O seu browser não suporta Javascript!
Você está em: Página Inicial > Comunicação > Arquivo de Notícias > Experimentar o cinema para protagonizar na vida
Publicado em: 20/03/2014
ATENÇÃO: Você está acessando o site antigo da FAPERJ, as informações contidas aqui podem estar desatualizadas. Acesse o novo site em www.faperj.br

Experimentar o cinema para protagonizar na vida

Danielle Kiffer

 Foto: Reprodução

        

   Na cena escolhida do documentário Peixe Pequeno, os atores discutem 
       questões filosóficas sobre a convivência de diferentes culturas
  

 

Quando um filme é exibido, abre-se um mundo novo: o cinema é capaz de transportar pessoas a diversas realidades. Contudo, essa multiplicidade não se restringe apenas às diferentes histórias que se passam na tela. Os recursos cinematográficos utilizados durante a filmagem, que são uma forma de linguagem do diretor, como utilização de luz, escolhas de enquadramento e plano de câmera, por exemplo, são tantos, que, aos olhos de um leigo, parecem de infinitas possibilidades. São esses outros olhares do cinema que foram transformados em material didático para que alunos do nível médio e fundamental – e quem mais se interessar – possam conhecer um outro lado, ou mais, da sétima arte.

O projeto “Experimentar o cinema” tem um objetivo claro:  “A ideia é provocar diferentes leituras do cinema pelos jovens, mostrar quantas possibilidades existem na elaboração de um filme, formar um senso crítico mais apurado e ainda despertá-los para a beleza e riqueza existentes no cinema nacional. Em cada situação proposta, os atores conversam como se fossem pessoas que assistem ao filme e observam cada detalhe, abordando questões técnicas, históricas e filosóficas”, relata o coordenador Cezar Migliorin, professor, ensaísta e atual chefe do Departamento de Cinema e Vídeo, da Universidade Federal Fluminense (UFF). “Queremos que as pessoas possam realmente experimentar cinema. Para isso, oferecemos as ferramentas, que são os conhecimentos técnicos e uma visão mais profunda de cada filme”, complementa Luiz Garcia, que também faz parte do trabalho.

"Experimentar o Cinema", que teve suporte da FAPERJ por meio do programa de Apoio à Produção de Material Didático para Atividades de Ensino e Pesquisa, consiste na realização de dez vídeos, com uma média de 12 minutosde duração, cada um deles com uma cena de um filme brasileiro contemporâneo, selecionados por Migliorin e equipe. Cada sequência é comentada por uma dupla de atores, Chico Diaz e Bianca Byington, Michel Melamed e Lívia Guerra e Simone Spoladore e Othon Bastos. A cena é apresentada e depois reapresentada, com os comentários. Os atores nunca aparecem, apenas suas vozes em off, justamente para explicitar a condição de espectadores.

 Foto: Reprodução
   

Na cena escolhida do filme A Máquina, abordam-se questões 
   técnicas, como variação de luz, enquadramento e tempo
 

Os textos foram roteirizados e inspirados nos comentários de professores das mais diversas disciplinas do ensino fundamental. Para isso, houve uma oficina para os docentes, realizada em janeiro de 2013, durante o período de férias, com duração de 60 horas e três semanas, para que o processo de criação e os fundamentos cinematográficos fossem compartilhados e posteriormente utilizados como tema de aula nas escolas. “Em apenas um dia, tivemos mais de setenta inscrições para o curso. Isso mostra que há uma forte demanda para que o cinema esteja presente nas escolas de forma ampla”, destaca Migliorin. Durante as aulas foram realizadas análises das cenas, tal qual acontece nos vídeos, e os professores expressaram sua opinião, baseados nos conhecimentos técnicos que lhes eram passados. De suas palavras, dos diálogos gerados durante a oficina, foram baseados os textos falados pelos atores. “Essa oficina foi fundamentada na metodologia do diretor e professor de cinema francês Alain Bergala, descrita em seu livro Hipótese Cinema. A ela, acrescentamos a nossa própria metodologia, em que fazemos uso das possibilidades de acesso material didático via internet”, diz o professor. O resultado foi transformado nos vídeos, que agora estão reunidos numa página na internet.

 Fotos: Divulgação/UFF

    
      Professores de Belo Horizonte assistem filmes, durante
         treinamento para o projeto
Inventar com a Diferença

“Uma das grandes possibilidades do cinema é fazer o tempo perder as estribeiras. Ou seja, andar rápido demais, lento demais, de trás pra frente ou tudo misturado.” Essa fala é um trecho do texto falado por Bianca Byignton, no vídeo que discute uma cena do filme A Máquina, dirigido por João Falcão e lançado em 2006. Nele, os atores abordam a questão de como o tempo pode ser trabalhado com recursos diferentes, como marcação dos atores e variações de luz, entre outros aspectos. Em outro vídeo, realizado a partir de uma cena do documentário Peixe Pequeno, dirigido por Vincent Carelli e lançado em 2010, abordam-se questões culturais, protagonizadas pela Coca-Cola e os índios de uma tribo. Os ângulos reforçam a dicotomia entre as diferenças culturais – uma representando o consumo de massa e outra idealizada com pureza e ingenuidade –, enquanto a convivência entre ambas é analisada pelas considerações levantadas pela mesma dupla de atores, Bianca e Chico. No vídeo que apresenta uma cena do curta-metragem Ensaio de Cinema, dirigido por Allan Ribeiro e lançado em 2009, exibem-se e avaliam-se planos de câmera, enquadramentos e a linguagem utilizada no filme, nas vozes de Melamed e Lívia Ramos.

Paralelamente, a equipe está produzindo um projeto de cinema intitulado “Inventar com a Diferença”, que envolve direitos humanos, cinema e educação. O projeto será implementado em escolas de todos os estados brasileiros. Para isso, foram formados grupos, com um mediador e 20 professores em um município de cada estado, encarregado de aplicar o material de apoio elaborado em suas escolas. Com atividades e práticas de cinema, esse material – disponibilizado na internet – busca a sensibilização do olhar dos estudantes para o outro. “É nas práticas do cinema com o seu entorno, com a alteridade e com as diferenças, que adultos e crianças trabalharão e inventar juntos. Nesse processo, acredito que poderão descobrir a força que existe em criar pontos de vista em que jamais havíamos pensado ou para ouvir o que nunca antes havíamos parado para escutar”, reforça Migliorin.

 
      

O projeto Inventar com a Diferença também chegou à Parnaíba,
no Piauí: exercícios sobre o cinema empolgam os professores
 

Na apostila, entre outras atividades, são propostos quatro tipos de exercícios, um deles a prática de fotografia. “Estimulamos os participantes a fotografar a comunidade, com liberdade para escolher o que quiserem enquadrar. Dessa forma, exercita-se a cidadania e o conhecimento sobre o local onde moram e estudam, reforçando-se sua identidade”, explica Silvia Boschi, outra participante do projeto. Em "Minuto Lumière", o exercío é desafiar os alunos a reproduzir o que os irmãos franceses Lumiére – que ajudaram a criar o cinema – faziam: criar um filme com duração de apenas 60 segundos. “Esse era o tempo máximo em que era possível realizar uma filmagem nos anos 1890; assim, eles vivenciarão os desafios técnicos que existiam na época”, complementa Migliorin. "Dispositivos" traz jogos que envolvem o conhecimento técnico das práticas cinematográficas que serão ensinadas aos alunos. E, por último, o filme-carta propõe a filmagem de uma mensagem destinada a estudantes de outro estado do Brasil. “A ideia é proporcionar um diálogo entre pessoas de diferentes realidades, conectando-se emoções e identidades por meio do cinema”, finaliza o professor. 

“Inventar com a Diferença” é um projeto desenvolvido pelo Departamento de Cinema da UFF em conjunto com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Quem quiser conferir pode dar uma olhada nas páginas em que os materiais didáticos estão disponibilizados: www.vimeo.com/inventarcomadiferenca, www.inventarcomadiferenca.org e www.facebook.com/inventarcomadiferenca .


 

Compartilhar: Compartilhar no FaceBook Tweetar Email
  FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Av. Erasmo Braga 118 - 6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - Cep: 20.020-000 - Tel: (21) 2333-2000 - Fax: (21) 2332-6611

Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes