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Publicado em: 19/05/2011
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Para estreitar os laços de amizade com o povo árabe*

 Reprodução

          
           A contracapa (E) e a capa: assim como a
         escrita, o livro deve ser lido de trás para frente
No dia 11 de março, uma onda de protestos populares organizados por jovens e mulheres através das redes sociais resultou na renúncia do presidente egípcio Hosni Mubarak após 42 anos de governo ditatorial. Outros governos ditatoriais no Oriente Médio também foram desestabilizados e estão sob ameaça de cair nos próximos meses. Segundo o secretário de Relações Internacionais do Superior Tribunal de Justiça do Brasil, Hussein Ali Kalout, eventos como esses reforçam ainda mais a importância da diplomacia brasileira em propor soluções que ajudem os árabes a escrever novos capítulos em sua história. Se de um lado, o governo do ex-presidente Lula estreitou enormemente os laços com os povos árabes, especialmente no campo comercial, do outro, um dicionário de árabe para o português, que será lançado na próxima terça-feira, 24 de maio, no auditório da Biblioteca Nacional (Rua México, s/n, Centro – Rio de Janeiro), contribui para divulgar um pouco dessa cultura entre nós. O livro foi desenvolvido com apoio do programa Auxílio à Editoração (APQ 3) da FAPERJ.

Talvez a contribuição mais óbvia do povo árabe para a humanidade seja a numeração (0, 1, 2, 3.), sem contar a grande influência em várias línguas do presente, inclusive o português, que incorporou algumas palavras de origem árabe, como nora, quilate, canal, arroz, sentinela e diversas palavras iniciadas por "al" e "el", como algodão, alfândega, alcácer e alcalóide. O árabe é o idioma oficial em 22 países, falado por mais de 250 milhões de pessoas. É também um dos seis idiomas permanentes na Organização da Nações Unidas (ONU), ao lado do inglês, francês, russo, mandarim e espanhol. A escrita árabe, que procede da aramaica, é feita da direita para a esquerda e os livros são lidos de trás para a frente. Seu sistema fonético conta com 28 consoantes e três vogais com um som longo e outro breve. 

De autoria do fundador do Setor de Estudos Árabes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alphonse Nagib Sabbagh, o Dicionário Árabe-Português tem capa dura, 768 páginas e cerca de 60 mil verbetes. O prefácio é da professora do Curso de Árabe da Universidade de São Paulo (USP), Safa Jubran. O novo dicionário é uma coedição da editora Almádena, que fica no Rio de Janeiro e é especializada em temas da cultura árabe, e da Fundação Biblioteca Nacional. Segundo o editor João Baptista de Medeiros Vargens, o autor teve a colaboração de alunos e professores do Setor de Estudos Árabes da UFRJ para elaborar o dicionário. "A obra é importante para aqueles que lidam com as duas línguas: estudantes, tradutores, diplomatas, homens de negócios", afirma Vargens.

Libanês criou Setor de Estudos Árabes da UFRJ em 1969

Divulgação/Almádena 
    
Em 2004, Alphonse Nagib Sabbagh publicou
  um dicionário do português para o árabe
Segundo o autor, Alphonse Nagib Sabbagh, a elaboração do material foi um processo árduo e trabalhoso, que teve início com a criação do Setor de Estudos Árabes da UFRJ, em 1969, e levou décadas. "Quando comecei a dar aulas, me deparei com a inexistência de métodos de ensino da língua árabe, de uma gramática ou de um dicionário bilíngue. Com muito esforço, criamos um magistério na universidade, importando livros dos países árabes e adaptando-os para as nossas aulas", recorda Sabbagh. Com a experiência acumulada, Sabbagh e equipe prepararam livros e outros guias didáticos, fundamentados na descrição das diferenças no plano sintático, morfológico e fonético das gramáticas das duas línguas. "Este procedimento ganhou mais força com a criação do curso de pós-graduação lato senso na UFRJ, quando incentivamos a elaboração de monografias que pudessem facilitar o ensino e a aprendizagem do idioma árabe", acrescenta.


Já o editor João Baptista de Medeiros Vargens destaca que o número de imigrantes árabes e seus descendente que vivem no Brasil atualmente é estimado em cerca de 12 milhões. Para se ter uma ideia da grandiosidade deste número, toda a população Portugal está estimada em 10 milhões segundo o portal de turismo do governo português. Em termos de Brasil, o número representa quase 6% de toda a população nacional, estimada em 190 milhões, segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Existem dezessete embaixadas de países árabes em Brasília e mais de 20 brasileiras espalhadas pelo mundo árabe, além de centros de estudos de cultura brasileira no Líbano, Síria e Argélia", complementa Vargens.

Os traços da cultura árabe no Brasil são mais visíveis nas esfihas e quibes, servidos em quase todas as lanchonetes do País, além dos restaurantes com culinária árabe, aulas de dança do ventre, tecidos e tapetes, entre outros. Outros aspectos culturais também foram trazidos a conhecimento do grande público pela TV Globo durante os meses de outubro de 2001 e junho de 2002, quando foi exibida a novela O Clone, filmada no Marrocos.

Nascido há 93 anos na cidade de Deir El Kamar, no Líbano, Alphonse Nagib Sabbagh é especialista no idioma árabe, além de monsenhor da Igreja Greco-Católica Melquita. No Líbano, Sabbagh estudou em uma escola onde o ensino era ministrado em francês. Também morou, entre os anos de 1938 e 1945, na França, onde estudou grego e latim. Depois morou por mais um tempo no Líbano e, então, se mudou para o Brasil, atrás da família, que havia emigrado.

No Brasil, além de se dedicar a atividades religiosas, ingressou no mundo acadêmico, primeiro na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e depois na UFRJ, onde criou o Setor de Estudos Árabes. "Meu trabalho acadêmico cultural é como o ofício de um monge. Ler, escrever, corrigir, pesquisar, rever, reescrever... É muito bonito, chega a dar grande satisfação descobrir a sutil diferença que a língua portuguesa atribui entre o significado de uma palavra e outra, especialmente pelo fato de eu não ter nascido no Brasil", disse Sabbagh, em entrevista para a editora Almádena.

Sabbagh trabalha há mais de 40 anos com lexicografia, técnica de redação e criação de dicionários, e já publicou, em 2004, um dicionário do português para o árabe, pela editora libanesa Librairie Du Liban.


* Com informações da Agência de Notícias Brasil-Árabe

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