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Publicado em: 08/09/2011
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Livro resgata o papel das revistas ilustradas no Segundo Reinado


Débora Motta

 

                           Reprodução
  
 Obra mostra a importância das
 revistas ilustradas no séc. XIX
   
As revistas ilustradas que circulavam no Brasil durante o Segundo Reinado (1840-1889) desempenharam um papel especial na história da imprensa brasileira. Numa época em que o acesso à fotografia era restrito e em que a sociedade se apoiava na leitura das letras, as revistas ilustradas foram responsáveis, em grande medida, pela circulação das primeiras imagens na imprensa brasileira, na forma de ilustrações. Esse tema é discutido no livro Revistas ilustradas – modos de ler e ver no Segundo Reinado (editora Mauad), organizado pelos pesquisadores Paulo Knauss, Marize Malta, Cláudia de Oliveira e Mônica Pimenta Velloso, e publicado com apoio do programa de Auxílio à Editoração – APQ3, da FAPERJ.

 

“É um livro que trata ao mesmo tempo da história da imprensa e da história da imagem no País, valorizando a cultura letrada e a cultura visual do Segundo Reinado”, resume Paulo Knauss, diretor do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro e professor do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ao longo de três capítulos – “As revistas ilustradas no mundo dos impressos”, “As revistas ilustradas e seus temas” e “No tempo das revistas ilustradas” –, o livro reúne 11 estudos de diferentes autores que abordam, com perspectivas diversas, a imprensa e o mundo social oitocentista. “Os artigos destacam como o imaginário social brasileiro da época tem como referência a relação entre texto escrito e imagem que se estabeleceu na imprensa ilustrada”, diz Knauss.

 

De acordo com o historiador, a obra veio preencher uma lacuna bibliográfica sobre o tema. “A ideia de fazer um livro sobre o assunto surgiu da necessidade de se criar um material para atender as atividades acadêmicas de pesquisa sobre as revistas ilustradas da segunda metade do século XIX, que era escassa. Normalmente, a bibliografia sobre o século XIX valoriza muito a imprensa panfletária do Primeiro Reinado, que não é nosso objeto de estudo”, conta Knauss. Para ele, as revistas ilustradas contribuíram para formar no público leitor a cultura visual. “Hoje, associamos sempre a ideia de fotografia e notícia, mas antes da fotografia, a gravura já circulava nas revistas ilustradas. A introdução desse tipo de imagem, a maioria em preto e branco, renovou a imprensa escrita”, explica o autor do prefácio da coletânea.

 

Diversidade de temas      

 

Com reportagens sobre variedades e atualidades, ilustrações de moda e sátiras políticas, representadas pelas caricaturas, as revistas ilustradas abordavam temas diversos. “Essas revistas eram, muitas vezes, produzidas no Rio de Janeiro, a sede do Império, e distribuídas para outras províncias, onde eram balizadoras da moda, do comportamento e fonte de notícias da época”, explica a organizadora do livro Marize Malta, professora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Entre as revistas ilustradas que circulavam na época do Segundo Reinado estavam o Museu Universal – Jornal das Familias Brazileiras, Minerva Brasiliense, Ostensor Brasileiro, A Estação e O Jornal das Senhoras. Elas apresentavam a informação visual por meio de estampas encartadas e/ou ilustrações impressas na própria página, junto ao texto, por clichê ou processos litográficos.

 

 Reprodução                                  
 Página de abertura da revista  A    
 Estação destaca a moda feminina      


Em um dos artigos do livro, intitulado “Fundo, detalhe e satisfação visual: decoração doméstica em A Estação”, a professora Marize Malta apresenta um estudo de caso de A Estação – Jornal Illustrado para a Família. A revista se propunha a mostrar, especialmente ao público feminino, as últimas tendências europeias da decoração de interiores e atendia aos anseios da “boa sociedade carioca”, interessada na escolha de mobília e decoração como símbolo de status social. Contudo, abordava também temas como moda, comportamento e literatura. “A Estação colocava as senhoras a par das modas parisienses, trazendo inclusive os moldes dos vestidos franceses”, conta.

 

A revista quinzenal A Estação, assim como outras da época, refletia a forte influência francesa nos costumes da época. Era uma versão brasileira da parisiense La Saison. “Os editores compravam os clichês, ou seja, as ilustrações de moda e decoração, da revista francesa e traduziam os textos para o português, mas a parte literária e de colunismo social da revista era escrita por brasileiros.” De acordo com a professora, um dos escritores brasileiros que se destacaram na publicação foi o imortal Machado de Assis, autor de folhetins – capítulos romanescos publicados periodicamente nas revistas ilustradas, que foram os ancestrais das atuais novelas.

 

Retratos de uma época, as revistas ilustradas tiveram o mérito de colocar as imagens não apenas como fonte de informação complementar ao texto, mas muitas vezes como a principal fonte de informação, além da palavra. “A imagem era tão importante quanto o texto nas revistas ilustradas. Elas construíam o conhecimento”, destaca Marize Malta. Por esse motivo, as imagens são destaque na edição do livro Revistas ilustradas – modos de ler e ver no Segundo Reinado, ricamente ilustrado com os periódicos em análise. “O apoio da FAPERJ foi importante para poder publicar as imagens dessas revistas, discutidas na obra com uma edição de qualidade, toda em papel couché”, conclui.     

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