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Publicado em: 31/07/2014
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Neurofeedback: para ampliar sentimentos de apego

Vilma Homero

 

 
                
                 Regiões de aumento da atividade na primeira e
                      depois da última sessão de neurofeedback

Seria possível fazer com que alguém se tornasse mais afetuoso e tolerante depois de passar por uma máquina? A resposta a essa pergunta pode se tornar afirmativa a partir dos estudos que pesquisadores do Instituto DOr vêm realizando com ressonância magnética funcional em tempo real.  Como explica o neurocientista Jorge Moll, um dos coordenadores do projeto Neurobiologia Translacional com Instrumentação de Imagem e Eletrofisiologia em Alta Resolução, “o condicionamento mental é algo antigo e existem várias formas para realizá-lo. A diferença agora é podermos usar uma tecnologia recente, como a ressonância magnética funcional, que nos possibilita proceder a esse neurofeedback, que é a base do nosso projeto. Isso nos permite  definir parâmetros cerebrais e usar as reações fisiológicas do cérebro para orientar as respostas”, diz.

"Esse pode ser o ponto de partida para certas aplicações clínicas, como o tratamento da depressão pós-parto, e de alguns transtornos comportamentais, como agressividade e instabilidade emocional", indica o neurocientista Roberto Lent, Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ. Ele também foi um dos coordenadores da pesquisa, que  contou com recursos do programa de Apoio a Instituições de Ensino e Pesquisa Sediadas no Rio de Janeiro. Tornar esses indivíduos mais adaptáveis implicaria treinar padrões complexos envolvendo emoções positivas. “Sabemos que o neurofeedback consegue melhorar certas funções cerebrais, como a capacidade de atenção, trabalhando as regiões do cérebro a ela associadas”, explica Moll.

O ineditismo do projeto é justamente voltar-se para emoções empáticas. Os avanços da neurociência mostraram que é a área septal, mais precisamente a área septo-hipotalâmica, a região envolvida nos comportamentos de apego – o que equivale dizer emoções como as que ligam casais, mãe e filho ou mesmo formam os laços de amizade. “Se essa região for modulada, pode-se chegar a alterações, promovendo-se comportamentos afiliativos. Conseguimos padrões característicos da atividade cerebral associados a sentimentos afeto”, anima-se o pesquisador.

Estudo publicado em 2012 no periódico PLoS One – que reuniu como autores Julie H. Weingartner, Patricia Bado, Rodrigo Basilio, João R. Sato, Bruno R. Melo, Ivanei E. Bramati, Ricardo de Oliveira-Souza, Roland Zahn, além do próprio Jorge Moll – revelou que as regiões cerebrais associadas às emoções de apego se desacoplam em casos de depressão, não trabalham juntas corretamente. “Nosso objetivo é reacoplá-las, ver se conseguimos ampliar ou mudar esse acoplamento.”

Para avaliar o método, a equipe de Moll testou 24 voluntários, dos quais 12 foram submetidos a neurofeedback, com três sessões no mesmo dia. Os 12 restantes ficaram no grupo controle. No primeiro grupo, nove participantes tiveram um resultado significativo. “Isso já sugere uma tendência positiva. Talvez com um número maior de sessões, esses resultados seriam melhores. Faltou saber se o que a pessoa aprende na máquina pode ser transferido para situações na vida real”, explica o pesquisador. Mas ele também faz questão de frisar que o procedimento só funciona se houver disposição do indivíduo, motivação para engajar-se ao tratamento. “Nada funciona à revelia do sujeito. A condição essencial é que o indivíduo esteja consciente e engajado”, diz.

Segundo a avaliação do pesquisador, o neurofeedback pode auxiliar outros tipos de tratamento. Para validar os resultados obtidos ainda será necessária muita pesquisa clínica. “Até porque nosso experimento testou voluntários normais, não aqueles com algum tipo de transtorno”, explica. Para levar adiante o projeto, a equipe firmou parceria com o psiquiatra alemão Roland Zahn, da Kings College, de Londres, onde serão realizados novos testes. “Vamos repetir o experimento, testando pacientes em remissão de depressão maior, transtorno que em geral está associado a um sentimento de culpa. A maioria foi tratada com medicamentos e não mais apresenta sintomas depressivos”, fala.

A ideia agora é identificar e minimizar episódios de recorrência da depressão, verificando se os pacientes conseguem ativar as regiões cerebrais associadas à depressão, lembrando situações de culpa.  “Depois, pela comparação da frequência e da intensidade dos episódios depressivos antes e depois do tratamento, procederemos a um ensaio clínico para avaliar se diminuiu sua vulnerabilidade à depressão”, diz. Falta analisar quantas sessões de neurofeedback serão necessárias para se obter resultado terapêutico e aferir a duração desses efeitos. “Essas são as próximas etapas do projeto. Mas estamos animados com os resultados até agora.”

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