Fotos de divulgação
Professora do Instituto de Biofísica da UFRJ e coordenadora da área de Ciências Biológicas e Biomédicas da FAPERJ, a pesquisadora Lucia Mendonça Previato receberá em 8 de março – Dia Internacional da Mulher - o prêmio LOreal Unesco para Mulheres na Ciência, de US$ 100 mil, por seu sucesso no entendimento da bioquímica do Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas, e sua dedicação à busca de tratamento e prevenção do mal.
Anualmente, cinco pesquisadoras – uma de cada continente – são laureadas com o prêmio, cujo objetivo é destacar e estimular a contribuição das mulheres para a ciência. Este ano, a premiação destina-se a trabalhos inovadores em Ciências da Vida.
Pesquisadora-bolsista desde o primeiro edital do programa “Cientistas do Nosso Estado”, da FAPERJ, em 1999, Lucia dedica-se à glicobiologia – o estudo dos açúcares complexos que se unem a outras moléculas, como as proteínas. Eles revestem o exterior das células e representam um papel chave na comunicação celular.
A cientista e sua equipe decifraram o mecanismo da interação entre o Trypanosoma cruzi - o protozoário parasita responsável pelo Mal de Chagas em humanos - e as células hospedeiras humanas.
O parasita usa uma de suas proteínas para retirar um açúcar das células hospedeiras – o ácido siálico – e transferi-lo para uma glicoproteína da sua própria superfície. “A elucidação desse processo pode levar ao desenvolvimento de novos quimioterápicos capazes de inibir esse mecanismo de ação e que sejam menos tóxicos para o paciente”, explica Lucia.
A doença de Chagas é endêmica na América Latina e estima-se que afete entre 16 a 18 milhões de pessoas no continente. Em sua forma crônica, leva à morte pela lesão fatal no coração e no trato digestivo. É transmitida aos humanos através de um inseto que suga o sangue e age como vetor para o parasita, parte de um complexo ciclo de vida de vários estágios. Não existe uma vacina eficaz contra a doença e as terapias medicamentosas disponíveis provocam sérios efeitos colaterais e são ineficazes para a forma crônica da doença.
Lucia Mendonça Previato é a segunda brasileira a receber o prêmio, criado em 1998. Em 2001, a geneticista brasileira Mayana Zatz, da USP, foi premiada por suas pesquisas sobre distrofia muscular.
Programa também concede bolsas de estudos
A cada ano, além de premiar cinco pesquisadoras, uma por continente, o programa L’Oréal-Unesco para Mulheres na Ciência concede 15 bolsas de estudos para jovens cientistas promissoras em níveis de doutorado e pós-doutorado. As candidatas selecionadas recebem uma subvenção máxima de US$ 20 mil dólares para levar adiante seu projeto de pesquisa, na maioria das vezes, fora de seu país de origem. O objetivo é reconhecer cientistas notáveis no auge de suas realizações, ajudar a jovens cientistas a progredir em suas carreiras e incentivar que mais mulheres adotem a ciência como carreira. O foco do programa reveza-se ano a ano entre Ciências da Vida e Ciências da Matéria Condensada.
As premiadas de 2004
Professora Jennifer Thomson
África do Sul
Universidade de Cape Town
Biologia Molecular
"Por seu desenvolvimento de plantas transgênicas resistentes a infecções virais, seca e outros riscos."
Professora Nancy IP
China
Departamento de Bioquímica e Instituto de Pesquisas Biotecnológicas
Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, Hong Kong
Neurobiologia molecular
"Por suas descobertas sobre o controle molecular de crescimento, diferenciação e formação de sinapses no sistema nervoso."
Professora Christine PETIT
França
Instituto Pasteur, Paris
Genética – Fisiologia Sensorial
"Por sua elucidação dos defeitos genéticos na surdez hereditária e outros transtornos sensoriais."
Professora Lucia MENDONÇA PREVIATO
Brasil
Instituto de Biofísica, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Biofísica – Parasitologia
"Por seu sucesso no entendimento, tratamento e prevenção da doença de Chagas."
Professora Philippa MARRACK
EUA
Instituto Médico Howard Hughes
Centro Nacional Judaico Médico e de Pesquisa, Denver, Colorado
Biologia Molecular – Imunologia
"Por sua caracterização das funções dos linfócitos T na imunidade e a descoberta de superantígenos."
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