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Publicado em: 01/10/2010
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Novo laboratório ajuda a impulsionar tratamento e diagnóstico do câncer no País

Vinicius Zepeda

Divulgação/UFRJ

    
     No Laboratório de Nanorradiofármacos, Ralph Santos-Oliveira (segundo
       à esquerda) orienta alunos no desenvolvimento de suas pesquisas
Há tempos o combate ao câncer conta com os radiofármacos, substâncias que contêm um elemento radioativo de extrema importância tanto para diagnóstico quanto para tratamento de tumores. Na América Latina, o Brasil é o maior produtor destes produtos. Em setembro, o setor ganhou novo impulso, com a inauguração, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), de dois projetos pioneiros no País e na América Latina: um laboratório para produção desses medicamentos em escala nano (o equivalente a um milionésimo de milímetro), os chamados nanorradiofármacos; e um Escritório de Farmacovigilância de Radiofármacos. Ambos estão sob a coordenação do farmacêutico Ralph Santos-Oliveira, especialista em radiofarmácia e pesquisador do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN) e do HUCFF, e contam com o apoio do programa de Auxílio à Pesquisa (APQ1) da FAPERJ.

Ralph Santos-Oliveira explica que o Laboratório de Nanorradiofármacos é o único do País com estrutura física para trabalhar a matéria radioativa em escala nano. "Por essa dosagem bem menor, os novos compostos expõem o organismo a menos radiação", fala Santos-Oliveira. E acrescenta: "Além disso, atingem o tumor com maior precisão e, portanto, com menor risco de afetar órgãos sadios próximos." Apesar de inaugurado há pouco tempo, o laboratório conta com uma equipe de pesquisadores que já desenvolve estudos conjuntos com dezessete instituições de ensino e pesquisa do Brasil e do exterior. "Atualmente, temos oito alunos, divididos em pesquisas de doutorado, mestrado e iniciação científica, além de dez especialistas atuando como colaboradores", afirma.

Um desses estudos, em parceria com pesquisadores do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da UFRJ, está voltado para o desenvolvimento de um composto de samário-157 (Sm). "É comum que casos de câncer de mama ou de próstata evoluam para câncer ósseo. Quando isso acontece, entre os sintomas há a chamada síndrome incurável do câncer ósseo, que provoca dores fortíssimas e como o próprio nome diz, não tem cura. O tratamento, nesse caso, consiste em reduzir as dores no paciente com o uso de morfina ou com a secção do nervo periférico do paciente, que, se não eliminam totalmente a dor, reduzem-na substancialmente", explica o farmacêutico. "Porém, o uso do Samário-157 é ainda mais eficaz. Uma única nanopartícula atingirá melhor o órgão afetado", acrescenta. Santos-Oliveira acredita que o produto deva estar disponível no mercado em cerca de dois anos.

Com a ajuda de especialistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), também estão desenvolvendo três compostos diferentes. O primeiro é a chamada Teosfera, que consiste em nanopartículas com paredes duplas (uma parede protegendo outra) que tem no seu interior uma substância de interesse e no seu exterior insere-se, pelo processo de marcação, o elemento radioativo tecnécio-99m (Tc-99m). O segundo é a nanopartícula, de parede única, que assim como na primeira tem no seu interior uma substância de interesse e na sua cobertura, se insere, pelo processo de marcação, a substância radioativa tecnécio-99m. A diferença entre uma e outra está relacionada ao tipo de substância a ser inserido no interior da teosfera ou da nanoparticula. Em ambos os casos a inserção do Tc-99m permite avaliar sua biodistribuição assim como transforma os nanocompostos em nanorradiofármacos. "Os dois medicamentos podem, ser utilizados em exames de cintilografia, que servem para acompanhar a ação de rádiofármacos em órgãos afetados pelo câncer", explica Santos-Oliveira.

O terceiro composto é a nanocápsula de hólmio-165 (Ho), que podem ser empregadas tanto para diagnóstico quanto para o tratamento de tumores. "Num reator nuclear, o hólmio-165 (Ho), que não é radioativo, vira hólmio-166 (Ho), que emite a radiação gama que costuma ser utilizada nos exames de cintilografia. Além de ser um emissor gama o hólmio-166 (Ho) tem propriedades paramagnéticas e assim pode ser utilizado também em ressonância magnética nuclear", ensina Santos-Oliveira. "O hólmio-166 (Ho) emite ainda radiação beta, que pode ser empregada no tratamento de tumores", completa. Os medicamentos já estão prontos para testes em animais.

Sob a orientação de Ralph Santos-Oliveira, a farmacêutica Alessandra Fusco está iniciando um estudo para criar nanocompostos com pequenos fragmentos artificiais de DNA ou RNA criados para aderir a uma molécula particular, celular ou organismo – os chamados aptâmeros – que, marcados com tecnécio-99m (Tc-99) e Rênio-188 (Re), se transformam em nanorradiofármacos. O trabalho, que está contando com a colaboração de pesquisadores da Universidade Aberta de Londres, também conta com apoio do programa de Auxílio à Pesquisa (APQ1), da FAPERJ. "Estes medicamentos são bastante eficientes contra o câncer de pulmão e de próstata", explica Santos-Oliveira.

Novo escritório agregará qualidade a medicamentos

Já o caso do Escritório de Farmacovigilância de Radiofármacos, segundo Santos-Oliveira, veio como resposta à completa ausência de estudos no gênero na América Latina. "Os portadores de câncer tomam muitos medicamentos por dia e os radiofármacos são um dentre tantos. Mas não sabemos verdadeiramente quais seus reais benefícios, ou quais as contra-indicações quando eles entram em contato com outros medicamentos e com o tipo de alimentação do brasileiro", fala Santos-Oliveira. Ele explica que todos os estudos sobre o assunto vêm da Europa e dos Estados Unidos, que têm realidades culturais distintas da nossa. "Com este projeto, esperamos agregar qualidade a nossos medicamentos", complementa.

Nos dias 23 e 24 de setembro, uma reunião com representantes das dezessete instituições participantes junto ao Ministério da Saúde, em Brasília, serviu para determinar os radiofármacos que serão estudados. Durante a reunião com representantes dos principais hospitais do país, realizada em São Paulo, ficou decidido a inclusão de todos os radiofármacos em uso atualmente no Brasil. Dessa forma tanto radiofármacos usados em terapia assim como os radiofáramcos usados em diagnósticos serão avaliados.

No Rio de Janeiro, os pesquisadores ligados ao Hospital Universitário Clementino Fraga Filho estão avaliando os radiofármacos em uso, com destaque para os voltados para câncer renal e ósseo, os mais empregados. Já os representantes das dezessete instituições ligadas ao Escritório de Farmacovigilância vão avaliar todos os radiofármacos em uso atualmente em uso no País. "O assunto ficou decidido durante uma reunião realizada em São Paulo, em setembro, com representantes dos principais hospitais do país", explicou Santos-Oliveira. "Dessa forma, tanto aqueles usados em tratamento quanto os utilizados em diagnóstico serão avaliados", acrescentou.

A repercussão do novo escritório já chamou a atenção de autoridades da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas, escritório regional da Organização Mundial da Saúde para as Américas). "A Opas discutiu a utilização do modelo de estudos que faremos em nosso escritório para ser implantado em todos os países da América Latina, tendo o Brasil como líder nesse processo", conclui o coordenador do projeto.

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