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Publicado em: 18/01/2012
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Estudo mostra a interiorização do câncer no Brasil

Elena Mandarim

 

Divulgação/Uerj

     

Para Gulnar, estudos epidemiológicos 
mapeiam as principais doenças do país     


No Brasil, observa-se uma tendência de aumento da mortalidade por alguns tipos de câncer, nas cidades do interior, e de diminuição, nas capitais. Esta é uma das conclusões de um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Medicina Social (IMS), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), coordenado pela professora Gulnar Azevedo e Silva, médica epidemiologista. A partir do banco de dados do Sistema Único de Saúde (Datasus), a equipe realizou diversas análises que mostram como a mortalidade pelos principais tipos de câncer vem se comportando, no Brasil, desde 1980, levando em consideração informações por gênero, por faixa etária e por região, entre outros parâmetros. O panorama brasileiro foi, ainda, comparado com o do mundo. “Embora em queda, nossas taxas de mortalidade total por câncer do colo do útero e por câncer de estômago, por exemplo, são ainda quase tão altas quanto as observadas em países de baixa renda. Como no caso do câncer do colo do útero, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são capazes de evitar o óbito, esse quadro faz supor que algumas condições de pobreza, como o menor acesso aos serviços de saúde, podem estar associadas a essa grande mortalidade”, diz.

 

Mesmo que algumas hipóteses possam ser levantadas, Gulnar afirma que sua comprovação deve ser verificada em outros tipos de estudos epidemiológicos, que também usem dados qualitativos. Isso porque hábitos tipicamente associados ao estilo de vida urbano, como alcoolismo, fumo, alimentação inadequada e sedentarismo, são apontados como fatores que aumentam o risco de desenvolver algum tipo de câncer. “O tabagismo, por exemplo, que no passado era muito mais comum entre os homens dos grandes centros urbanos, cresceu entre a população feminina e, de forma muito rápida, atingiu as cidades do interior. Isso explica porque tem se observado o aumento da mortalidade por câncer de pulmão tanto entre mulheres como no interior” relata a pesquisadora.

 

Para Gulnar, é interessante observar que, se por um lado, o estilo de vida urbano vem se interiorizando e chegando rapidamente às zonas rurais, por outro, também está sendo freado por campanhas públicas de conscientização. “Essa constatação pode explicar porque, desde 1980, temos observado o aumento da incidência de alguns tipos de câncer no interior e uma diminuição nas capitais”, aposta a pesquisadora.

 

Os resultados preliminares, que foram apresentados no VII Congresso Brasileiro de Epidemiologia, mostram, por exemplo, que em cidades do interior da região Norte, a taxa de mortalidade por câncer do colo do útero subiu de seis óbitos em cada 100.000 habitantes, em 1980, para 11, em 2009. Já nas capitais, caiu de 26 para 16, no mesmo período. Para o câncer de pulmão, de 1980 a 2009, a taxa de mortalidade, entre homens, aumentou de 12 para 15 em cada 100 mil habitantes, no interior. E nas capitais, diminuiu de 26 para 20 por 100 mil habitantes.

 

Na comparação entre o Brasil e o mundo, Gulnar afirma: “Se considerarmos o conjunto dos cânceres, nossa taxa de mortalidade se situa em padrões intermediários quando comparada a de países de alta renda. Isso pode indicar que a exposição aos riscos relacionados ao estilo de vida típico do mundo industrializado pode ter se intensificado aqui num momento posterior ao que aconteceu nos países ricos. A mortalidade por câncer de pulmão, por exemplo, nunca alcançou entre nós os mesmos patamares de países como Estados Unidos e França.”

Entretanto, a pesquisadora ressalta que, ao observar individualmente cada tipo de câncer, alguns fogem à regra geral. Um deles é o de laringe, que atingiu recentemente o ex-presidente Lula. Enquanto no Brasil, esse é o sétimo tipo mais comum entre os homens, é o 15 mais frequente nos óbitos da população masculina em países desenvolvidos. Já o câncer de colo do útero é o segundo mais frequente em mulheres brasileiras e o sétimo na população feminina de países ricos.

O estudo contou com recursos da FAPERJ, por meio do Auxílio à Pesquisa (APQ1), e do Ministério da Saúde. Para Gulnar, a análise dos dados disponíveis nos Sistemas de Informações do SUS é importante para mostrar a realidade do país e embasar a organização das ações de controle. “Os resultados obtidos ajudam a direcionar os recursos das políticas públicas de prevenção de doenças crônicas e promoção da saúde, sejam eles federais, estaduais ou municipais”, aposta Gulnar e conclui: “O câncer é uma das doenças que mais matam em todo o mundo, o que reforça a relevância desse pesquisa que busca desenhar situação da doença no Brasil.”

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