Débora Motta
Sansão Hortegal |
Mesa de abertura do SBPC: nos discursos, a ênfase foi para a formulação de políticas públicas contra a pobreza |
De acordo com o ministro, o Brasil deve seguir uma transição "rápida e segura" para uma economia verde e inclusiva. "Abrigamos a maior biodiversidade do planeta, mas ocupamos uma posição tímida no cenário internacional em termos de ciência da biodiversidade. Utilizamos de forma sustentável menos de 1% das 55 mil espécies vegetais nativas. Como conhecer de fato a biodiversidade sem ser pelas lentes da ciência?", questionou Raupp. Para ele, o desenvolvimento deve caminhar ao lado da inclusão social de povos tradicionais, como os quilombolas, caiçaras e ribeirinhos. "É preciso incorporar os conhecimentos tradicionais ao sistema de ciência, tecnologia e inovação, assegurando aos seus detentores uma divisão justa e equitativa de benefícios, monetários ou não, da sua utilização", destacou.
A presidente da SBPC, Helena Nader, aproveitou a oportunidade para reforçar a necessidade da ampliação dos investimentos na educação. "Em junho passado, após 17 meses de tramitação, a Câmara aprovou por unanimidade o Plano Nacional de Educação, que incluiu uma meta de investimento público de 10% do Produto Interno Bruto no setor, a ser alcançada em dez anos. Consideramos esta uma grande vitória", ponderou Helena. Além do aumento no investimento em educação pública, o plano prevê a ampliação das vagas em creches, a equiparação da remuneração dos professores com a de outros profissionais com formação superior, a erradicação do analfabetismo e a oferta do ensino em tempo integral em pelo menos 50% das escolas públicas. O plano segue agora para aprovação no Senado.
No entanto, Helena expressou sua preocupação com os cortes no orçamento da Ciência e Tecnologia durante os últimos dois anos consecutivos, destacando a importância de investimentos na pasta para viabilizar o progresso social e econômico do País, pelo caminho da sustentabilidade e da inovação. "Um país que chegou a 13 posição no ranking mundial da produção científica não pode sofrer reveses orçamentários em seus programas de desenvolvimento científico e tecnológico", afirmou. "Da ciência básica à inovação, é necessário o aumento de recursos para levar o Brasil de fato a transformar o conhecimento em riqueza social e econômica", completou.
Já o reitor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Natalino Salgado Filho, comemorou a realização da reunião na capital maranhense. "Receber o mais importante evento científico do Brasil, América Latina e Caribe é um grande presente para São Luís, que completa quatro décadas de existência, e para a UFMA, que em poucos dias vai completar 46 anos", comemorou. Para ele, o encontro é uma oportunidade para se discutir como colocar a ciência a serviço da transformação social. "A pobreza é uma chaga, e o Brasil ainda é um dos países com maior desigualdade social. O caminho da ciência e do conhecimento é parte dessa solução e o pesquisador é instrumento de mudança", concluiu.
Entre os integrantes da mesa na solenidade, estavam também os presidentes de honra da SBPC, Sérgio Mascarenhas e Ennio Candotti; a ministra interina da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Lourdes Maria Bandeira; a secretária da Ciência e Tecnologia do Maranhão, Rosane Guerra, que representou a governadora Roseana Sarney; o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Guimarães, representando o ministro da Educação, Aloizio Mercadante; o secretário da Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha, almirante Wilson Guerra; o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glacius Oliva; o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Glauco Arbix; o coordenador da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Ivo Fonseca da Silva; o químico Jailson Bittencourt, representando o presidente da Academia Brasileira de Ciência (ABC), Jacob Palis; a presidente da Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), Luana Bonone; o presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de C,T&I (Consecti), Odenildo Sena; e o presidente do Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap), Mario Neto Borges.
Com o tema "Ciência, Cultura e Saberes Tradicionais para Enfrentar a Pobreza", a 64 Reunião Anual da SBPC ocorre até sexta-feira, dia 27 de julho, e deve receber nesse período cerca de duas mil pessoas, entre pesquisadores, estudantes, cientistas e visitantes em geral. Os principais temas em pauta são economia verde, sustentabilidade, mudanças climáticas e desastres naturais, energia, programa espacial brasileiro, medicina tropical, desigualdade social e direitos humanos, e educação.
Serão realizadas 61 conferências, 66 mesas redondas e 48 minicursos, além de atividades, como reuniões de trabalho, assembleias, encontros para a discussão sobre os avanços da ciência e um fórum de debates de políticas públicas em ciência e tecnologia. Também faz parte da programação a ExpoT&C, considerada a maior mostra de ciência e tecnologia das Américas; a SBPC Jovem (para estudantes do ensino básico e profissionalizante), a SBPC Cultural, a Sessão de Pôsteres e a Jornada Nacional de Iniciação Científica.
Leia mais:
Ministro da C,T&I destaca a importância das FAPs durante a 64 Reunião Anual da SBPC
Inovação aberta é tema de debate na 64 Reunião Anual da SBPC
Legado do ex-ministro Renato Archer para a ciência é discutido em palestra na UFMA
Conferência na UFMA discute a importância da popularização da pesquisa na educação básica
Confira a Fotogaleria da 64 Reunião Anual da SBPC
Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes