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Publicado em: 19/09/2013
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Rex Nazaré apresenta a história da energia nuclear em palestra no IGHMB

Débora Motta

                                                                      Lécio Augusto Ramos        
    
     Rex Nazaré faz uma abordagem cronológica do desenvolvimento
     da energia nuclear no Brasil e no mundo em palestra no IGHMB

    
Uma aula sobre a evolução da energia nuclear, no Brasil e no mundo, e sua importância no xadrez geopolítico das nações. Assim foi a palestra apresentada pelo diretor de Tecnologia da Fundação e professor emérito do Instituto Militar de Engenharia (IME), Rex Nazaré Alves, na tarde de terça-feira, 17 de setembro, no auditório do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB). De acordo com o presidente do IGHMB, o general Aureliano Pinto de Moura, o tema da palestra – "Energia nuclear: uma corrida de obstáculos" – foi escolhido pela relevância da área para a segurança nacional. "O instituto tem por tradição apresentar palestras com temas de interesses militar e acadêmico. Discutir a questão da energia nuclear é fundamental, por ser um setor inegavelmente estratégico para o Brasil", justificou.

Nazaré fez uma exposição cronológica do desenvolvimento da tecnologia nuclear. Ele recordou as origens dos estudos na área ainda no período greco-romano, com a introdução do conceito de átomo na ciência. "Com os estudos de Demócrito e Leucipo, no século V a.C., surgiu a ideia do átomo. Para Demócrito, era o acaso ou a necessidade que promovia a aglomeração de certos átomos", disse Rex Nazaré. E comparou: "Da mesma forma, o desenvolvimento tecnológico também é promovido pelo acaso ou pela necessidade, mas pela aglomeração do conhecimento."

Já na contemporaneidade, entre os cientistas responsáveis pelos primeiros passos da radiologia no Brasil, Nazaré citou Álvaro Alvim, um especialista em física médica que trabalhou na equipe de Marie Curie, francesa considerada pioneira nos estudos das radiações. "No Rio de Janeiro, Álvaro Alvim foi pioneiro da radiologia e da radioterapia, ao trazer aparelhos europeus para a cidade", recordou Nazaré. "Nesse mesmo período, outras cidades brasileiras, como Belo Horizonte e Belém, receberam equipamentos semelhantes. Isso ocorreu um ano depois que o físico alemão Wilhelm Röntgen produziu radiação eletromagnética nos comprimentos de onda correspondentes aos atualmente denominados Raios-X, em 1895", completou.

Em relação à fabricação de armas nucleares, já no século XX, Nazaré citou o Manhattan, projeto de pesquisa e desenvolvimento que produziu as primeiras bombas atômicas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45). Foi liderado pelos Estados Unidos, com apoio dos países em guerra contra o Eixo (Alemanha, Itália e Japão). "O primeiro dispositivo nuclear já detonado foi de plutônio, no teste Trinity, realizado em Alamogordo, no Novo México, em 16 de julho de 1945. Menos de um mês depois, no início de agosto, as bombas Little Boy e Fat Man foram lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, respectivamente", disse.

Citando outro marco histórico, dessa vez no Brasil, Nazaré recordou que o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) foi criado, em 1951, para promover o desenvolvimento da investigação científica e tecnológica em qualquer campo do conhecimento, mas com especial interesse na física nuclear. Coube ao CNPq incentivar a pesquisa e a prospecção das reservas existentes, no País, de materiais apropriados ao aproveitamento da energia atômica. A lei de criação do CNPq também determinava a proibição da exportação dos minerais radioativos nacionais, mas essa orientação cedeu a pressões externas. "A criação do CNPq contou com o protagonismo do almirante Álvaro Alberto e do pesquisador Carneiro Felipe", lembrou Nazaré.

   Lécio Augusto Ramos
       

 O presidente do IGHMB, general Aureliano Moura, destacou
 a importância da energia nuclear para a segurança nacional    
  

Nazaré destacou a importância do Programa Autônomo de Tecnologia Nuclear (PATN), que coordenou desde o governo do presidente João Figueiredo (1979-85), quando assumiu o cargo de assessor especial da Secretaria do Conselho de Segurança Nacional da Presidência da República, em 1979, até o final do governo Sarney (1985-1990). O objetivo do programa era colocar a área nuclear entre as consideradas estratégicas para o desenvolvimento nacional, e que o País deveria dominar de forma autônoma. Em setembro de 1987, Rex, então presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), anunciou, em cerimônia realizada no Palácio do Planalto, que o Brasil já dominava a tecnologia necessária para o enriquecimento de urânio.

"O Programa Autônomo de Tecnologia Nuclear teve sucesso porque existiu o desejo de dar continuidade política ao trabalho desde Geisel, passando por Figueiredo até Tancredo Neves, que me convidou a dar continuidade à gestão desse trabalho, na casa dele, em Brasília, no último domingo em que esteve sadio. Neves teria que assumir a Presidência na sexta-feira seguinte, em 15 de março de 1985, ao dia do nosso encontro, mas morreu antes de tomar posse", destacou Nazaré. Com a chegada de Fernando Collor de Mello à Presidência, em 1990, o programa nuclear passou a ocupar um papel secundário para suprir as deficiências energéticas do País. "O grande pecado é a descontinuidade", alertou. Os aspectos históricos destacados pelo diretor de Tecnologia da FAPERJ foram confirmados pela presença, no auditório, de diversos protagonistas dessa fase histórica para a energia nuclear no País.

Um currículo invejável

Ao longo de sua trajetória profissional e acadêmica, Rex Nazaré ocupou posições-chave nas instâncias do processo decisório da política nuclear no Brasil, como a de presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), de assessor especial da Secretaria do Conselho de Segurança Nacional da Presidência da República, diretor do Departamento de Tecnologia da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); e governador do Brasil na Junta de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), das Nações Unidas (ONU).

Nazaré tem graduação em Física pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj - 1963), especialização em Engenharia Nuclear pelo Instituto Militar de Engenharia (1963), doutorado em Physique pela Universidade de Paris-Sorbonne (1968) e pós-doutorado pela Escola Superior de Guerra (1975). Atualmente é membro da Comissão Deliberativa da Comissão Nacional de Energia Nuclear e assessor do Gabinete de Segurança Institucional. O IGHMB fica na Praça da República, 197, no Centro do Rio. Mais informações: http://ighmb.org

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