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Publicado em: 25/08/2011
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Mágicas: o mundo encantado do teatro

Elena Mandarim



 Reprodução

     
 
Quem não gosta de uma boa mágica? Os truques ou artifícios, usados para criar a ilusão de algo que não é possível ou não é real, deixam qualquer pessoa maravilhada. Isso explica porque, ao longo do século XIX e início do século XX, um gênero dramático-musical denominado "mágica" fez tanto sucesso no Brasil e em Portugal. É o que mostra o livro "O mundo maravilhoso das mágicas", escrito por Vanda Bellard Freire, professora da graduação e pós-graduação da Escola de Música, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A publicação, que recebeu apoio para publicação da FAPERJ, por meio do APQ 3 – Auxílio à Editoração, apresenta um relato histórico sobre esse gênero do teatro musical que, segundo a pesquisadora, "valia-se de maquinarias para proporcionar efeitos visuais no decorrer do enredo que era maravilhoso e fantástico".

O conteúdo apresentado no livro é resultado de diversas pesquisas realizadas tanto em Portugal (Universidade Nova de Lisboa) quanto no Brasil (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Vanda conta que os estudos foram feitos em diversos documentos e jornais da época, manuscritos musicais e libretos, encontrados, por exemplo, nas Bibliotecas Nacionais dos dois países. "Em uma minuciosa análise desse material, estamos conseguindo montar o quebra-cabeça. Já podemos afirmar, entre outras coisas, que as mágicas fizeram muito sucesso, porque encontramos vários documentos que mostram que os espetáculos estavam sempre lotados", exemplifica.

Para encantar as plateias, usavam-se maquinismos sofisticados, de tal forma que o público não percebia como se davam os efeitos. "Em um exemplo, tirado do libreto da mágica A loteria do Diabo, de Casimiro Júnior), o enredo se desenrola em torno de uma história ingênua de amor entre Azaim e Amina. Numa das cenas, consta do libreto a seguinte observação: ‘Ao princípio do coro e a um gesto de Bannazer, Azaim dá a terceira pancada - sai do centro do rochedo um monstro medonho e gigantesco, avança sobre Azaim, que impávido lhe crava a espada no coração. Quando o monstro cai ferido, vê-se em seu  lugar um gênio alado.’", conta a pesquisadora. Em outra cena da mesma mágica, uma cabana se transforma em uma mesquita brilhante, e a cama, em um sofá magnífico. "Não temos muitos detalhes sobre como operavam esses efeitos, mas sabemos que os maquinismos impressionavam", diz a pesquisadora.

As mágicas eram produzidas por autores e músicos nacionais, como o brasileiro Barroso Neto do Brasil e o português Salvador Marques. Os espetáculos, além de enfatizar a fantasia e o maravilhoso, continham traços de sátira e humor. Os quadros e as cenas eram construídos, mais ou menos, de forma independente e sempre com textos em português, o que permitia a compreensão de todos. "Essas características se contrapunham a ópera italiana. Contudo, os dois gêneros fizeram muito sucesso no mesmo período e recebiam o mesmo público", afirma Vanda.

A pesquisadora ressalta que, apesar da mesma popularidade, só as óperas italianas são referenciadas na historiografia da música, tanto de Portugal quanto do Brasil. "Concluímos que o ‘esquecimento’ das mágicas deriva de uma visão preconceituosa dos historiadores sobre a nossa própria cultura, visto que portugueses e brasileiros cultivam um sentimento de inferioridade face ao que é oferecido pelos demais países. Isso, todavia, não invalida a suposição de que mágicas foram exibidas, com receptividade semelhante, fora do universo lusófono" explica.

O livro é relevante para trazer à luz a instigante trajetória das mágicas nos dois países. De acordo com Vanda, todo material está catalogado e organizado em um banco de dados. Ao todo, já se tem conhecimento de 95 mágicas em Portugal e 55 no Brasil. "Buscamos interpretar e analisar todo material sob a ótica do século XIX e início do século XX, traçando história desse gênero musical dentro do contexto cultural e social da época", conclui.

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