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Publicado em: 26/09/2013
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Educando com o cinema

Danielle Kiffer

 Fotos de Divulgação

     

       Alunos do colégio estadual participam de festival de
       cinema na escola: objetivo é educar e conscientizar  

 

Preconceitos, discriminações e intolerâncias, que muitas vezes terminam em mortes, são comuns em nosso cotidiano, seja com alguém próximo ou em acontecimentos anunciados nas manchetes de jornais. Para que haja mais tolerância e respeito às diferenças, o professor Marcelo Andrade, que é o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), desenvolveu um projeto de intervenção pedagógica em conjunto com alunos de iniciação científica, mestrandos e doutorandos do Grupo de Estudos sobre Cotidiano, Educação e Culturas (Gecec), da instituição.

Com a exibição de filmes sobre educação e cotidiano escolar, temas como racismo, homofobia, machismo e outras formas de preconceito foram discutidos entre estudantes do ensino médio do Colégio Estadual André Maurois (Ceam), localizado no Leblon, zona sul do Rio. “Vivemos em uma sociedade plural e é comum que diferentes correntes de pensamentos e culturas entrem em conflito. Contudo, para que haja respeito na aceitação e entendimento dessas diferenças, é preciso que os jovens sejam educados nessa perspectiva”, ressalta o professor. Além dos debates, foi criado um cineclube com 150 títulos para a escola, entre filmes e documentários, com catalogação detalhada sobre os temas abordados em cada película, para uso e escolha dos professores. O projeto recebeu recursos da FAPERJ por meio do edital Apoio à Melhoria do Ensino em Escolas Públicas Sediadas no Estado do Rio de Janeiro.

Durante a execução do projeto, foi realizado um festival de cinema no colégio. Por uma semana, foram exibidos 10 filmes e documentários: um pela manhã e um à tarde. Entre os títulos exibidos, estão: Escritores da Liberdade, filme norte-americano baseado em uma história real, que retrata o cotidiano de uma escola de um bairro pobre, dominada pela agressividade de seus alunos e descaso dos profissionais; porém, diante da atitude de uma professora recém-contratada, que inova nas formas de ensinar, aos poucos, os estudantes vão retomando a confiança em si mesmos, aceitando mais o conhecimento, e reconhecendo valores como a tolerância e o respeito ao próximo; Pro dia nascer feliz, documentário brasileiro dirigido por João Jardim que mostra o retrato da educação no Brasil, exibindo depoimentos de adolescentes de Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro que retratam a desigualdade social, a banalização da violência e a precariedade do ensino; e Meu nome é Radio: também uma história baseada em fatos reais, mostra a ascensão de um aluno negro com necessidades especiais graças ao apoio e dedicação de um professor. O auditório do colégio, que tem 2.400 alunos, recebeu por dia cerca de 100 a 200 estudantes, para exibição e debate sobre os filmes.

Antes da exibição dos filmes, Marcelo Andrade e sua equipe realizaram um trabalho de pesquisa entre os alunos do Ceam para saber como as formas de preconceito aconteciam no cotidiano dos estudantes. Para isso, uma parte do grupo de pesquisa da PUC-Rio ficou um tempo observando o dia-a-dia do colégio. “Como estudamos a educação, já tínhamos um material arquivado de observação do comportamento juvenil em outras escolas”, conta Marcelo. A partir dessa experiência, eles desenvolveram situações hipotéticas, inspiradas na realidade dos alunos, para que fossem tema de debate em grupo de estudantes de 16 a 18 anos.

 
   
 Professores do Colégio Estadual André Maurois participam
  de oficina pedagógica promovida pela equipe da PUC-Rio
 
Uma menina da escola vai a uma festa e 'fica' com dois meninos diferentes. Na semana seguinte, essa menina é muito criticada. Seis meses depois, um menino da mesma escola vai a outra festa e 'fica' com duas meninas. Na semana seguinte, ele é muito elogiado. Essa foi uma das situações, chamadas de dilemas morais, que foram colocadas na discussão entre os estudantes. “Não queríamos dizer e nem denominar qual tipo de preconceito existia em cada situação. Simplesmente colocávamos as situações para que os estudantes nos dissessem o que pensavam a respeito. Sem um estímulo direto, muitos deles já indicavam qual o tipo de preconceito existente na história e nós os incentivávamos a dar uma solução para o problema”, explica. Depois o grupo de pesquisa realizou entrevistas individuais com os alunos, para averiguar se suas opiniões mudariam quando estivessem sozinhos.

Com o desenvolvimento da pesquisa, Marcelo percebeu que os jovens que participaram das entrevistas e debates não se furtaram a dar suas opiniões com o objetivo de resolver os problemas propostos. “Nenhum aluno teve opiniões ou respostas vazias. Todos contribuíram e mostraram disposição para resolver os problemas”, complementa Marcelo. Outro ponto observado foi que os jovens, talvez pela faixa etária, não confiam totalmente nos adultos. “Esse ponto mostra a importância do debate entre alunos e professores, para estreitar a relação entre adultos e adolescentes”, explica.

Para os professores do colégio, o grupo de pesquisa da PUC-Rio desenvolveu um curso de formação de 20 horas, para que o corpo docente do Ceam estivesse preparado para lidar com debates tão polêmicos. Os professores iam, aos sábados, discutir textos que abordavam temas sobre preconceitos. “Os professores se mostraram muito dedicados. O intercâmbio foi uma experiência rica tanto para nós quanto para eles”, orgulha-se Marcelo, que afirma que esse tipo de ação pode e deve ser realizada em outros colégios do País, das esferas pública e particular. “O machismo, a homofobia e o racismo, quer dizer, o preconceito de uma forma geral está tão enraizado em nosso cotidiano, que muitas vezes as pessoas agem de forma preconceituosa e não têm tanta consciência disso, principalmente crianças e adolescentes. O resultado positivo que tivemos no projeto nos mostra que a educação é uma forma importante de combater e eliminar, quem sabe, o preconceito da nossa sociedade”, conclui.

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