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Publicado em: 13/12/2012
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Pesquisa compara dois tratamentos para insuficiência cardíaca em animais

Elena Mandarim

 Divulgação/Uenf

      

     Coelho da Nova Zelândia: bom modelo experimental por mimetizar
     as alterações observadas em animais com insuficiência cardíaca  

A insuficiência cardíaca é a principal causa de hospitalização no Brasil, segundo o Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DataSus), vinculado ao Ministério da Saúde. São cerca de 300 mil internações por ano, das quais, em média, 27 mil pessoas morrem. Mas nem só os seres humanos sofrem desse mal; muitos animais, como cães e gatos, também apresentam essa condição clínica. Empenhado em buscar novas informações sobre essas alterações fisiológicas e metabólicas, um grupo de pesquisadores do Laboratório de Clínica e Cirurgia Animal (LCCA), da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), está desenvolvendo um estudo com coelhos Nova Zelândia. O trabalho busca também novas formas de diagnóstico precoce por meio de biomarcadores cardíacos e, ainda, visa comparar dois tratamentos clínicos. O objetivo é produzir novos conhecimentos para elaborar terapêuticas e diagnósticos alternativos que possam ser aplicados à rotina da medicina veterinária. A proposta foi contemplada no edital de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional (DCRT), da FAPERJ.

A insuficiência cardíaca é, segundo os médicos, uma síndrome grave em que o coração do paciente perde a capacidade de se contrair adequadamente, o que faz com que o volume de sangue bombeado a cada minuto seja insuficiente para suprir as necessidades de oxigênio e nutrientes do organismo. O veterinário e coordenador do projeto, Claudio Baptista de Carvalho, conta que, na literatura científica, o coelho Nova Zelândia é descrito como um bom modelo experimental, porque, neles, a insuficiência cardíaca induzida mimetiza com fidelidade as alterações observadas nos animais de pequeno porte, e até em humanos, que desenvolvem essa condição naturalmente. O protocolo, extensamente utilizado para a indução desta condição clínica, utiliza um procedimento cirúrgico para aumentar a pressão dentro do coração, a que se somam mais três aplicações de adrenalina – que, em doses elevadas, causa toxicidade ao coração. "Contudo, observamos que boa parte dos animais não sobrevivia e desconfiamos que, talvez, o método fosse exagerado", lembra. A observação fez o pesquisador desenvolver, junto com a aluna de mestrado Flavia Lopes Barretto, um estudo para desenvolver um novo protocolo. "Fizemos apenas duas aplicações com doses adaptadas de adrenalina em 36 animais que, ao longo do estudo, foram monitorados regularmente para observar as alterações funcionais e neuroendócrinas. Já publicamos nossos resultados preliminares, comprovando que com apenas duas aplicações de adrenalina conseguimos induzir satisfatoriamente a insuficiência cardíaca nos coelhos, sem perda de qualquer animal", comemora Carvalho.

Após essa comprovação, o doutorando Felipp da Silveira Ferreira deu início a outro estudo, para comparar dois tratamentos. Para isso, os pesquisadores adquiriram 39 coelhos Nova Zelândia adultos, sem restrição de sexo. Felipp Ferreira explica que induziram a insuficiência cardíaca em 30 animais, posteriormente distribuídos de forma aleatória em três grupos: o primeiro foi tratado com a droga enalapril associada à espironolactona, que já é um tratamento utilizado em humanos; o segundo foi tratado com pimobendan, um fármaco novo que já está sendo utilizado em animais, embora ainda não haja estudos sobre sua eficácia nestas condições de uso; e o terceiro não foi tratado, mas os animais receberam solução fisiológica para passarem pelo mesmo tipo de manipulação dos demais. Os nove coelhos restantes formaram o grupo controle, que não sofreram qualquer intervenção, a fim de servir como referência-padrão aos parâmetros observados nos outros grupos.

Divulgação/Uenf
Claudio Carvalho (centro) e seus alunos Felipp Ferreira e Flavia Barretto    
buscam terapêuticas e diagnósticos alternativos para medicina veterinária    
  

"Já esperávamos observar uma melhora no primeiro grupo porque o enalapril é um vasodilatador, ajudando a melhorar o fluxo sanguíneo por todo o corpo, enquanto a espironolactona é um   diurético que, utilizado em doses baixas, tem efeito cardioprotetor, reduzindo a fibrose nas células do coração e a toxicidade no tecido cardíaco. Contudo, o pimobendan, que aumenta a força da contração cardíaca e está associado à hipertrofia do coração, surpreendentemente, também melhorou as condições clínicas dos coelhos, de forma similar ao primeiro composto. Já publicamos os resultados preliminares, indicando que os dois tratamentos se mostram eficazes, mas a melhor terapêutica ainda não pode ser apontada porque estamos fazendo as análises estatísticas que vão mostrar os efeitos das drogas sobre três biomarcadores cardíacos utilizados para avaliar as alterações neuroendócrinas, um parâmetro essencial para distinguir a melhor opção", relata Ferreira.

Carvalho ressalta que a insuficiência cardíaca nos animais pode estar associada a uma série de outras enfermidades e condições orgânicas, como insuficiência renal, hipertensão, diabetes e obesidade. "Todos estes fatores podem estar relacionados às causas que dificultam o bombeamento do sangue para o resto do corpo. Entre os principais sintomas nos animais, estão cansaço e taquicardia", explica Carvalho. Ele ressalta também que os dois estudos foram aprovados no comitê de ética para o uso de animais da Uenf. Carvalho e seus alunos de mestrado e doutorado contaram ainda com a participação dos pesquisadores do Laboratório de Morfologia e Patologia Animal (LMPA) e do Laboratório de Química e Função de Proteínas e Peptídeos (LQFPP), ambos da Uenf.

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