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Publicado em: 06/02/2014
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Estudo na UFF procura entender melhor a leptospirose bovina

Elena Mandarim

 

 Divulgação/ Paula Ristow 

             
      Imagens de leptospira obtidas por microscopia de varredura: análises
           minuciosas
permitiram descobrir novas cepas jamais descritas

Quando ouvimos falar em leptospirose, imediatamente, associamos o termo a uma infecção transmitida aos seres humanos pela urina de roedores. Contudo, esta doença também afeta outros mamíferos e apresenta outras formas de contaminação. No meio rural, por exemplo, estudos mostram que diversas estirpes de leptospira – bactéria causadora da leptospirose – têm sido responsáveis pela elevada incidência de problemas reprodutivos, principalmente o aborto, nos rebanhos bovinos, entre outros. Especialista no assunto, Walter Lilenbaum, Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, explica que a leptospirose bovina é uma grave doença infecciosa, que traz muitos prejuízos econômicos para o setor agrário. Para o pesquisador, os atuais métodos de diagnóstico e de tratamento podem estar sendo pouco eficazes para a realidade brasileira, o que explicaria as altas taxas da doença por aqui. No Laboratório de Bacteriologia Veterinária, da Universidade Federal Fluminense (UFF), ele coordena um grupo de pesquisa que busca desenvolver novos mecanismos para diagnosticar a leptospirose e identificar as diferentes cepas da bactéria que contaminam o gado local. "Os nossos resultados são animadores. Até o momento, já descobrimos sete novas cepas, jamais descritas na literatura internacional", comemora Lilenbaum.

O pesquisador relata que uma das motivações para desenvolver o estudo foi perceber que o atual banco de dados sobre leptospirose é composto por diferentes tipos de cepas, encontradas, principalmente, na América do Norte e na Europa, duas regiões que apresentam condições climáticas e ambientais completamente diferentes das regiões tropicais, como o Brasil. "Dessa forma, os principais métodos de diagnóstico e vacina foram desenvolvidos para essas estirpes, que podem não estar sendo tão eficazes para a realidade brasileira, já que, em nossos resultados, estamos constatando que há cepas de leptospira no Brasil que parecem não circular nos países do hemisfério Norte."

Segundo Lilenbaum, outro fator que explica a grande disseminação dessa enfermidade nas regiões rurais é o fato de haver vários animais que, embora não apresentem os sintomas, estão infectados com algum tipo de leptospira e passam a contaminar, pela urina, outros animais e até mesmo o meio ambiente. "Os atuais métodos de diagnóstico, realizados por exame de sangue – sorologia –, são capazes apenas de identificar os animais doentes. Dessa forma, os animais carreadores da infecção não são reconhecidos. Logo, não são tratados e passam a ser agentes disseminadores da doença."

O professor também ressalta que o estudo é inédito, na medida em que lança mão de técnicas moleculares avançadas para ir além da sorologia, o que permite trabalhar, entre outras coisas, com o sequenciamento do DNA da bactéria. Na pesquisa, foram estudados 167 bovinos adultos. "Com as amostras de sangue desses animais, fizemos a sorologia padrão e encontramos resultados semelhantes ao que já está amplamente divulgado. Contudo, utilizamos a urina dos bovinos para cultura bacteriológica e posteriormente para PCR (Reação em cadeia da polimerase, a partir do inglês Polymerase Chain Reaction).  Esta técnica permite amplificar o material genético, neste caso o das bactérias, para que possamos avaliá-lo com maior precisão. Nesta parte, os resultados foram surpreendentes: enquanto estudos internacionais mostram que apenas 10% a 15% do rebanho é carreador das bactérias, nossos resultados mostram uma incidência de 53%", informa o pesquisador.

Em cooperação com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e com o parisiense Instituto Pasteur, a equipe coordenada pelo professor Lilenbaum vem trabalhando com bovinos de matadouros do estado do Rio de Janeiro. Ele conta que, até o momento, os resultados permitem concluir que a ocorrência de bovinos carreadores de leptospira na urina é mais de três vezes o que é usualmente relatado em outros estudos. Tal identificação foi facilitada pelo emprego dos novos métodos de diagnóstico molecular. Adicionalmente, foi demonstrada uma grande diversidade genética entre as cepas de leptospira obtidas, identificando-se estirpes que não são consideradas para os métodos de diagnóstico ou para as vacinas atualmente utilizadas no Brasil. O projeto continua sendo executado e tem previsão de duração de mais três anos. "Conhecer as novas cepas da leptospira é o primeiro passo para melhorar o diagnóstico da doença e começar a pensar em novos estudos para desenvolver vacinas mais especificas para as regiões brasileiras", finaliza.

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