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Publicado em: 04/04/2013
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Para melhor monitorar a SAF

Elena Mandarim

 Divulgação/Uerj

              

 Levy e pacientes grávidas: com o monitoramento
da SAF, o risco de ter aborto espontâneo diminui

Embora não seja muito conhecida da população em geral, a síndrome do anticorpo antifosfolipídio (SAF), é uma doença autoimune bem mais comum do que se imagina. Caracteriza-se pela produção de anticorpos que interferem na coagulação sanguínea, e sua principal consequência é a formação de trombos que podem obstruir artérias e veias, com o risco até da necessidade de amputação de algum membro, de cegueira ou de um acidente vascular cerebral, o temido AVC. Roger Abramino Levy, médico e professor do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), explica que os pacientes com SAF exigem constante monitoramento, realizado por meio de exame de sangue que mede o tempo de atividade da protombina, chamado de TAP ou ainda de INR, do inglês International Normalized Ratio. Esse exame, segundo Levy, é usado para medir a tendência de coagulação do sangue. “Então, de acordo com o histórico da doença do paciente, sabemos em qual faixa deve estar o INR. Se tiver abaixo ou acima dessa faixa, o médico deverá ajustar a medicação e as recomendações médicas.”

Levy está à frente de um projeto que busca desenvolver um software computacional capaz de auxiliar os médicos no monitoramento dos pacientes com SAF. A proposta é tese de doutorado do aluno Felipe Nogueira Barbará, do programa de pós-graduação em Ciências Médicas (PGCM), da Uerj, e recebeu apoio do programa de Auxílio à Pesquisa (APQ1), da FAPERJ. “Os nossos principais objetivos são melhorar o controle do INR e a interação médico-paciente, com o intuito de minimizar as diversas complicações da doença, que podem levar a internações e visitas a serviços de emergência”, relata Felipe. A nova plataforma estará na web e permitirá que os próprios pacientes preencham os resultados dos seus exames. O software agrupa todo o histórico desse paciente em um único lugar, que poderá ser acessado pelo médico utilizando qualquer computador ou dispositivo ligado à internet. “O sistema está em desenvolvimento e uma versão inicial para testes e demonstrações com médicos e pacientes deverá ser colocada no ar em breve”, esclarece o doutorando.

Felipe relata que é muito comum o paciente precisar vir de longe para uma consulta no Hupe só para mostrar o resultado do INR. Se o resultado estiver dentro da faixa sugerida, são mantidos  o tratamento e as mesmas recomendações médicas da consulta anterior. "Quando o sistema estiver em operação, esse tipo de situação pode ser evitada. O paciente atualizará os dados do exame no site e só precisará ir a consulta se for necessário mudar a medicação ou fazer outro tipo de intervenção hospitalar”, aposta o doutorando. Outra vantagem é que quando o paciente inserir o resultado do exame INR muito alterado, o sistema vai enviar, automaticamente, um e-mail de alerta, com todo o seu prontuário e dados pessoais, para o médico responsável. Assim, minimiza-se o risco de certas complicações que, geralmente, são agravadas pela demora em se tomar as providências necessárias.    

Os pesquisadores ainda discutem a possibilidade do próprio sistema atualizar algumas recomendações médicas. “O anticoagulante, que é o tratamento padrão para controlar os pacientes com SAF, por exemplo, é ajustado de acordo com um cálculo feito pelo médico, tendo como base os valores do INR. Então, estamos avaliando, do ponto de vista ético e humanístico, a possibilidade sistema calcular automaticamente a dosagem da medicação, solicitando a confirmação do médico. Depois de confirmado, o paciente já recebe por e-mail ou pelo próprio site instruções para a nova dose ou um aviso para manter a dose anterior”, explica Felipe. Ele destaca que no próprio site também serão agrupadas recomendações padrão para diferentes situações, como, por exemplo, quando procurar seu médico, quando encaminhar-se a uma emergência, que providências tomar antes de se submeter a cirurgias físicas ou dentárias, entre outras.

Particularidades da doença

Descrita pela primeira vez nos anos 1980, a SAF é reconhecida como a trombofilia adquirida mais comum e sua manifestação mais característica é a trombose venosa profunda. Está relacionada com outras obstruções venosas e arteriais, podendo levar a ocorrência de AVC, que frequentemente deixam sequelas, como demência e paralisia. Outras consequências comuns são amputação de membros em decorrência de gangrena, cegueira e repetidos abortos espontâneos. Levy destaca a importância de um diagnóstico precoce. “Assim que se identifica a doença, o paciente passa a tomar medicação e a controlar os níveis de coagulação sanguínea, o que pode evitar as consequências mais severas. Por isso, pacientes e médicos devem ficar atentos às primeiras manifestações clínicas da doença, que incluem manchas na pele que aumentam com o frio, baixos níveis de plaquetas, insuficiência cardíaca, microtrombose disseminada – trombos de vasos de pequeno calibre por todo o organismo –, tromboflebite, entre outros.”

 Divulgação/ Uerj
   
 Em seu doutorado, Felipe busca desenvolver um software para
 auxiliar os médicos no monitoramento dos pacientes com SAF
Levy explica ainda que uma pessoa diagnosticada com SAF deve não somente tomar a medicação como também seguir algumas medidas preventivas. A administração de anticoagulantes é importante para diminuir a formação de coágulos sanguíneos. Contudo, estudos mostram que a anticoagulação oral por longos períodos, se não for controlada adequadamente, está associada a uma maior incidência de hemorragias. “Além disso, é sabido que, desde várias substâncias medicamentosas, por exemplo, até pequenas alterações na dieta podem interferir no estado de coagulação de pacientes que recebem anticoagulação oral. Por isso, é preciso seguir uma dieta regular e ficar atento a qualquer sintoma ou sangramento. E pacientes em tratamento devem prestar atenção a qualquer ferimento ou sangramento. Além disso, no caso de serem submetidos a qualquer tipo de cirurgia, inclusive, dentária, devem avisar o médico para que a medicação seja modificada.”

Levy acredita que com a nova plataforma será possível fazer o paciente participar ativamente do tratamento. “Isso é importante tanto para maior adesão às recomendações médicas quanto para diminuir o estigma de vítima, muito comum em pacientes acometidos por doenças autoimunes”, aposta o médico, ressaltando que a SAF não tem cura, mas com os cuidados específicos é possível levar uma vida normal.

SAF vai ser tema de congresso no Rio

Para debater o assunto, especialistas do mundo todo se reunirão, entre os dias 18 e 21 de setembro de 2013, no Rio de Janeiro, para o XIV Congresso Internacional sobre Anticorpos Antifosfolipídios (APLA) e Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídio (SAF). A capital fluminense será a primeira cidade da América Latina a sediar este evento. Na ocasião, também acontecerá o IV Congresso Latinoamericano de Autoimunidade (LACA).

Antecedendo o congresso, nos dias 16 e 17 de setembro, também no Rio de Janeiro, o grupo de pesquisa internacional Ação em Síndrome Antifosfolipídica (APS Action, da sigla em inglês) se reunirá. Os três eventos são apoiados pelo programa de Auxílio à Organização de Eventos (APQ 2), da FAPERJ e organizados por Levy. Segundo o médico, os eventos, que contarão com participantes e pesquisadores renomados de todo o mundo, servirão para transmitir às novas gerações o interesse pela pesquisa básica, por diagnóstico rápido e preciso, assim como para tomada de decisão em relação à trombofilia autoimune (SAF) e às outras doenças autoimunes sistêmicas, como artrite reumatóide, lúpus eritematosos sistêmico, doença de Crohn, psoríase e vasculites, nas suas várias interfaces multidisciplinares. Mais informações: http://www2.kenes.com/apla-laca/pages/home.aspx

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