O seu browser não suporta Javascript!
Você está em: Página Inicial > Comunicação > Arquivo de Notícias > Rock: a trilha sonora de todas as revoltas dos anos 1960
Publicado em: 19/04/2012
ATENÇÃO: Você está acessando o site antigo da FAPERJ, as informações contidas aqui podem estar desatualizadas. Acesse o novo site em www.faperj.br

Rock: a trilha sonora de todas as revoltas dos anos 1960

Débora Motta

 

                                                                  Divulgação                   

        
         John Lennon e Yoko Ono: casal ícone do  rock dos
          anos 1960 durante
  bed-in pela paz no Vietnã 
Se a década de 1960 entrou para a história como um período de grandes transformações políticas, sociais e culturais, a trilha sonora que melhor representa os turbulentos anos rebeldes é o rock. Como definiu o historiador britânico Eric Hobsbawm, “se há alguma coisa que simboliza bem os anos 1960 é o rock”. Partindo dessa perspectiva, o projeto coordenado pelo sociólogo Luis Carlos Fridman, professor titular da Universidade Federal Fluminense (UFF), contemplado pela FAPERJ no edital de Apoio a Pesquisas na Área de Humanidades, propõe avaliar a influência do rock and roll, naquele período, para a propagação dos ideais libertários que marcaram a época.

 

“O objetivo do projeto é estudar a importância que o rock ganhou como uma expressão privilegiada dos anseios generalizados daquele tempo, do ponto de vista político, cultural e existencial, já que o gênero musical influenciou mudanças pessoais, de comportamento e estilos de vida”, resume Fridman. De acordo com o professor, o rock ocupou um lugar definitivo para expressar a vontade de transformação. “As organizações políticas e partidárias não detinham a exclusividade da vontade da mudança. Além dos militantes, os rebeldes incluíam grandes contingentes de jovens que transformaram práticas sexuais, maneiras de vestir, identificações existenciais e formas de convivência, também motivados pelas canções de seus ídolos musicais”, completa.

 

Fridman destaca que o rock  funcionou como a trilha sonora de diferentes vertentes políticas e culturais da juventude que buscava transformações. "Estudantes, hippies, artistas, intelectuais, revoltosos em geral e arruaceiros de muitos matizes se viam representados nas canções de ídolos como Beatles, Bob Dylan, Rolling Stones, Janis Joplin, Doors, Jefferson Airplane e muitos outros”, avalia o professor.

Paz, amor e rock’n’roll

Da atuação política dos artistas que “fizeram a cabeça” dos jovens da década de 1960, Fridman lembra a entrevista de John Lennon para Tariq Ali, o mais importante líder estudantil da Grã-Bretanha no período. Em suas memórias, Tariq cita o bed-in protagonizado por Lennon e Yoko, em 1969, em uma suíte do Hotel Hilton, de Amsterdã, em protesto contra a guerra do Vietnã. “Segundo Ali, o happening do casal, que durou uma semana, fez mais pela popularização da causa da paz do que anos de trabalho organizativo realizado com seus companheiros em militância incansável. A pregação pacifista de John e Yoko, na cama, marcou um encontro expressivo entre a música popular e a política”, relata Fridman, sem esquecer que Lennon tornou-se próximo de figuras como Jerry Rubin e Abbie Hoffman, lideranças esquerdistas do Youth International Party.

  Divulgação
     
  Jovens franceses durante passeata em maio de 1968, pela
  reforma educacional: rock inspirava as revoltas mundo afora 

Mas não só as canções de protesto, como Give peace a chance e Working class hero, de John Lennon, Blowin’ in the wind, de Bob Dylan, e Street fighting man, dos Rolling Stones, exemplificam a politização da época. As músicas também retratavam os dilemas da intimidade e as transformações da época, que teve como um dos slogans "O que é pessoal é político". “As baladas de amor retratavam o desejo de novos vínculos sentimentais e sexuais e um novo lugar social para as mulheres, não mais destinadas à subordinação e ao bom comportamento”, explica Fridman. “Canções ouvidas repetidamente pelo mundo afora pertenciam à experiência íntima dos ouvintes, assim como as convocações políticas dos panfletos, comícios e manifestações de massa”, explica.

 

Para o professor, a pesquisa é uma oportunidade de produzir um conhecimento sistemático sobre o período, com um olhar voltado para os temas introduzidos na agenda pública dos anos 1960 pelas canções que embalaram todas as revoltas nos anos rebeldes. “O rock é um gênero emblemático das novas disputas políticas que emergiram na esfera pública daquele período, diz Fridman. “Estudar a produção musical da época, apoiado em conceitos da teoria social, ajuda a entender melhor as relações entre cultura e política, e as transformações institucionais que ganharam força na nossa sociedade a partir dos anos 1960”, conclui. 

Compartilhar: Compartilhar no FaceBook Tweetar Email
  FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Av. Erasmo Braga 118 - 6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - Cep: 20.020-000 - Tel: (21) 2333-2000 - Fax: (21) 2332-6611

Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes