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Publicado em: 19/08/2010
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Fábrica recém-inaugurada produz óleo natural de maracujá

Vilma Homero

 Divulgação          

   
    Visitantes comemoram a inauguração da fábrica, que 
      significa emprego e renda no noroeste fluminense

O Brasil é um dos grandes produtores mundiais de maracujá. Mas 70% da fruta – o que significa dizer cascas e sementes – são descartados depois do aproveitamento da polpa pela indústria de suco. Mesmo esse resíduo pode ser aproveitado. Suas sementes podem servir como matéria-prima para extração de óleos para uso na indústria de cosméticos. Um projeto com essa finalidade uniu em parceria a empresa Extrair Óleos Naturais, Embrapa e Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf). Com recursos do edital Inovação Tecnológica da FAPERJ, foi instalada uma primeira unidade em Bom Jesus do Itabapoana, no noroeste fluminense.

A extração de óleos naturais não é novidade. No caso do maracujá, no entanto, as sementes são bastante sensíveis à deterioração por processos de fermentação, o que costuma resultar em óleo de baixa qualidade. Para evitar que isso aconteça, estudos na Uenf e na Embrapa desenvolveram um equipamento específico para lavagem e secagem das sementes. "Essa foi uma das inovações que introduzimos no processamento", afirma Sérgio Cenci, pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos e coordenador da pesquisa. Ele explica que o trabalho começa com a separação de cascas das sementes. "Isso é feito por ocasião da extração do suco na indústria. O tratamento dessas sementes (lavagem e secagem) deve ser feito o mais rapidamente possível. O ideal é que seja feito ainda na própria unidade industrial de produção de suco", diz.

No caso da Extrair, de Bom Jesus de Itabapoana, a fábrica foi montada em proximidade às indústrias de suco, o que já facilita essa logística. Ao chegar, a matéria-prima é separada e logo entra no processo de lavagem. "Essa etapa é importante porque as sementes vêm envoltas em mucilagem, uma espécie de película que as recobre e que precisa ser retirada durante essa fase. Essa mucilagem, que é rica em pectina, pode, inclusive, ser também aproveitada na indústria de alimentos. É uma substância que serve para dar consistência cremosa a certos alimentos, como geleias", explica Sérgio.

 Divulgação
 
 Sandro Reis (esq.), da Extrair,
 e Sérgio Cenci, da Embrapa   

O equipamento substitui a lavagem feita manualmente. Resultado de projeto que uniu pesquisadores da Embrapa e da Uenf, a máquina foi especialmente desenvolvida para reduzir o tempo e tornar tudo mais eficiente. Para tanto, usa água aquecida, a que são acrescentados solventes para agilizar o processo. "Com isso, além de uma lavagem mais rápida, também conseguimos reduzir substancialmente a quantidade de água utilizada", fala Sandro Reis, um dos sócios da recém-inaugurada empresa Extrair.

Na etapa seguinte, as sementes já lavadas passam para a secagem. "Ajustamos os parâmetros de temperatura para não prejudicar a qualidade na extração do óleo que será feita a seguir", explica Sandro. Na extração, feita por prensagem, a prensa, que é regulável, é semelhante à usada para retirada de óleo de sementes girassol ou pinhão-manso, matéria-prima para produção de biodiesel. Depois de passar por uma filtragem, o óleo obtido já está pronto para ser embalado e transportado.

"Em todo o processo podemos destacar dois problemas. As sementes, que chegam podem fermentar quando são estocadas em condições inadequadas; por outro lado, o óleo já extraído, que é instável, também requer cuidados tanto na estocagem quanto no transporte para manter a qualidade. Caso contrário, ele pode oxidar", explica Sandro. Essa questão vem motivando novas pesquisas. Os pesquisadores da Embrapa e da Uenf agora estudam métodos de para evitar a oxidação e manter a qualidade do óleo.

Sérgio Cenci explica que da fruta propriamente dita, apenas 30% formam a polpa aproveitada pela indústria de suco. "Dos restantes 70% de cascas e sementes, a maior parte é formada por cascas, que somam 58%. Apenas 12% são sementes. Essas sementes brutas (semente úmida mais a mucilagem), depois de lavadas e secas reduzem-se à 5% da massa total", esclarece. Em números, isso significa que no processamento de 10 mil toneladas de frutas para a indústria do suco, as 7 mil toneladas de resíduos resultarão em apenas 5% de sementes secas, ou 350 toneladas. Essas sementes secas produzirão 25% de óleo, ou 87,5 toneladas. "A preços entre R$ 20 a R$ 30 o quilo do óleo, é sempre um aproveitamento interessante", diz o pesquisador.

É uma atividade rentável, pensada para se tornar economicamente viável em pequenas unidades – a de Bom Jesus emprega 10 pessoas – e atender à demanda por reutilização de resíduos hoje descartados. "Assim, ao produzirmos óleo de ótima qualidade, estamos gerando valor agregado a um material que, de outra forma, seria descartado. E esse modelo de unidade pode ser reproduzido junto a fábricas da própria indústria de suco, gerando novos empregos na região e renda, sem grandes custos adicionais", conclui.

O Brasil produz cerca de 85% do maracujá colhido no mundo. Praticamente toda a produção do maracujá brasileiro – algo em torno de 500 mil toneladas – alimenta a indústria do suco, que é o terceiro mais consumido no país, atrás apenas do de laranja e de caju. Produção que vem crescendo nos últimas duas décadas e ampliando as áreas de cultivo da fruta.

A Empresa Extrair Óleos Naturais foi inaugurada no dia 14 de agosto, durante as comemorações pelo aniversário da cidade de Bom Jesus do Itabapoana. Na solenidade, estiveram presentes o diretor-presidente da FAPERJ, Ruy Garcia Marques, e seu chefe de gabinete, Roberto Dória. Em seu discurso, Ruy Marques, que também é bonjesuense, falou: “A diversificação na distribuição de recursos que a FAPERJ vem realizando tem permitido o incremento de muitas pequenas empresas, em todas as regiões do estado, gerando oportunidade de empregos e a conseqüente fixação da população em seu local de origem. Dessa forma, tem contribuído para o desenvolvimento econômico e social de muitos municípios”. Marques também aproveitou para anunciar, ainda para este ano, o lançamento de nova versão de edital para Apoio a Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica, além de um novo edital para Apoio à Inovação Tecnológica na Área de Design, este em parceria com Firjan e Sebrae. Além de participarem da inauguração da Extrair, Marques e Dória realizaram visita de acompanhamento a vários outros projetos que vêm sendo desenvolvidos no município, com o apoio da FAPERJ.

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