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Publicado em: 17/03/2011
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Vinicius de Moraes: o poeta da vida

Vilma Homero

 
        
      Depoimentos, letras de músicas e
      fotos contam a história do poetinha

"Há alguns mortos – agregados ao nosso afeto – que ao longo do tempo deixam mais saudades do que outros. Vinicius de Moraes, por exemplo, é um desses que, trinta anos depois de sua morte, continua a me fazer muita falta." Como admite Ricardo Cravo Albin, diretor do Instituto que leva seu nome e organizador de uma série de livros que documentam a música popular brasileira, tanto a poesia quanto a pessoa afetiva que era Vinicius, ainda fazem falta a seus muitos e vários amigos.

O livro Vinicius de Moraes, lançado recentemente pelo Instituto Cultural Cravo Albin (ICCA), mostra a vida e obra de Vinicius, ilustradas por depoimentos de personalidades como o ex-ministro Celso Amorim e do ex-embaixador Affonso Arinos de Mello Franco, assim como testemunhos mais afetivos da última mulher, Gilda Matoso e da filha Luciana de Moraes, cartas aos amigos Lauro Escorel e Rodrigo Melo Franco de Andrade, letras de música – algumas fotografadas a partir de manuscritos de próprio punho –, e fotos, muitas fotos. Nelas, podemos acompanhar o registro visual de diversos momentos da trajetória do poetinha – como era conhecido por sua mania de tratar os amigos na base do diminutivo –, de cantores e compositores da época, assim como várias das capas de seus discos, além de um CD e um DVD encartados.

Os CDs, por sinal, também guardam preciosidades. Uma delas o registro de um encontro único, gravado pelo compositor Sérgio Bittencourt em fita de rolo, para seu programa na Rádio Nacional e guardada pelo pianista Everardo Magalhães Castro. Em outro, Vinicius saúda Pixinguinha, ao receber o título de Comendador da Ordem do Jazz e da Bossa. Num terceiro momento, é o próprio Pixinguinha que toca ao saxofone sua canção mais conhecida, o choro Carinhoso. Acompanhando ao piano, Tom Jobim, no que seria o único encontro entre os dois. Ou ainda, o pioneiro Ismael Silva, autor dos sambas Se Você Jurar e Antonico, além de fundador da Deixa Falar, a primeira escola de samba do bairro do Estácio, cantarolando a antológica Carinhoso.

A vida do poeta, dramaturgo, jornalista e primeiro-secretário do Itamaraty Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes, que ficaria conhecido apenas como Vinicius de Moraes, muito se confunde com a MPB. Aposentado compulsoriamente da carreira diplomática em abril de 1969, pelo Ato Institucional n 5, o temível AI 5, ele pensou a princípio em exilar-se na Europa, para onde já haviam partido os amigos Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, além de inúmeros intelectuais perseguidos pelo regime. Termina resolvendo ficar. Eram tempos difíceis, os chamados anos de chumbo da ditadura militar. Na época, como conta Cravo Albin, "ferido com aquele afastamento, sua produção musical cai verticalmente; grava apenas uma única composição em 1969. Em contrapartida, volta a escrever, a fazer crônicas, a trabalhar para jornais".

Tudo isso, no entanto, dura somente até descobrir um novo parceiro, Toquinho, violonista de São Paulo e amigo de Chico Buarque. Animado com o encontro, logo Vinicius voltaria a compor sucessos populares, entre eles Samba da Rosa e Na Tonga da Mironga do Kabuletê. "Esse último, de título indecifrável, escondia um protesto solitário do poeta à censura, à repressão política e à sua própria aposentadoria do Itamaraty. Segundo confidenciaria à boca pequena aos mais íntimos, a expressão em nagô significava alguma coisa como ‘vão todos à m...’."

Nome de rua em Ipanema, depois que a música feita com o parceiro Tom Jobim – Garota de Ipanema – se tornou conhecida praticamente no mundo inteiro, como um dos hinos da bossa nova, ele era também conhecido pelo gosto à boêmia, ao uisquinho e ao amor. Romântico incurável, suas amadas foram fonte inesgotável de inspiração para inúmeras músicas. Quando tu passar por mim, por exemplo, foi escrita para a mulher Tati de Moraes, de quem começava a separar-se, enquanto Poema dos olhos da amada, teve como musa Lilá Bôscoli, objeto de sua nova paixão, à época. Para Maria Lúcia Proença, escreveu Para viver um grande amor. Durante o casamento com a baiana Gesse Gessy, ele cria Tarde em Itapoã.

Para Cravo Albin, além de ser mais um registro da história de Vinicius, o livro também celebra sua promoção post-mortem ao cargo de embaixador da Rebública, em cerimônia realizada no Itamaraty, em outubro de 2010, 30 anos depois de sua morte. "A cerimônia aconteceu poucos meses depois de sua promoção, para a qual o ICCA muito lutou durante dois anos seguidos, fazendo inclusive um abaixo-assinado com centenas de nomes, que foi enviado ao presidente Lula." Tudo isso comemora a importância  do poeta, que, nas palavras do diretor do ICCA, "foi não apenas o maior poeta lírico de seu tempo, mas, e sobretudo, um dos pais da bossa nova e o pai de tantos de seus memoráveis parceiros, como Lyra, Tom, Chico, Edu e tantos outros".

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