Elena Mandarim
Divulgação / UniRio |
Equipe da UniRio achou vários fósseis, entre eles, o que |
Os ossos do crânio e de partes do corpo do tatu gigante foram descobertos em janeiro, em uma caverna da cidade Aurora do Tocantins, durante uma expedição paleontológica coordenada pelo pesquisador Leonardo Avilla, do Laboratório de Mastozoologia, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). Espécie descrita pela primeira vez ainda no século XIX, por Peter Lund, conhecido como o pai da paleontologia no Brasil, o tatu gigante também teve outros exemplares encontrados na Argentina. "O fóssil agora descoberto está longe de ser o maior. Mas estamos muito empolgados porque acreditamos ser o primeiro exemplar de um animal jovem, quem sabe até um filhote. Isso porque, pelas primeiras análises, observamos que o crânio ainda não estava completamente formado", entusiasma-se Avilla.
Segundo o pesquisador, nunca foram encontrados evidências deste tatu gigante tão ao norte do País. Isso indica que na Era do Gelo, entre 11 e 20 mil anos atrás, os pampas, típicos da região sul, se estendiam até o norte do Brasil. Essa observação é reforçada pela presença de fósseis de mamíferos carnívoros extintos no Tocantins, mas que são encontrados até hoje nos estados do sul, como uma espécie de furão, uma de cachorro do mato e uma de gato do mato grande. Embora jovem, estima-se que o tatu gigante encontrado tenha pesado em torno de 80 quilos, com um comprimento de 2,5 metros. Proporções bem mais generosas do que a maior espécie de tatu atual, conhecida como tatu canastra, que, adulto, mede em torno de 1,30 m e pesa, em média, 30 quilos.
O tatu gigante, que pastava o dia inteiro pelo campo, fazia companhia a um parente da lhama atual, chamada de Macrauquênia, um animal parecido com camelo com uma pequena tromba, e que hoje só é encontrado na Patagônia e nos Andes. Ambos foram extintos no Tocantins, assim como outros animais. "Acreditamos que os grandes herbívoros não conseguiram se adaptar ao aumento da temperatura e da umidade. E o urso, que se alimentava deles, também desapareceu. As onças sobreviveram por terem alimentação diversificada, do jacaré a pequenos roedores", relata Avilla.
Maurilio Oliveira / Museu Nacional |
Caryonosuchus pricei: em primeiro plano, detalhes da nova espécie, como as protuberâncias no focinho e da arcada dentária em guilhotina |
Já a pesquisa do novo crocodilo está sendo coordenado pelo pesquisador Alexander Kellner, do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Embora tenha sido descoberto há cerca de três décadas pelo paleontólogo brasileiro Llewellyn Ivor Price, falecido na década de 1980, o fóssil, segundo Kellner, revela uma nova espécie. "Com apoio da FAPERJ, retomamos os estudos e descobrimos que o animal representa um novo crocodilomorfo do Brasil. Entre as suas particulariedades, estão quatro protuberâncias de cada lado do focinho, algo nunca antes registrado nesse grupo de répteis", revela.
Divulgada agora na revista Zoological Journal of the Linnean Society, a espécie recebeu o nome de Caryonosuchus pricei: "cáryon", do grego, significa protuberâncias, enquanto "souchus" é crocodilo e "pricei" foi colocado em homenagem ao descobridor do fóssil. Segundo Kellner, esses répteis eram comuns no Brasil, durante o período Cretáceo , particularmente em torno de 80 milhões de anos atrás. "Suas características físicas estão levantando muitas hipóteses. Ainda não sabemos se essas protuberâncias tinham alguma função ou se poderiam ser apenas uma forma de ajudar a distinguir essas espécies das demais", explica Kellner.
Pela análise do crânio, os pesquisadores acreditam que o animal tinha até
Divulgação / UFRJ |
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O fóssil do mastodonte é considerado uma raridade pelos |
Como os seus parentes vivos, os elefantes atuais, os mastodontes teriam hábitos migratórios, sendo seus fósseis descobertos em todas as regiões brasileiras. “O fóssil estudado é único por sua raridade, principalmente, por se tratar de uma peça muito frágil, encontrada praticamente inteira, em uma assembléia fossilífera, ou seja, em um grupo composto majoritariamente por ósseos bastante fragmentados. Defesas de mastodontes neste estado de preservação são extremamente raras”, conclui Ismar.
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