Vilma Homero
Divulgação |
Sob a luminescência do luminol, vestígios de sangue ficam visíveis em equipamentos, |
Como um eficiente detector de sangue, o luminol – cuja rota de síntese foi desenvolvida no Laboratório de Síntese e Análise de Produtos Estratégicos (Lasape), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com apoio do edital Rio Inovação 2008, uma parceria FAPERJ/Finep – é uma substância que produz uma reação de quimiluminescência que dispensa o uso de luz ultravioleta. "Sua sensibilidade química permite identificar manchas de sangue em uma proporção que vai até 1:1.000.000, mesmo em superfícies extremamente lisas, como as de azulejos, pisos cerâmicos e madeira que já tenham sido exaustivamente lavados", diz Richard Kessedjian, diretor da Alfa Rio Química, empresa sediada em Caxias e responsável pela produção em escala industrial da substância.
Lançado há apenas 15 dias e produzido com matéria-prima inteiramente nacional, o luminol brasileiro – que, na verdade, tem nome comercial de Alfa Luminox – apresenta grandes vantagens em relação a seu similar importado. "A luminescência é três vezes maior, o que foi comprovado em ensaios comparativos, realizados no CSI Miami, da Polícia de Miami, nos Estados Unidos. Também não apresenta qualquer toxicidade e até tem sido indicado como identificador de hemorragias em ratos, segundo um artigo científico publicado pela revista, Nature Medicine em 2009", diz Kessedjian. O produto já vem sendo comercializado para órgãos policiais dos estados do Rio Grande do Norte, Paraná, Minas Gerais e São Paulo, e seu preço é metade do que custa o importado.
Mas se seu uso já está consagrado na área forense, seus produtores começam a investir em outras aplicações, como algumas das tecnologias desenvolvidas no Lasape, da UFRJ. A empresa já tem até outro alvo: o dos acidentes aéreos. A partir da notícia de que, por algum estranho fenômeno, uma grande concentração de bactérias Vibrio harveyi, na costa da Somália, emitia radiação luminosa capaz de ser captada por satélites de meteorologia, os pesquisadores logo desenvolveram essa nova aplicação.
"Da mesma forma, podemos usar a luminiscência do produto, que seria armazenado em sacos de polipropileno de alta densidade no interior de aeronaves, embalagens que, em caso de grande impacto, liberariam o produto que, durante 30 minutos, se espalharia, produzindo a reação quimiluminescente azul por tempo suficiente para ser localizado por satélites", explica Kessedjian. Segundo ele, isso não só facilitaria o trabalho de localização, como poderia significar maior rapidez no resgate de possíveis sobreviventes, especialmente em locais inóspitos e de difícil localização por radares, como no oceano atlântico e na floresta amazônica. "Estamos buscando aplicações em áreas de interesse ao desenvolvimento econômico industrial do estado do Rio de Janeiro", acrescenta.
"O luminol também pode ser empregado, por exemplo, como reagente em determinados tipos de exame para determinar a presença de sangue oculto nas fezes (PSO). Isso contribui para o diagnóstico de certas doenças, como o câncer gástrico." Os exames realizados a partir do protocolo de teste foram bastante satisfatórios, já que o luminol mostrou maior sensibilidade em indicar a presença de sangue no filme do exame, sem ser tóxico para os analistas do laboratório, em comparação a outras substâncias hoje empregadas, consideradas com potencial cancerígeno. Por tudo isso, Kessedjian acredita que o Alfa Luminox tem tudo para conquistar uma vasta clientela nacional e, quem sabe, também de outros países. "Se depender de versatilidade e eficácia, o luminol é um produto de sucesso", conclui Kessedjian.
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