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Publicado em: 01/09/2011
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Uma ferramenta para analisar questões sociais

Vilma Homero

 

 Divulgação / Coppe
 
    Dani Gamerman e equipe usam a estatística
    para proceder a análises de questões sociais

Quando alguém pergunta a Dani Gamerman "o que é estocástico?", ele não hesita em responder com uma série de exemplos. Para começar, o termo "estocástico" se refere a fenômenos regulados por probabilidades. Em estatística, significa uma série de cálculos com que se pode analisar assuntos tão diversos quanto a relação entre poluição e o aumento da incidência de problemas respiratórios em hospitais ou a verificar o aprendizado em testes de avaliação de estudantes, como o Enem. Com novíssimos computadores no recém-inaugurado Laboratório de Sistemas Estocásticos (LSE), da Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), há uma equipe inteira, coordenada por Helio dos Santos Migon, disposta a efetivar trabalhos de interesse social. "Nosso laboratório foi financiado pela Petrobras e pelo edital Pensa Rio, da FAPERJ."

"No exemplo epidemiológico, procuramos responder a uma pergunta: se o aumento da poluição também faz crescer o número de internações e mortes por doenças respiratórias, como asma e pneumonia, e se aumenta, em quanto? E ainda se esse efeito da poluição é imediato ou se torna maior depois de alguns dias? Para confirmar essa relação de causa e efeito, é preciso recorrer à ciência para estabelecer um padrão que confirme essa causalidade", fala Gamerman, integrante do Programa de Pós-Graduação em Estatística, do Instituto de Matemática da UFRJ. Ele explica que, no entanto, há uma série de fatores que precisarão ser levados em conta. "Além de confirmar se há, ou não, causa e efeito, ver como essa causa, a poluição, interfere e o quanto ela interfere. Para isso, temos que incluir fatores que reflitam bem a realidade, usando as informações disponíveis", diz. Gamerman explica que também é preciso não perder de vista que quanto mais fatores se inclui, menos preciso será o resultado.

Nesse caso, pode-se acrescentar, por exemplo, variáveis de controle, como as condições de temperatura e umidade. "Também é preciso nos perguntarmos se o efeito da poluição permanece ao longo dos dias e relacionar o quanto esse efeito é forte, ou não, em cada um dos dias relacionados. O que pode ser feito verificando-se, por exemplo, os níveis de poluição e os números de internações por causas respiratórias", explica. Ele viu ainda que há, na verdade, uma relação entre um dia, o dia anterior e o subsequente, uma vez que o efeito da poluição de um determinado dia costuma decair com o passar do tempo.

Quando se trata de avaliar a educação, em testes como o Toefl, que mede a proficiência no idioma inglês, ou o Enem, que avalia estudantes das últimas séries do ensino médio, em geral se avalia a habilidade dos alunos em questões de múltipla escolha, que são analisadas de forma diferente de acordo com o grau de dificuldade. Mas é possível incorporar a essa avaliação déficits educacionais de alunos provenientes de escolas mais deficientes? Para responder a questões como essa, Gamerman diz que se usa a teoria de resposta ao item. "Com base nas respostas, conseguimos averiguar, não a quantidade de erros e acertos, mas a real habilidade do aluno." Para isso, é feita uma calibração dos itens, uma vez que se sabe quais são as questões mais fáceis e as mais difíceis. "Em vez de atribuir diferentes pesos a essas questões, fazemos uso de probabilidades para fazer combinações e chegar a um resultado. Nossa análise pressupõe níveis de dificuldade e níveis de preparo do aluno, que são incorporados nessa conta." Por conta disso, Gamerman pôde confirmar o que já se sabe informalmente: níveis desiguais de ensino em escolas públicas e particulares, com vantagem para as últimas.

Mas o próprio preparo da vida, a experiência do cotidiano, também pode entrar nesse jogo. "Nos testes, podem ser incluídas questões que não dependam do treinamento escolar do estudante. São o que chamamos de questões âncora, formuladas por especialistas em educação e que dependem mais do raciocínio lógico do que de preparo escolar. Na verdade, com essas questões, procuramos remover o efeito do aprendizado na escola. Com elas, podemos detectar diferentes backgrounds e mostrar a habilidade inata de um aluno." Isso se mostra ainda mais importante quando se trata de verificar as diferenças entre alunos do interior e das capitais. "Num estudo autônomo, conseguimos mostrar como estas diferenças se refletiam nas questões de dinheiro", fala.

Entre as inúmeras possibilidades, Gamerman e equipe agora querem usar o mesmo método para avaliar o sistema de cotas nas universidades. "Estamos abertos a todas as propostas que instituições públicas de quaisquer áreas venham nos fazer. Queremos que nosso trabalho possa ser usado socialmente. Temos um laboratório e uma equipe prontos a encarar qualquer desafio", declara Gamerman. Ele espera que os pedidos não demorem.

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