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Publicado em: 20/04/2011
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Livro discute a escola enquanto espaço de construção da democracia

Débora Motta

 

                                    Reprodução    
 
 Livro destaca papel do protagonismo
 dos alunos no processo educacional 

A importância do diálogo entre alunos e professores para a construção de um ambiente escolar mais democrático e, consequentemente, de uma sociedade mais atuante é a tônica do livro Falatório – participação e democracia na escola (ed. Contracapa), organizado pela Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, Lucia Rabello de Castro, professora do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Elaborada a partir de uma densa experiência coletiva, desenvolvida entre 2006 e 2009 por sua equipe de pesquisa no Núcleo de Pesquisa e Intercâmbio para a Infância e Adolescência Contemporâneas (NIPIAC), a obra aborda o papel que crianças e jovens assumem na construção do ambiente escolar, sem a preocupação de delimitar fronteiras transdisciplinares.

 

De acordo com a professora, o modelo de ensino vigente tem como base uma rígida hierarquia, em que a fala dos adultos ocupa um lugar de ascendência e relevância, excluindo a possibilidade de que a fala das crianças possa ser coadjuvante no processo de transmissão educacional. Por isso, a obra destaca a necessidade de construção de novos parâmetros educacionais, a partir da participação pró-ativa dos estudantes na vida escolar. O título do livro, Falatório, é uma alusão à importância de que a voz dos alunos possa emergir nas interações sociais da escola. “Queremos compreender qual é o papel que a fala das crianças e dos jovens tem atualmente e como isso pode contribuir, em vez de impedir ou atrapalhar a transmissão do legado cultural”, explica.

 

Em suas várias etapas, o projeto envolveu a participação de cerca de 2600 crianças e jovens, 180 adultos educadores e 96 escolas (42 municipais, 29 particulares, 23 estaduais e duas federais), do município do Rio de Janeiro, principalmente, mas também de Caxias, Niterói, Nova Iguaçu e Teresópolis. “Trabalhamos com várias estratégias metodológicas, como entrevistas, observações em escolas e questionários”, conta a doutora em Psicologia pela Universidade de Londres. Ela lembra que o estudo também abordou a visão de 180 educadores sobre a participação dos alunos nas escolas.

 

Os resultados da pesquisa mostram que os estudantes se preocupam com os problemas da escola, mas a principal medida que adotam, na prática, é remeter os problemas à direção, ou seja, aos adultos. Entre as crianças participantes da pesquisa, 42,1% disseram que é pela conversa direta com autoridades que elas dão sua opinião na escola. Para os jovens, esta também foi a opção mais escolhida (39,8%). “Os resultados indicam que os estudantes percebem a escola como um espaço marcado pela hierarquia geracional, onde eles estão na posição de quem sabe menos e, portanto, pode fazer menos diante das dificuldades”, pondera.

 

A pesquisa aponta outros resultados interessantes sobre a experiência dos estudantes na escola. Apesar de cada vez mais abertos à informação trazida pelas novas tecnologias, como a internet, tanto crianças quanto jovens demonstraram ter uma visão instrumental do ensino, isto é, boa parte disse que vai à escola com o único objetivo de conseguir um emprego no futuro (60,3% das crianças e 45,9% dos jovens). Para além dos muros da escola, o levantamento contemplou a maneira como os alunos percebem a realidade do País, quais problemas sociais os mobilizam mais e como pensam a democracia brasileira.

 

Para a professora, o espaço escolar tem um grande potencial de formação de uma consciência democrática, desde que nele se conjuguem liberdade e autoridade na construção das relações entre alunos e professores. “A escola tem o papel fundamental de mostrar a importância da democracia às crianças e aos jovens. Essa noção não surgirá automaticamente na vida deles quando completarem 16 anos e aí puderem votar”, diz. Apostar na democracia, porém, é um processo longo e difícil, em que se faz necessário aprender a falar. “A democratização da escola, ainda que necessária e fundamental para estabelecer uma educação mais justa, que ajude na emancipação dos alunos, ainda está para ser construída”, conclui.

 

Participaram como coautores da pesquisa coordenada por Lucia Rabello de Castro os professores Amana Rocha Mattos, Beatriz Corsino Pérez, Camila de Carvalho Machado, Carlos Vinícius Ribeiro Almada, Conceição Firmina Seixas Silva, Felipe Bastos Gonçalves, Luana Timbó Martins, Marina Almeida Dantas, Suzana Libardi, todos pesquisadores do Núcleo de Pesquisa e Intercâmbio para a Infância e Adolescência Contemporâneas (NIPIAC).

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