Elena Mandarim
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O grupo realizou inúmeras reações com hidroxiapatita para conseguir produzi-la em escala nanométrica |
Tudo funciona em perfeita harmonia, até que o processo de envelhecimento do corpo humano e alguns hábitos de vida, como o tabagismo, interferem nesse equilíbrio e desencadeiam um processo fisiológico chamado de osteopenia. Em outras palavras, consiste na diminuição da densidade mineral nos ossos, principalmente pela carência de cálcio, sendo uma condição precursora para a osteoporose. Como muita gente sabe, osteoporose é uma doença grave, mais comum em mulheres, que se caracteriza pela perda de massa óssea, levando à fraqueza dos ossos e ao aumento do risco de fraturas.
Tal realidade se apresenta como um desafio para a medicina moderna, já que com o aumento da expectativa da vida humana, as doenças degenerativas se tornam mais frequentes e mais graves, a exemplo da própria osteoporose. Para se ter uma ideia, estima-se que, nos próximos 50 anos, triplique o número de pessoas com idade entre 65 e 85 anos e, com isso, haja um proporcional aumento dos casos da doença. Em relação ao esqueleto humano, outros problemas preocupam, como os traumas decorrentes de acidentes e alguns tipos de câncer, que provocam uma significativa perda de massa óssea. Como forma de auxiliar a regeneração óssea, o engenheiro químico Fabio Moysés Lins Dantas, do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), liderou a pesquisa que desenvolveu um composto de hidroxiapatita nanoestruturada. Essa pesquisa também contou com o apoio dos pesquisadores Alexandre Rossi, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), José Mauro Granjeiros, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e da empresa Polimera.
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Material de hidroxiapatita manométrica em pó para ser usada na produção de outros compostos, como os géis injetáveis |
Dantas afirma que teve ainda outra motivação para a pesquisa. “O Brasil tem uma atuação pouco expressiva na produção de substâncias ativas para a regeneração de tecidos. Somos muito dependentes de produtos importados nessa área. Nosso objetivo é oferecer um produto nacional de excelência, que possa ser competitivo com os similares importados.” Em seu projeto, Dantas fez inúmeras reações com a hidroxiapatita, com o objetivo de chegar a um protocolo ideal que fornecesse cristais nanométricos, de tamanhos homogêneos e que se dispersam com facilidade. Tais características são importantes para facilitar a manipulação clínica da hidroxiapatita, permitindo criar diferentes produtos, como os géis injetáveis que se destinam a aplicação no local da lesão. Estes, resumidamente, consistem em cristais nanométricos de hidroxiapatita envolvidos com uma nanocápsula formada por um biomaterial, neste caso um biopolímero. “A vantagem de usar cristais nanométricos é a facilidade na absorção da substância ativa, o que garante maior eficiência e rapidez na osteointegração. Mas, para isso, tivemos que desenvolver uma reação capaz de diminuir o processo de aglutinação dos cristais e estabilizá-lo.”
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Microfotografia mostrando os nanocristais de hidroxiapatita produzidos de forma homogênea |
Talvez, em algumas décadas, alguém que estiver com um pulmão prejudicado, por exemplo, poderá substituí-lo por um “novo” para reparar as partes danificadas. “Embora pareça ficção científica, este é um prognóstico do que a engenharia de tecidos será capaz de realizar. Atualmente, laboratórios já produzem tanto partes simples do corpo humano, como pele e cartilagem, quanto biomateriais capazes de se integrar aos tecidos para ajudar na sua recuperação. Nesse sentido, estamos seguindo essa tendência e para poder oferecer, em breve, um produto que junte tecnologia e preço acessível”, conclui Dantas.
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