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Publicado em: 28/11/2003
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O DNA da verdade

As mães de Acari, assim como outros parentes de pessoas desaparecidas no Brasil, terão nova esperança de saber o destino de seus familiares. Em janeiro de 2004, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), com o apoio da FAPERJ, criará o primeiro centro nacional ligado ao Programa Fênix, que usa amostras de DNA para localizar desaparecidos. Criado por pesquisadores da Universidade de Granada, na Espanha, o projeto já permitiu que 42 ossadas fossem reconhecidas e enterradas por suas famílias no país.

O programa baseia-se na criação e no cruzamento de dois bancos de dados genéticos: um com amostras de DNA de familiares de desaparecidos e outro com informações coletadas a partir de restos mortais de pessoas não identificadas. Em janeiro, o Laboratório de Diagnóstico por DNA da Uerj começa a cadastrar familiares de desaparecidos e catalogar suas amostras de DNA para futuras comparações com ossadas não-identificadas.

O anúncio foi feito durante o II Simpósio Internacional de Identificação Humana por DNA, realizado em 27 e 28 de novembro na Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, no Fórum da Cidade. Segundo o professor Elizeu Fagundes de Carvalho, coordenador do evento e professor da Uerj, no futuro, os bancos de dados poderão ser cruzados internacionalmente, aumentando a chance de se obter resultados positivos. “O trabalho desenvolvido pela Uerj servirá para que não caiam no esquecimento e se tornem insolúveis casos como o das Mães de Acari”, afirmou Elizeu de Carvalho.

 

O Laboratório de Diagnóstico por DNA da Uerj, apoiado pela FAPERJ, é um dos pioneiros do Brasil na aplicação da tecnologia. Mas a inexistência no país de uma legislação específica na área e a falta de convênio entre laboratórios e secretarias de segurança pública dificultam o uso dos testes em investigações criminais. A falta de legislação também impossibilita a criação de um banco de dados de DNA.

 

O pesquisador José Lorente Acosta, do Laboratório de Identificação Genética da Universidade de Granada, na Espanha, contou que até julho de 2003 mais de 1.880 famílias entraram em contato com o Programa Fênix e 591 solicitaram análises. Foram coletadas 876 amostras, 430 cadáveres foram exumados e 290 já foram analisados. Destes, 42 tiveram identificação positiva e puderam ser enterrados com seus próprios nomes. Além da Espanha, o programa já funciona na Califórnia e no Texas, nos EUA. A idéia é expandi-lo para países da América Latina, principalmente. China, Rússia, Filipinas, Tailândia e Austrália já entraram em contato com os espanhóis demonstrando interesse em utilizar o método.

Brasil terá cinco centros de ensino e pesquisa em genética forense

No evento, o coordenador de Planejamento Estratégico da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Edson Wagner Barroso, anunciou a instalação de cinco grandes centros regionais de ensino, pesquisa e desenvolvimento de tecnologia em genética forense. O projeto prevê investimentos de R$ 6 milhões. Os centros serão no Rio, Maceió, Manaus, Distrito Federal e Porto Alegre.

 

O representante do Instituto de Medicina Social de São Paulo, Jonas de Almeida Brito, descreveu as perícias médicas realizadas pela instituição: aplicação da metodologia de testes do DNA para casos de paternidade, paternidade com pai falecido, paternidade com presença de filho e suposto pai, maternidade e troca de crianças na maternidade.

 

Já o Franklin Rumjanek, do Laboratório Sonda, da UFRJ, abordou as evidências biológicas aceitas em testes de DNA, como sangue, cabelo, sêmen, saliva, ossos e tecidos humanos. Ele traçou um histórico da utilização do material genético, lembrando o assassinato da esposa do ex-jogador de futebol americano O. J. Simpson, marco histórico que tornou público o poder de análise do DNA nos tribunais pela repercussão que obteve na mídia. Na época, uma mancha de sangue comprovou a culpa do astro no crime.

 

Pesquisa realizada pela Applied Biosystems e pelo Laboratório de Diagnóstico por DNA da Uerj mostrou que, de 2002 para 2003, testes de DNA ajudaram a solucionar 25% a mais de crimes sexuais no país. “A mentalidade de se fazer testes genéticos está sendo criada”, afirma Elizeu Carvalho. No Brasil, só 35% dos crimes são resolvidos, enquanto nos EUA a percentagem é de 70%.

 

Além da solução de crimes, os testes de DNA também foram importantes para o país na identificação dos mortos do atentado contra as Torres Gêmeas em Nova York. Hoje é possível fazer exames com quantidades mínimas de material. Segundo Bruce Budowle, os exames também ajudam a descobrir a procedência de micróbios usados no bioterrorismo. “O DNA informa se o micróbio causa doenças, se é natural ou se foi biologicamente modificado em laboratório e até sua origem”, afirmou Budowle. Ele acrescentou que os EUA investirão US$ 1 bilhão no setor em 2004.

Duas células, dez minutos e descobre-se o homem

Uma nova tecnologia apresentada no simpósio é capaz de identificar o DNA masculino (cromossomo Y) em apenas dez minutos, usando uma quantidade mínima de material coletado. Segundo Arthur J. Eisenberg, da Universidade do Norte do Texas em Fort Worth, o Real Time PCR verifica se há inibidores no material que afetariam sua qualidade sem desperdiçá-lo. “Todos pensam que quanto mais DNA melhor, mas com o novo método supersensível isso não é verdade. Com apenas poucas células – até duas – é possível identificar quanto DNA e quanto DNA masculino existe numa amostra”, disse Eisenberg. De acordo com ele, a técnica é ideal para se desvendar casos de estupro.

 

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