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Publicado em: 13/09/2012
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Reciclagem transforma fibra de coco em piso

Vilma Homero

 Divulgação/ Uezo

      

      A fibra de coco permite a produção de placas para piso em
           vários formatos, resistentes e impermeáveis a líquidos
  

 

De um lado, poliuretano; do outro, fibra de coco. O resultado dessa combinação é um tipo de material que tanto pode ter uso como piso de áreas internas quanto pode ser aplicado como revestimento decorativo de paredes. E ainda serve como matéria-prima para artesanato. A iniciativa uniu o Centro Universitário da Zona Oeste (Uezo) e uma empresa da região, a Espirall, na busca por aprimorar a mistura de polímeros com fibra de coco para aplicações diversas que tanto pudessem ser empregadas na indústria quanto por pequenos empreendedores. O projeto “Uso de materiais desenvolvidos na universidade como agente de transformação na vida socioeconômica da região da zona oeste”, que contou com recursos do edital de Apoio a Projetos de Extensão e Pesquisa, da FAPERJ, permitiu a capacitação de moradores da região da zona oeste e sua inserção como mão de obra qualificada no setor produtivo do município.

"Com cerca de 1,5 milhão de habitantes, a Zona Oeste é a maior área em extensão da cidade do Rio de Janeiro. Desse total, 250 mil são moradores de Campo Grande, ou seja, estão nas proximidades da universidade", afirma Alex da Silva Sirqueira, pró-reitor de Pesquisa da Uezo. Segundo o pesquisador, para a maioria dessas pessoas, boa parte da renda, ou perto de 80%, tem origem no comércio, principalmente o informal. "Entre as causas para essa situação está a qualificação dessa população, que está distante  dos campi de universidades sediadas no Rio de Janeiro. Instalada em Campo Grande,  a Uezo procura formar profissionais qualificados para atender a demanda do estado. E a procura de nossos cursos no último vestibular mostra claramente que a população compreende a importância da universidade para a sua capacitação", afirma Sirqueira. Ele acrescenta que, da mesma forma, as demandas apresentadas pelo Conselho de Cooperação Tecnológica, formado pelos empresários da Zona Oeste e pela universidade, convergem para a necessidade de pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias, de modo a tornar as empresas locais mais competitivas.

"Empresa nova do ramo de pisos e revestimentos, a Espirall procurou os pesquisadores da Uezo para buscar formas de produzir com sustentabilidade. A ideia era estabelecer parcerias e fabricar piso e material de revestimento à base de resina natural e fibra de coco. E queria desenvolver novos produtos, diminuindo as perdas durante o processo", conta.

Para se chegar à fibra de coco, bastou um olhar à volta, já que o município de Itaguaí, grande região produtora, abriga tanto plantações de coqueiros quanto fábricas para produção de leite e engarrafamento de água de coco. Com isso, há também abundância de resíduos, que servirão como matéria-prima para utilização a custo zero. "E aqui na universidade, já havíamos experimentado algumas combinações de materiais, como o polipropileno de copos descartáveis com cascas de coco para criar um material de apelo ecológico", afirma o pesquisador.

Já o poliuretano, um dos materiais dos mais utilizados na indústria e alvo de diversos estudos na Uezo, tem características bem distintas. "É um material de alta resistência. Então, precisávamos chegar a proporções adequadas de fibra e de poliuretano, que fossem as mais adequadas a cada uso. Fizemos diversos protótipos e os testamos para chegar a algumas combinações ideais." Como explica Sirqueira, uma vez que o piso não sofrerá esforço mecânico de tração – como acontece no caso das sacolas plásticas, por exemplo, que têm que suportar uma determinada quantidade de peso, pôde-se empregar uma maior quantidade de fibra de coco, algo entre 60% e 90%, para que o resultado tivesse características mais ecológicas.

"Essa combinação depende do uso final que o material vai ter."  Foi preciso considerar, por exemplo, que piso sofre compressão, ou seja, suporta o peso do trânsito das pessoas; esforço de flexão, o que significa uma certa flexibilidade para expandir e contrair, quando exposto às intempéries de sol e chuva; e ter pouca permeabilidade, para não absorver líquidos derramados. "Para ser colocado em áreas externas, por onde passa um grande número de pessoas, isso exigiria uma maior proporção de poliuretano. Quando esse não for o caso, então pode haver maior quantidade de fibra na composição."

O material passou por diversos testes, como o de inchamento em água. "Para protegê-lo, selamos as placas de material – que podem ter diversos tamanhos, variando de acordo com cada uso – com uma camada fina de poliuretano." Além das experiências feitas, também pesou na escolha o aspecto estético. "A fibra de coco pode imitar madeira escura, resultando num material visualmente bonito. E, por sua resistência, tanto pode ser usado em revestimento, como divisórias, quanto em pisos", explica o pesquisador.

Tanto quanto repassar a tecnologia, os pesquisadores da universidade também estão auxiliando no treinamento dos profissionais da empresa. "Fizemos a transferência de tecnologia e trabalhamos na formação profissional de vários alunos, alguns dos quais já foram absorvidos e estão trabalhando na empresa, como gerentes e estagiários. A formação desse pessoal também permitiu que a empresa iniciasse suas atividades e começasse a colocar seu piso no mercado."

Como a Espirall continua tentando desenvolver novos produtos, a parceria com a Uezo tende a ter continuidade. "Eles já voltaram a nos procurar para fazermos algo empregando casca de cacau", exemplifica o pesquisador. Se a empresa busca a sustentabilidade em seus novos produtos, de seu lado, a Uezo procura preparar novos e melhores profissionais. Para isso, está promovendo cursos de atualização na universidade e organizado suas primeiras turmas de mestrado profissional na área de Engenharia de Materiais. Iniciativas em que todos só têm a ganhar.

 

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