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Publicado em: 13/03/2014
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Aquariofilia serve como ferramenta de conscientização ambiental de estudantes

Vinicius Zepeda

Divulgação/Expoacqua/Unisuam 

            

      Projeto usou ensino de técnicas de manejo de peixes ornamentais
      para fazer estudantes aprenderem a refletir sobre o meio ambiente


  

Em busca de uma maneira atrativa de ensinar estudantes do Ensino Fundamental sobre a importância da preservação do meio ambiente e da manutenção da vida, uma equipe de professores e pesquisadores ligados ao Centro Universitário Augusto Motta (Unisuam), a Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Fiperj) – órgão da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca – e a Associação dos Aquicultores Ornamentais do Estado do Rio de Janeiro (AquoRio) desenvolveram um projeto de ensino de técnicas de manejo e conservação de peixes ornamentais em aquário – a chamada aquariofilia. Por sua proximidade, a escola escolhida foi o Ciep Professor César Pernetta, na favela Parque União, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio. Ao acompanhar todas as oficinas quinzenais no primeiro semestre de 2013, abordando temas sobre o meio ambiente e produção de peixes ornamentais, os pesquisadores puderam observar a mudança de comportamento dos estudantes. O projeto, que culminou com a doação de aquários e peixes aos estudantes, que passaram a manejar o aquário em casa com a família, contou com auxílio do edital Apoio a Projetos de Extensão em Pesquisa (Extpesq), da FAPERJ.

Os primeiros resultados do projeto foram tema da dissertação do mestrado em Desenvolvimento Local, na Unisuam, defendida pelo professor de Educação Física do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow de Oliveira (Cefet) Paulo César Nepomuceno dos Reis, sob a orientação de Silvia Conceição Reis Pereira Mello,  coordenadora do projeto e pesquisadora da Fiperj. As oficinas, a exposição de peixes ornamentais e a montagem do aquário envolveram professores e 40 estudantes do 8 ano do ensino fundamental do Ciep, entre dezembro de 2012 e julho de 2013. "Além de envolver diferentes disciplinas, manter um aquário em sala de aula torna-se não apenas um instrumento de lazer como também uma fonte constante de aprendizado. Toda essa atividade com certeza contribui para despertar o interesse dos alunos pela biodiversidade e pela preservação do meio ambiente", explica Silvia.

Divulgação/Unisuam 
      
Entre as atividades, os estudantes do Ensino Fundamental do Ciep
César Pernetta ajudaram na limpeza do aquário instalado na escola  

O aquário serviu para a realização de inúmeras atividades. Para isso, entre as primeiras etapas do projeto, houve oficinas e práticas em sala, abordando diversos temas, como ação humana diante da natureza, importância de cuidar do planeta, impacto do desmatamento das florestas, importância da qualidade da água, as formas de preservá-la e evitar desperdícios, além da introdução à própria aquariofilia. Nessa etapa, foi preciso definir tamanho do aquário, uso de cascalhos e plantas, iluminação, filtragem, aquecimento e monitoramento da qualidade da água. Diariamente, sob supervisão dos professores, os alunos tinham de acompanhar, numa planilha, a qualidade da água, medindo temperatura, níveis de amônia e pH. Semanalmente, era a vez de proceder à limpeza, com troca de água, evidenciando a importância da manutenção do ambiente limpo para a conservação da vida. "Os alunos também produziram textos com os conhecimentos adquiridos."

Eles também foram encarregados de levar peixes Betta, ração e um puçá para casa, onde cuidariam deles com a orientação de um manual", conta Silvia. A pesquisadora destaca a importância do envolvimento dos alunos e suas famílias nesses cuidados. "Alguns alunos deram comida demais e acabaram matando os peixes, outros esqueceram de trocar a água. Os que perderam os peixes ficaram extremamente tristes, mas tudo isso os mobilizou e os deixou mais focados e envolvidos no projeto", afirma Silvia. Ela observou também outro benefício desse envolvimento. "Na época, o clima na comunidade era tenso, operações policiais aconteciam regularmente em função do controle do tráfico de drogas na região, e os estudantes viviam um clima de tensão e estresse constante. Os cuidados com os peixes em casa ajudaram a esquecer um pouco essa tensão, levando-os a se concentrarem em cuidar de um animal, no caso, o peixe", destaca Silvia. Os jovens ainda participaram de visitas guiadas a dois grande eventos: a Expoaqua – uma grande exposição de peixes ornamentais, com ciclo de palestras sobre o tema – e o Enabettas 2013 – competição de peixes Betta.

Divulgação/Unisuam 

            
      Silvia Mello e os alunos do Ciep durante o dia da montagem do aquário


Os estudantes também responderam um questionário. Segundo Nepomuceno, que usou os resultados em sua dissertação de mestrado, alguns deles mereceram destaque. "No que diz respeito à importância do uso da água, inicialmente, 87,5% deles haviam respondido positivamente antes da montagem do aquário. Mas depois, todos foram unânimes em destacar a importância desse recurso natural. Outra questão foi o desperdício. Ao responder a pergunta se fechavam ou não as torneiras enquanto escovavam os dentes, 62,5% responderam que sim, antes do projeto; depois, esse número subiu para 81%. Os dados mostraram uma mudança de atitude em relação à água, e seu consumo", explica Nepomuceno. Sobre o comportamento dos jovens no ambiente escolar, antes do início do projeto os resultados mostravam que 42,5% falavam mais, 35% escutavam mais e 22,5% não responderam. Após o projeto, esse percentual se dividiu igualmente em 50% para falar mais e 50% para escutar. "Essa mudança de atitude e o fato de ninguém deixar de responder à pergunta mostraram o aumento da desinibição dos estudantes quanto a uma participação mais efetiva, o que indicou maior comprometimento e espírito de grupo ao dividirem de forma equilibrada o ato de falar e escutar", complementa.

Para Nepomuceno, a participação no projeto foi extremamente gratificante. "Pude constatar como os diferentes campos do conhecimento podem se complementar e auxiliar no aprendizado dos jovens. E, como profissional de Educação Física, entendo que tanto o nosso corpo quanto o ambiente pessoal precisam ser estimulados para se manter dentro dos padrões não só físicos, mas éticos e sociais", explica. Segundo o pesquisador, quando a aquariofilia entra como tema motivacional, está buscando criar para os jovens uma oportunidade de se envolver com um tema que desperte seu interesse, além de oferecer uma formação teórica que no futuro poderá contribuir para uma escolha profissional. Ele ainda destaca os valores passados aos estudantes pela iniciativa. "Enquanto instituição responsável pela formação, a escola muitas vezes peca pela valorização do cognitivo em detrimento da formação humana. É nesse sentido que observamos a grande importância desse trabalho, que tem como ponto forte o enfoque no desenvolvimento de valores humanos como responsabilidade e compromisso", acrescenta.

O aquário no Ciep Professor César Pernetta continua sendo cuidado pelos alunos, professores e estudantes de Iniciação Científica da Unisuam. Em março, cerca de 20 alunos de turmas do 8 e do 9 ano que mais se mostraram interessados no cuidado com os peixes serão selecionados para participar de um curso sobre preservação do meio ambiente e aquariofilia no centro universitário. "O retorno pelos adolescentes tem sido extremamente gratificante. Esperamos buscar mais recursos para expandir o projeto para outras escolas de ensino fundamental e, com isso, aumentar ainda mais a conscientização sobre a importância da preservação do meio ambiente, em especial dos recursos hídricos", conclui.

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