O seu browser não suporta Javascript!
Você está em: Página Inicial > Comunicação > Arquivo de Notícias > Mapa da região pélvica com endometriose orienta equipe cirúrgica
Publicado em: 05/09/2014
ATENÇÃO: Você está acessando o site antigo da FAPERJ, as informações contidas aqui podem estar desatualizadas. Acesse o novo site em www.faperj.br

Mapa da região pélvica com endometriose orienta equipe cirúrgica

Elena Mandarim

 Divulgação/UFF

       
       Representação gráfica da pelve pode ser preenchida on-line com informações
       sobre focos de endometriose e impressa para ser usada durante a cirurgia
 
Para muitas mulheres, a cólica menstrual pode ser um alerta para a presença de endometriose, uma afecção inflamatória e dolorosa que geralmente compromete o útero, os ovários, podendo chegar, até mesmo, a outros órgãos localizados na cavidade pélvica e abdominal. Segundo o ginecologista Ricardo Bassil Lasmar, professor adjunto do Serviço de Ginecologia, da Universidade Federal Fluminense (UFF), a endometriose é uma condição crônica que, embora não tenha cura, pode ser controlada com o uso de medicamentos. Ele explica que, em casos mais graves, é necessária uma intervenção cirúrgica, para retirar ou diminuir as lesões provocadas pela doença.

Contemplado no programa de Apoio a Grupos Emergentes de Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro, Lasmar desenvolveu o Mapa para Endometriose, que consiste numa representação gráfica da região pélvica que permite ao médico marcar todos os focos de endometriose identificados no pré-operatório. Isso agiliza a localização das áreas lesionadas durante a cirurgia, já que a equipe médica não vai precisar perder tempo consultando o prontuário e os exames do paciente. "Para usar o sistema, basta o médico acessar o endereço on-line e preencher o mapa com os dados pessoais da paciente e as informações sobre as lesões que serão exploradas na cirurgia. Depois é só imprimir e levar no dia da operação."

Segundo Lasmar, com o objetivo de facilitar a visualização, o mapa foi diagramado de forma que os órgãos pélvicos fiquem representados na mesma posição anatômica da paciente na mesa de cirurgia: útero no centro, a bexiga à frente, os ovários laterais, o reto posterior, além de diversas outras áreas que frequentemente também são acometidas pela doença. Outra vantagem apontada pelo médico é que, no mapa, há como indicar a extensão das lesões e sinalizar se ela é superficial ou profunda. "O mapa, na verdade, é uma forma de concentrar, em um único local, as informações adquiridas tanto na avaliação clínica da paciente quanto nos exames de imagem. Dessa forma, basta o cirurgião olhar o mapa a sua frente para saber, por exemplo, que há uma lesão profunda em determinado órgão. Do contrário, ele teria que pegar o exame e reavaliar ou procurar essa informação no prontuário."

Lasmar lembra que o diagrama do mapa foi desenvolvido em 2011 e, no ano seguinte, foi publicado em um artigo no International Journal of Gynecology and Obstetrics. Em 2013, o trabalho ganhou o prêmio de melhor pôster no congresso da Sociedade Europeia de Endoscopia Ginecológica, em inglês European Society for Gynaecological Endoscopy (ESGE), realizado em Berlim. "Na ocasião, fomos desafiados a montar essa metodologia em formato digital, de modo que pudesse ser disponibilizada pela internet", brinca o médico, que acrescenta: "Em 2014, participaremos novamente do congresso da ESGE, que será em Bruxelas, em setembro. Vamos apresentar a versão digital, que já está disponível on-line, gratuitamente, no endereço: www.ginendo.com/MapForEndometriosis.html "

Pelo fato de o mapa ter uma linguagem universal, ou seja, ser igual para todo mundo, Lasmar ressalta que sua utilização permite que haja troca de informações com maior precisão sobre cada caso da doença. "Isso é primordial para a pesquisa. Com a aplicação do mapa, a descrição de um tipo de lesão mais frequente em um determinado estudo facilitará para que todos que conheçam a ferramenta sejam capazes de entender os resultados", aposta o médico. Ele acrescenta que o sucesso para o desenvolvimento da nova ferramenta contou com a participação dos médicos Bernardo Portugal Lasmar e Claudia Pillar.

Endometriose: a doença da mulher moderna

 Divulgação/UFF
 

    Ao apresentar o Mapa para Endometriose à comunidade  
científica em congresso na Europa, Ricardo Lasmar
 foi premiado    

De acordo com Lasmar, o endométrio é uma camada de células especiais que reveste a cavidade interna do útero. Ele se desenvolve a cada ciclo menstrual para receber o embrião, caso haja fecundação. Só que, sem gravidez, o endométrio descama e é expelido junto com o sangramento da menstruação. "A endometriose acontece quando algumas células do endométrio, em vez de serem expelidas, migram no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a se multiplicar provocando um processo inflamatório."

Lasmar fala que diversos estudos mostram que o número de mulheres com endometriose aumentou nos últimos anos, acometendo, hoje, em torno de 15% da população feminina. Uma das explicações está associada às novas características sociais da mulher moderna. "Antigamente, a lógica era ter um filho atrás do outro e alcançar marcas de oito, 10, 12 filhos ao longo da vida fértil. A mulher do século XXI, no entanto, além de ter em média dois filhos, tem deixado a gravidez para mais tarde. Isso faz com que, atualmente, elas menstruem em torno de 10 vezes mais, o que aumenta as chances de algumas células do endométrio migrarem para outras regiões abdominais."

Embora a endometriose possa ser assintomática em alguns casos, Lasmar ressalta que a maioria das pacientes relata muita dor na região pélvica, que aumenta de intensidade no período da menstruação. Outros sintomas característicos são dor durante a relação sexual e infertilidade. "O ginecologista deve sempre estar atento às queixas de suas pacientes. Nossa recomendação é para que as mulheres parem de pensar que ter dor durante a relação sexual ou no período menstrual é normal. Às vezes pode até ser, mas em alguns casos aquela cólica menstrual insuportável pode ser um aviso", conclui.

Compartilhar: Compartilhar no FaceBook Tweetar Email
  FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Av. Erasmo Braga 118 - 6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - Cep: 20.020-000 - Tel: (21) 2333-2000 - Fax: (21) 2332-6611

Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes