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Publicado em: 01/03/2004
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Samba no pé, ciência na cabeça!

Artigo enviado por Alessandro Guimarães Pereira, analista em C&T do CNPq, ao Jornal da Ciência:

"A proposta da Escola de Samba Unidos da Tijuca, de levar a ciência para a Marques de Sapucaí, foi mesmo um tiro certeiro. O carnavalesco Paulo Barros conseguiu esmiuçar um tema espinhoso, impopular na vida cotidiana, quiçá numa passarela de samba.

E a ousadia do carnavalesco deu certo, pois a escola foi vice-campeã e arrancou, sem dúvida alguma, os melhores comentários acerca do quesito 'inovação'.

Dentre todas as alegorias, como a máquina do tempo, os frankensteins e a bateria com seus cérebros de Einstein, o que mais me impressionou foi a pirâmide humana que simbolizava a cadeia de DNA.

Foi um carro alegórico que, na fase de sua execução, gerou questionamentos sobre o sucesso na passarela. O sucesso foi dinâmico, e dependeu da coreografia daqueles homens azuis que eram os adereços do carro.

A grande inovação da Unidos da Tijuca foi a de mostrar que um tema importante socialmente, mas pouco divulgado pode arrancar aplausos e mais: se for bem trabalhado, pode ser facilmente assimilado pelo público.

Para tanto, deve ser bem projetado. O tema 'O Sonho da Criação, A Criação do Sonho. A Arte da Ciência no Tempo do Impossível', não poderia ser mais oportuno.

Ao meu ver, tinha que ser a ciência o tema da escola, posto que os resultados alcançados pela escola foram, como na ciência, fruto da ousadia, da criatividade, da disciplina e até da sorte.

Tudo isso somado ao trabalho de equipe entre o carnavalesco, os integrantes da Escola e membros da comunidade científica. Ressalta-se que o evento teve o apoio da Casa da Ciência, da UFRJ, que forneceu idéias para o samba enredo e para o projeto das fantasias e carros alegóricos.

Foi poético ver tudo aquilo, meio mito, meio científico, meio estranho... E só sendo estranho para gerar um novo patamar de conhecimento. O estranhamento é cúmplice de que algo mudou. Afinal, aquelas baianas, tecnobaianas, baianas-autômatos, que tentavam imitar, imitar as... baianas!

Baianas com aquelas saias que lembram um torno mecânico. Não eram baianas mecânicas, pois o rosto delas, o sorriso de carnaval trazia toda fantasia à realidade e vice-versa. Quer saber, eram mesmo baianas!...

Foi a ação deliberada e calculada que mobilizou toda aquela festa. Aquilo foi coisa de cientista, que projeta, é criativo, disciplinado e de certa forma conta com a sorte ou o acaso.

Olha, quando o mundo associar novamente o Brasil ao carnaval, eu entenderei como elogio à nossa eficiência. Imaginem, fazer tudo aquilo que se faz na Sapucaí exige um talento organizacional, um know how que poucos possuem. E botar um prêmio Nobel da Química pra sambar! Isso é coisa de profissional.

Ao popularizar a ciência, a Unidos da Tijuca mostrou que nosso destino é a antropofagia, seja nas artes, seja na ciência. Eu acho que é desta antropofagia que devemos tirar o melhor produto: a geração de conhecimento. Assim somos originais."
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