótica da saúde (editora EdUerj, 220 p.), da médica pediatra Stella Taquette. A noite de autógrafos do livro – publicado com apoio do programa Auxílio à Editoração (APQ 3), da FAPERJ – ocorreu nessa terça-feira, 12 de maio, na livraria Argumento, no Leblon.

Baseada na experiência de Stella como médica e pesquisadora no campo da saúde juvenil, a obra oferece informações para auxiliar os profissionais da área, adolescentes e suas famílias a lidar com suas inquietações e, consequentemente, reduzir angústias e sofrimentos. “É durante a adolescência que a maioria das pessoas inicia a atividade sexual, seja hetero ou homossexual. As inquietações relacionadas a sentimentos homoeróticos são mais dramáticas e veladas do que as demais, devido à estranheza de se sentirem inadequados ao padrão social hegemônico de comportamento e pela homofobia presente na sociedade, que rejeita de forma violenta a homossexualidade. Essa rejeição se configura num contexto de vulnerabilidade à saúde e provoca grande sofrimento aos indivíduos e suas famílias”, disse Stella.

No livro, a autora compartilha a sua experiência de dez anos no atendimento a jovens no Ambulatório de Adolescentes do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Hupe/Uerj). Stella apresenta dados de pesquisas que realizou com adolescentes que têm ou tiveram experiências homoeróticas e propõe subsídios de aprimoramento dos serviços e dos profissionais de saúde. “A expectativa é de que esses profissionais reflitam e adotem uma postura mais acolhedora aos jovens homossexuais. Em primeiro lugar, durante o atendimento, esses profissionais não devem jamais partir do princípio de que o jovem é heterossexual. Se um médico já pergunta direto a uma moça se ela tem namorado, já está descartando a hipótese de ela ser homossexual, o que inibe a paciente”, destacou. “Ele também deve encarar de forma natural a possibilidade de o adolescente ser homossexual e atendê-lo sozinho, nunca na frente dos pais. A homofobia limita a ida dos jovens aos centros de saúde”, completou.

Stella relatou que um dos problemas comuns nesses adolescentes é a depressão. “É muito mais comum o suicídio ou tentativas de suicídio entre jovens homossexuais do que em jovens heterossexuais”, disse. Ela presenciou, durante seu trabalho na Uerj, casos de preconceito familiar. “Alguns pais procuravam o ambulatório para perguntar se existia um ‘tratamento’ para ‘curar’ a homossexualidade do filho. Tínhamos que explicar que não há tratamento porque não se trata de uma doença”, disse. “Outro caso foi de violência física, quando duas meninas foram agredidas na escola por serem namoradas. Uma delas foi vítima de um estupro ‘corretivo’ por parte dos colegas, para ‘aprender a gostar de homem’”, contou.

    

A autora Stella Taquette, médica pediatra, durante a
noite de autógrafos: um livro 
contra a homofobia
                       (Foto: Divulgação)

A questão da Aids entre jovens homossexuais também é abordada. “Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, há atualmente uma redução do número de casos de HIV entre homossexuais adultos do sexo masculino, mas esse número está crescendo entre os adolescentes homossexuais. Os rapazes tendem a se proteger menos durante as relações sexuais e são mais frequentemente vítimas de violência sexual”, afirmou.

O livro se divide em cinco partes, com temas específicos: a sexualidade humana e suas definições em diversas áreas do conhecimento; a homossexualidade e sua conceituação em épocas distintas; os resultados de uma pesquisa com adolescentes com experiências homossexuais; dados de uma pesquisa com jovens que contraíram Aids na adolescência; e propostas relativas à atenção à saúde de adolescentes com experiências homossexuais.

O trabalho de Stella está em sintonia com o século XXI, em que se procura a aceitação da diferença. A promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente e a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança trouxeram, ao final do século XX, uma mudança de ares em relação aos direitos dos jovens. “Espero que a obra oriente jovens, familiares e profissionais de saúde. Ser homossexual não pode ser um estigma, uma marca na identidade de um jovem, citada antes de qualquer outra. Tanto a homossexualidade como a heterossexualidade são características humanas, pessoais, que podem mudar ao longo da vida e devem ser respeitadas”, concluiu.

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