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Publicado em: 22/09/2014
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Descoberta de pterossauro na China tem participação do Museu Nacional/UFRJ

Débora Motta

                                                                                                    Divulgação
     
   Detalhe da cabeça fossilizada do novo pterossauro encontrado na China: 
   nota-se um formato bastante alongado da cabeça e uma crista na mandíbula

Uma nova espécie de pterossauro – um réptil voador –, que viveu há cerca de 120 milhões de anos no nordeste da China, foi encontrada por uma equipe de paleontólogos sino-brasileira, que conta com a participação de Alexander Kellner, Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, e pesquisador do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); de Taissa Rodrigues, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes); e do chinês Xiaolin Wang. A descoberta resultou na publicação de um artigo nesta quinta-feira, 11 de setembro, no renomado Scientific Reports, jornal científico on-line da Nature Publishing Group. O paper foi intitulado "An Early Cretaceous pterosaur with an unusual mandibular crest from China and a potential novel feeding strategy".

O nome do pterossauro, que foi batizado de Ikrandraci avatar, deriva de Ikran, uma alusão à criatura voadora do filme de ficção Avatar, que tem uma crista bem desenvolvida apenas na mandíbula – ou arcada inferior –, e draco, a forma em latim que designava "dragão". De acordo com análises da anatomia de dois exemplares fossilizados do réptil voador do período Cretáceo Inferior, ele costumava dar voos rasantes na superfície de lagos de água doce, para pescar. "Essa habilidade devia-se, possivelmente, à presença de uma crista na mandíbula bem desenvolvida, que diminuía a resistência da água. Além disso, o novo animal alado também possuía uma espécie de bolsa semelhante a um papo e um formato bastante alongado da cabeça", disse Kellner.

Essa crista na mandíbula é uma das características que torna a nova espécie especial entre os pterossauros. "Essa crista era maior do que a de qualquer outro pterossauro já estudado. O curioso é que ele não tem nenhuma na cabeça, o que considero uma característica rara. Possivelmente ele teria que utilizar essa enorme crista para pesca. Além disso, ele tem na região posterior da crista um gancho incomum, na ponta do que deveria ser uma espécie de papo para armazenar os peixes", destacou.

Segundo os estudos realizados pela equipe nos fósseis coletados, estima-se que a envergadura das asas do Ikrandraci avatar teria cerca de 2,5 metros. "Não sabemos se ele voava muito alto, mas voava bem, como todos os pterossauros", afirmou Kellner. Aliás, os pterossauros foram os primeiros seres vertebrados – com ossos – realmente capazes de voar batendo as asas, sem planar. "Em pé, o réptil voador deveria ter uma altura de cerca de 70 cm", completou.

A região da descoberta, na formação geológica chinesa de Jiufotang, localizada na cidade de Chaoyang, na província de Liaoning, é rica em fósseis muito bem preservados de plantas e animais. Com evidências de ter sido um local de intensa atividade vulcânica no passado remoto, ela ficou conhecida como "a Pompéia do Cretáceo". Pelas suas características, a região pode ser denominada "Konservat Lagerstätte". Em outras palavras, ela é um "depósito especial", segundo o jargão dos paleontólogos.

"Primeiro, as rochas vulcânicas de Jiufotang fornecem a possibilidade de datação absoluta das camadas, fazendo com que se tenha uma boa noção de quando os fósseis se formaram. Segundo, a atividade vulcânica produziu frequentemente eventos de mortandade – provavelmente por asfixia –, permitindo a preservação da fauna e flora que existia no local", explicou Kellner. Essa facilidade natural permitiu uma ótima conservação dos dois fósseis de pterossauros encontrados.

  Divulgação
       
  Alexander Kellner, do Museu Nacional:
  parceria com paleontólogos chineses   

A parceria com os pesquisadores chineses começou com o intercâmbio promovido entre a Academia Brasileira de Ciências (ABC), da qual Kellner é membro titular, e a Academia Chinesa de Ciências, que tem sede em Beijing. "A partir de um convênio firmado entre as academias, visitei a China pela primeira vez em 2004. Desde então, tenho conseguido voltar nesse país todo ano, com recursos da minha bolsa Cientista do Nosso Estado, concedida pela FAPERJ. Esse apoio regular tem sido importante pela possibilidade de programar as atividades e dar continuidade às pesquisas. É fundamental manter um investimento contínuo na área de paleontologia. Já publicamos 12 trabalhos em parceria com os pesquisadores chineses", reconheceu.

Para Kellner, a descoberta contribui para desvendar o universo de um ser pré-histórico que ainda hoje intriga os pesquisadores. "A descoberta demonstra mais uma vez a fantástica diversidade desses animais enigmáticos, que existiram no período compreendido entre 230 e 66 milhões de anos atrás. Eles não deixaram descendentes e não há nada parecido com eles, o que dificulta os estudos de caráter biológico", destacou o paleontólogo. "Essa parceria sino-brasileira reforça a particularidade da China como uma das principais regiões do mundo para encontrar fósseis, o que é fruto de um investimento maciço em paleontologia nesse país", concluiu. Kellner escreve para a coluna Caçadores de fósseis, publicada na segunda sexta-feira do mês na revista Ciência Hoje, desde dezembro de 2004.

O anúncio da descoberta do animal ocorre em um mês movimentado para a paleontologia brasileira. Há uma semana, houve o anúncio da descoberta de um animal que lembra uma anta pré-histórica, mas na verdade é um xenungulado (Carodnia vieirai), pela paleontóloga Lilian Bergqvist, da UFRJ, conforme reportagem publicada no Boletim on-line da FAPERJ.

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