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Publicado em: 06/12/2012
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Ligas acadêmicas ajudam a complementar o aprendizado de medicina


Vinicius Zepeda

Divulgação/Uerj 

          
     Durante o evento "Tabagismo: apague esta ideia", Diogo 
     Valente aplica teste respiratório em funcionária da Uerj
    
 

No Brasil, os cursos superiores de medicina são em tempo integral e abrangem uma enorme quantidade de conteúdo teórico, o que faz com que temas importantes acabem sendo pouco aprofundados ou, algumas vezes, nem mesmo sejam abordados durante a graduação. A constatação é da médica e pesquisadora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Maria Helena Faria Ornellas de Souza. Ela explica que, mesmo com pouco tempo disponível, a maior parte dos estudantes busca vivenciar melhor a prática médica e aprofundar conhecimentos, ainda durante a graduação, em atividades extracurriculares. São as chamadas Ligas Acadêmicas, em que grupos de alunos procuram complementar o aprendizado em determinados temas. Cada uma delas possui um professor responsável por orientar as atividades propostas pelos estudantes. Porém, nem sempre as ligas contam com infraestrutura, recursos e material necessário ao desenvolvimento das atividades propostas. Na Uerj, um projeto coordenado por Maria Helena Ornellas, com recursos do edital Apoio a Projetos de Extensão e Pesquisa, da FAPERJ, vem ajudando a atuação das ligas do curso de medicina.

Criadas a partir de demandas dos estudantes, as ligas se voltam à realização de ações específicas numa determinada área e oferecem, por exemplo, cursos teóricos a um número específico de estudantes interessados, que se inscrevem e são selecionados por sorteio. Nelas, um ou mais professores atuam como orientadores dos cursos e atividades práticas propostas pelos alunos. Desde 2009, na Faculdade de Medicina da Uerj, existe o Departamento de Ligas Universitárias (DLU), que tem como objetivo articular as ações e também orientar a criação de novas ligas.

No caso específico da Uerj, essas atividades são recentes: tiveram início em 2007, com Liga Trauma e Emergência (LTE). Segundo dados do próprio projeto, as lesões causadas por pancadas, acidentes ou mesmo violência física – ou traumas – são a principal causa de morte no Brasil. "Ainda assim, o assunto não é abordado de maneira integral na universidade", explica a médica. O que motivou os membros da LTE a realizarem, em 2010, o Congresso Brasileiro de Ligas de Trauma, na instituição, com a presença de ligas de outras universidades. O evento teve, entre outras atividades, uma apresentação dos oficiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar, sobre traumas causados por armas de fogo. No Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe/Uerj), está sendo criado um serviço de atendimento pré-hospitalar de pacientes com trauma e um curso de capacitação em primeiros socorros voltado para seguranças do hospital e da própria universidade", afirma. "Também foram dadas aulas de primeiros socorros a estudantes de outros cursos da Uerj, como os de Educação Física, Enfermagem e de Odontologia, e atividades semelhantes voltadas para alunos de escolas públicas do entorno do Maracanã, para a população, e para interessados, na Quinta da Boa Vista e no Morro do Salgueiro, na Tijuca", complementa.

Divulgação/Uerj 
      

De vermelho e à esquerda, a médica Maria Helena Ornellas 
    e os estudantes de medici
na participantes da LiOnco 

Entre 2009 e 2010, Maria Helena também atuou como orientadora da Liga de Oncologia (LiOnco), responsável pelo estudo do câncer. Na época, o presidente da liga foi o estudante de medicina Diogo Valente, que no ano seguinte atuou como coordenador geral das Ligas da Uerj. "Trabalhamos bastante na área de prevenção, através de campanhas educativas direcionadas à população", explica Maria Helena. Valente destaca o trabalho desenvolvido pela LiOnco sobre a questão do fumo, principal causa de morte por câncer no mundo, no projeto "Tabagismo: apague esta ideia". "Montamos uma tenda no estacionamento do Hupe, onde distribuímos material explicativo sobre os males do cigarro e realizamos testes em fumantes e em não-fumantes. Também promovemos testes respiratórios e de dependência de nicotina e encaminhamos os dependentes ao ambulatório de controle do tabagismo da universidade", explica Valente. Ele acrescenta ainda as ações efetuadas na praia de Copacabana, na Lagoa e no Hupe, e as campanhas de prevenção ao câncer de pele e de próstata, e a orientação para uma alimentação mais saudável.

Maria Helena e Diogo Valente destacam ainda as chamadas terapias complementares, como medicina ortomolecular, fitoterapia, homeopatia, acupuntura, hipnose médica e medicina indiana (ayurveda), que não fazem parte da grade curricular na graduação de medicina. "Com a criação da Liga de Medicina Complementar e Integrativa (LiMCI) e do curso teórico que oferecemos, os alunos estão tendo acesso à orientação em práticas como acupuntura, homeopatia e medicina indiana, para estágios tanto no Hupe quanto em outros hospitais", explica Valente. "No caso da Liga de Cirurgia, há um projeto de conscientização sobre doação de órgãos, enquanto a Liga de Infectologia tem realizado atividades de extensão voltadas principalmente para a higiene adequada das mãos entre crianças, e, no início de dezembro, pretende promover um evento de prevenção de Aids/HIV", acrescenta Maria Helena.

Coordenadora de extensão da Faculdade de Ciências  Médicas  da Uerj – orgão responsável por dar suporte às atividades extracurriculares propostas no curso –, Renata Aranha é uma entusiasta das ligas acadêmicas. Ela destaca que, muitas vezes, ligas de diferentes temas se unem para realização de atividades práticas junto à comunidade. "Dessa forma, o aluno vivencia o trabalho em equipe e aprende na prática a fazer planejamento e gestão das atividades de promoção da saúde junto à população e também a ter um maior compromisso social", afirma Renata. Segundo ela, as ligas são uma ferramenta essencial para os alunos vivenciarem, de forma indissociável, os três pilares da universidade: ensino, pesquisa e extensão. "As ligas precisam ser incentivadas como um movimento espontâneo dos universitários, pois dessa forma encontramos motivação e empenho genuínos que podem contribuir para que os cursos na área da saúde inovem, desenvolvendo metodologias de ensino, novos processos de construção do conhecimento e interação com a sociedade", complementa.

Maria Helena Ornellas ainda destaca que ligas acadêmicas são, muitas vezes, a única oportunidade dos alunos saírem um pouco do ambiente universitário e vivenciarem o aspecto mais humano e prático da medicina. "Em hospitais universitários, como o nosso, o estudante atende ao paciente já internado e não tem a oportunidade de participar da prevenção de doenças entre a população", destaca. "O contato com a realidade de populações pobres, como aconteceu no Morro do Salgueiro, por exemplo, é outro aspecto que eles não teriam oportunidade de vivenciar na graduação", complementa.

A iniciativa tem chamado a atenção de sociedades médicas e de diversas outras universidades pelo país, que já começaram a desenvolver programas semelhantes. Para Diogo Valente, que atualmente cursa mestrado em Medicina na Uerj, com qualificação de sua dissertação prevista para dezembro, é importante divulgar o papel dessas iniciativas na formação do universitário. Atualmente a Uerj tem 11 ligas. Além das já citadas, também estão em funcionamento as de Medicina da Família e Comunidade, a de Cardiologia, Saúde da Mulher e de Radiologia. Também está em vias de se formar uma iniciativa voltada para Medicina do Esporte.

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