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Publicado em: 29/07/2010
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Evento na UFF busca aproximar educação do uso de novas tecnologias

Vinicius Zepeda

Nos últimos anos, a popularização do uso dos computadores, da internet e das novas tecnologias tem levado a uma série de mudanças nas relações entre as pessoas e na forma de ver e pensar o mundo. Assim, tornar o processo educativo cada vez mais próximo da realidade em que vivemos passa a ser um dos grandes desafios da atualidade. Para debater e buscar soluções para esta questão, sociólogos, educadores e pesquisadores do Brasil e de diversas outras partes do mundo estarão reunidos, de 9 a 12 de agosto, no III Congresso Internacional Cotidiano Diálogos sobre Diálogos. O evento, que acontece no campus Gragoatá, da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, conta com apoio da FAPERJ.

O III Congresso está sendo organizado pelo Grupo de Pesquisa Alfabetização dos Alunos de Classes Populares (Grupalfa), coordenado pela pedagoga, professora e pesquisadora da UFF Regina Leite Garcia. Criado em 1986, é um grupo interinstitucional, composto por professores e pesquisadores da UFF e de diversas outras universidades do estado, que estuda e organiza cursos e especialização de professores, visando buscar formas de desatar os nós que dificultam, ou mesmo impedem, a alfabetização de crianças e jovens de classes populares. "Há um enorme desencontro entre as lógicas dos negros, indígenas e moradores de comunidades de baixa renda e a que eles aprendem na escola. Eles tendem a se manter sempre subalternos, como vítimas da sociedade, e acabam mantendo a situação de pobreza em que vivem seus pais. O fracasso é sempre deles", explica Regina. "Os professores precisam vivenciar e entender mais os saberes que estes jovens e crianças trazem consigo", acrescenta.

Regina Garcia explica como funcionará o congresso. "A parte da manhã, haverá apresentação de mesas de diálogos para debater temas como formação de professores num mundo em crise, currículo, avaliação, meio ambiente e sustentabilidade, políticas afirmativas, índices nacionais de avaliação do ensino, livro papel - livro digital, entre os muitos desafios da escola", afirma. A parte da tarde será reservada para a apresentação de pôsteres e trabalhos entre os mais de 600 inscritos, selecionados por temas. "Até o momento, mais de mil pessoas já se inscreveram para participar do evento", diz a pesquisadora.

A moçambicana Maria Paula Meneses fará a conferência de abertura, falando sobre Epistemologias do Sul, tema que também aparece no livro escrito por ela e pelo sociólogo Boaventura Santos. "A publicação discute o fato de que a história contada nos livros em geral parte do ponto de vista de que a civilização começou com os colonizadores europeus, mas esquece que, antes de eles chegarem às regiões do sul do planeta, já existiam várias civilizações por aqui", afirma Regina. "Os autores defendem que devemos começar a olhar o conhecimento sobre o que acontece no sul para melhor entender o que acontece na América do Sul, onde a escola de todos os níveis tem sido eurocêntrica, apresentando a Europa como centro do mundo. Ou seja, a escola conta uma história mal contada sobre a América Latina", complementa.

A coordenadora do III Congresso Internacional Cotidiano Diálogos sobre Diálogos ainda destaca a falta de adequação dos espaços escolares aos novos tempos, exemplificada pelo pesquisador Gunther Kress, da Universidade de Londres. Suas pesquisas chamam a atenção para a diferença entre a forma de entender o mundo de pais e professores em comparação à de crianças e adolescentes de hoje e das futuras gerações, que utilizam o computador desde pequenas e, com isso, desenvolvem uma inteligência formada pela lógica da imagem, diferente das gerações anteriores. "Basta ver os jovens das comunidades de baixa renda. Muito mal sabem ler e escrever, mas utilizam os computadores das lan houses com extrema facilidade", explica Regina. "Este jovem chega ao colégio identificado com a imagem, não consegue acompanhar o raciocínio do professor escrevendo no quadro-negro, ditando e explicando aos alunos. Com isto, esses jovens acabam abandonando a escola e mantendo na situação de pobreza de seus pais", acrescenta.

Outro ponto a ser debatido no evento será o papel do erro no aprendizado escolar. Nesse sentido, Regina Garcia explica que o aprendizado é uma via de mão dupla, em que o professorao mesmo tempo ensina e aprende com o aluno. "O erro é a possibilidade de apresentar uma resposta diferente daquela que o professor espera. Caso o aluno aprenda, significa que o caminho que ele escolheu é o ideal, mas se ele encontra dificuldades, muitas vezes significa que o professor precisa encontrar um outro caminho para tornar claro aquele conhecimento a seus alunos", explica.

O pesquisador mexicano Guilhermo Orozco fará a conferência de encerramento, falando sobre o uso de novas e velhas tecnologias na escola. "Nesse ponto, cabe destacarmos a questão do livro digital, que tem entrado no mercado e nas casas dos alunos. Os professores têm que estar preparados para lidar com essa nova mídia", explica Regina. Ela ainda espera que o evento contribua para a melhora da qualidade da escola. "O intuito final desse evento é colocar em pauta as grandes questões do mundo atual e como a escola pode e deve fazer para se atualizar", conclui.

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